domingo, 12 de abril de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Para acompanhar
O jogo aberto pela Grécia – ao cobrar da Alemanha uma dívida causada pela invasão/ocupação do país na Segunda Guerra – despertou a atenção dos analistas. Mais atenção ainda pelo simples fato de que a iniciativa pode desencadear outras.

Não bastasse, põe em cheque o próprio sistema especulativo comandado/controlado pela Alemanha na Europa.

De certa forma, a Grécia  ao apresentar uma conta de 278,7 bilhões de euros  acuou a Alemanha abrindo o velho baú das responsabilidades causadas pela eclosão da guerra, indenizadas em outros instantes e beneficiando outros países.

A Alemanha fica sob pressões. E caso renegue a dívida abrirá a possibilidade de a Grécia simplesmente utilizar o argumento para não pagar a que lhe atribuem. Afinal, muito mais legítima a pretensão  reconhecida em outras circunstâncias em relação a outros países – que a conta cobrada, baseada em agências de risco, sempre a serviço da especulação financeira.

Recuperando o tempo perdido
A reaproximação entre Cuba e Estados Unidos amadureceu na Cúpula das Américas, no Panamá. Para dimensionarmos o fato, lá estavam reunidos todos os 35 chefes de Estado integrantes da Cúpula.

O capitalismo estadunidense – que comanda qualquer governo por lá, republicano ou democrata – não pode se dar ao luxo de entregar um espaço potencialmente promissor a outros atores mundiais, especialmente China e Brasil, que já puseram os pés em Cuba.

O isolamento imposto pelos EUA a Cuba desfaz-se e a inexorabilidade da realidade – sob a ótica da geopolítica empresarial – exige urgente recuperação do tempo perdido.

Que começa com a retirada de Cuba da lista de países que abrigam o terrorismo. 

Não fora o encontro entre Obama e Castro, o primeiro em quase 60 anos entre dirigentes dos dois países, quando Eisenhower encontrou-se com Fulgêncio Batista em 1956.




“Dai a César...”
A presidente Dilma Rousseff ao delegar poderes ao vice Michel Temer não fez somente uma jogada no xadrez político. Também delegou ao PMDB resolver os problemas causados pelo próprio PMDB. Em outras palavras: ao PMDB de Temer a responsabilidade de controlar/sustar os danos causados pelo PMDB de Eduardo Cunha.

Para análise do leitor: Michel temer assume funções da extinta Secretaria de Relações Institucionais como – dentre outras – a de nomear quase a totalidade dos cargos do segundo escalão do Governo Federal e a priorização dos recursos do Orçamento da União às prefeituras.

Nas prefeituras estão as bases eleitorais de todos os deputados. Um canal permanente de diálogo com parlamentares, hoje sob o condão de Eduardo Cunha.

Sendo o partido dos problemas de Dilma a ele a solução cabe. Dai ao PMDB o que é do PMDB...”.


Um aninho!
Que lindo! Um aninho de Gilmar Mendes segurando a picaretagem do financiamento privado de campanha.

Ainda que não estivesse a prevaricar (art. 319, do Código Penal) evidentemente desafia Resolução do STF, a sociedade e os seis pares que já condenaram o financiamento privado.

Simplesmente zomba de todos!


Falando pelos cotovelos
No instante em que propostas bizarras vêm à tona – ferindo a plenitude de um Estado de Direito – membros do MPF (dentro da tônica do matar a rês para curá-la do berne) estão a de propor ao Congresso a modificação do CPP para inserir a prova ilícita (aquela obtida sem autorização judicial ou por meios que só Deus sabe como) e juízes clamam por prisão antecipada como solução para crimes graves.

É que os juízes Sérgio Moro e Antônio César Bochenek defendem prisão definitiva antecedente à condenação.

E pedindo apoio
O que mais estranha em relação a quem fala pelos cotovelos é a mais recente investida de algumas figuras do MPF: pedem apoio à mídia para que a apuração nãos se dilua na Justiça.

Cheira a quem fez coisa errada (e sabemos que o há).

Em declaração ao jornalggn.com.br pontuou o jurista Celso Antônio Bandeira de Melo: 

“Está evidente que este processo [Lava Jato] está coberto de erros e imprudências jurídicas. Eu apontaria desde logo o erro de querer transformar prisões preventivas em instrumentos de coação para que indivíduos submetidos a condições desumanas tentem se livrar disso por meio da delação premiada. O instituto da delação premiada não é isso! Esse juiz Moro me parece um homem muito pouco equilibrado. Não está se comportando como um juiz. Está se comportando como um acusador”.

Outro jurista, Luiz Flávio Gomes, ao mesmo GGN, não deixa por menos:

“Quem faz tudo dentro da lei não precisa de apoio da mídia. O juiz não tem necessidade de apoio popular ou midiático. O juiz existe para cumprir os preceitos da lei e acabou."

Belluzzo e a (des)Constituição
A propósito, de Luiz Gonzaga Belluzzo (A proposta de Moro), na Carta Capital: 
...
Nada pode ser mais trágico para uma sociedade enredada na malha das relações mercantis e da diversidade de interesses do que a invasão da vingança particularista na prestação da justiça. No Brasil, essa forma deformada da aplicação da norma abstrata e impessoal denuncia a capitulação dos órgãos encarregados de vigiar e punir aos ditames da sociedade-espetáculo. Os brasileiros de todas as classes assistem – uns embevecidos, outros atônitos – ao espetáculo da Justiça ou às façanhas da Justiça-Espetáculo.

As relações promíscuas entre as autoridades judiciais e a mídia colocam os cidadãos brasileiros diante da pior das incertezas: a absoluta imprecisão dos limites da legalidade. As garantias da publicidade do procedimento legal são, na verdade, uma defesa do cidadão acusado – e ainda inocente – contra os arcanos do poder, sobretudo das predações do poder não eleito. Pois essas conquistas da modernidade, das quais não se pode abrir mão, vêm sendo pisoteadas por quem deveria defendê-las. Ocultam à sociedade, em cujo nome dizem agir, a dedicação com que laboram para tecer a corda em que enforcarão as garantias individuais. É comum e corriqueira entre nós a transformação das prerrogativas funcionais em privilégios individuais e pessoais.

Interessante
Significativamente interessante saber-se que o COAF-Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, órgão incumbido de fiscalizar o trânsito de recursos financeiros para 'Prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre os Setores Público e Privado'. tenha se utilizado do HSBC para orientá-lo.

A denúncia de Antônio Barros circulou no GGN, onde afirma que em 2011 o HSBC ministrou Treinamento Especial em Inteligência Financeira

Cabe aplicar a sabedoria popular: o galinheiro cuidado e orientado pela raposa.


O perigo
Assanhada a classe trabalhadora contra a PEC da Terceirização. Tem razão. Nada poderia significar se não fosse defendida justamente por empresários e afins, com larga representação no Congresso.

Mas o que deveria assanhar – e assustar – é o fato simples de que o andamento de tudo que pode derrubar conquistas históricas da classe trabalhadora tenha sido disparado por iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

É que a força de Cunha é a força dos lobbies do poder econômico (empresarial, bancário e agropecuário). Tudo sustentado em bancada que controla porque a montou, ajudando-a financeiramente com dinheiro alheio (do empresariado).

Mordacidade
Paulo Henrique Amorim tem sido dos mais mordazes jornalistas na atualidade. Dia desses – criticando matéria de O Estado de São Paulo, em que pedia autonomia para a Polícia Federal – lembrou PHA que autonomia é o que não falta a PF (que ele denomina de “PF do Zé”, em razão da incompetência gerencial do atual Ministro da Justiça sobre a instituição que a ele está subordinada). Autonomia para fazer e não fazer. O seja, faz o que quer, quando quer e como quer. E ilustrou:

"- só descobre tucano morto na Lava Jato (o Anastasia, coitado, é o bode expiatório);

- a PF não sabe quem é o dono do jatinho em que a Bláblá (assim PHA denomina Marina Silva) pegava carona;

- ignora a relação da cocaína do helicóptero com grupos políticos associados ao Machão do Leblão".

Tem sobejas razões o PHA.

Aprendizado
Dia desses encontramos na rede um comentário que nos chamou a atenção: “Há muito constatei que posso perfeitamente viver sem a Globo!”

E descobrimos – em conversas com amigos – que tal fato vai se tornando corriqueiro.

A programação global não se sustenta mais no padrão que a tornara imbatível.

Já usou de tudo. Inclusive o famoso BV (bônus de veiculação), disfarçada forma de corromper agências de publicidade, que recebem antecipadamente o percentual que lhes cabe por aquilo que veicularão antes que a empresa receba do cliente.

E por cima muita gente na rua se mobilizando contra a platinada.


"Aonde a vaca vai..."
Tocando um violão de uma corda só o maranhense João da Praia cantou a vendeu muito: Aonde a vaca vai / o boi vai atrás...

A mais recente vaca é o deputado Eduardo Cunha. Aonde o boi vaia vai atrás.

Aprimorando a campanha deram de premiá-lo com ovos sobre o palanque onde esteja.

Como aconteceu recentemente na Paraíba.

Matando a galinha
Um carro de som circulou na cidade (re)convocando para os protestos contra a Presidente Dilma Rousseff. Ainda não completado um mês do último.

Parece-nos que estão matando a galinha dos ovos de ouro de muitas "lideranças".

Acomodação
Até quem não está vinculado diretamente à política vai percebendo que o assunto já ocupa mesas de bares e restaurantes.

E a pergunta é sempre a mesma: quando Geraldo Simões sai do PT?

Há quem já queira afirmar até para qual partido irá.

Abril começou e nenhuma melhora nas relações entre GS, PT e Governo.

Basta ver o preenchimento de cargos em Itabuna.

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