quarta-feira, 1 de junho de 2016

Apequenado

Não precisava descer a tanto
O Supremo Tribunal Federal – pela primeira vez concretamente – está no centro de uma crise política, como partícipe de um golpe nas instituições republicanas. Espanto!

Um de seus ministros – o Gilmar Mendes – faz política partidária em cada fala, em cada decisão onde precise dele o PSDB e quejandos. Conspirarou recentemente às claras em mesa de restaurante e torna-se conselheiro ‘ad hoc’ do governo interino como se advogado privado o fosse dele. Mas  ao que parece  a postura inconsequente de Mendes  ou individualmente, ou por influência  já repercute na imagem da instituição. Já se encontra ele, STF, naquela de 'não basta à mulher de César ser honesta, mas parecer honesta'.

Sua pequenez se faz escancarada na perda de confiança de setores da sociedade em sua atuação. Movimentos sociais nem mais temem enfrentar a polícia que protege as suas instalações e avança sobre suas ‘cercas’ e ‘barricadas’. Sinal dos tempos ruins que o acometem e do que se constrói em torno de sua imagem.

Não de agora – podemos afirmar. Mas desde que assumiu decisões em defesa de poderosos. Começando por conceder habeas corpus a condenados. Inclusive facilitando-lhes  em alguns casos  a fuga do país. 

Não faltando a consciência corporativista distanciada da realidade pátria quando pugna por percentuais de aumento indecorosos para as próprias remunerações.

As omissões no presente instante de crise fizeram aprofundar a sua imagem negativa.

A conspiração contra o Estado e a ordem democrática encetada por partidos políticos de oposição ao governo, com apoio da mídia, encontrando franca atuação a favor de Procuradores da República capitaneados (em razão de atitudes suspeitas) por seu Procurador-Geral é fato tão visível que dispensados estão os anos vindouros para a História os explicar. São presentes.

As gravações de um investigado e senadores não deixam sombra de dúvida.

Nesse viés espúrio quem é citado? O STF, onde ‘alguns’ de seus ministros estariam envolvidos. Um deles age escancarado. Sem pejo ou temor. Nele, nenhum resquício de pudor. Bastaria ele para enxovalhar a Corte. Mas – a dúvida recente a la mulher de César – pode haver mais toga na trama.

A espuriedade de um incomodava. Mas a possível generalidade de comportamento – ainda que um ou dois que seja, ou mesmo nenhum (acaso "alguns" venha a ser retórica confusionista de Machado) – encerra a instituição na cela do descrédito. 

O julgamento cívico está em andamento. A sociedade percebe os passos e parcela dela – contrária ou não ao governo – já fez seu julgamento, antecipando a História e historiadores.

Nesse registro o STF sai apequenado. Nada justifica descer a tanto.


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