domingo, 25 de novembro de 2018

Lições

Sem maniqueísmos
O que ora se passa no Brasil não pode ser analisado sob o prisma comum às discussões apaixonadas, na esteira da religião, carnaval ou futebol.

Cremos que este espaço – em que pese parecer tendente para alguns  sempre cuidou de difundir um erro cometido pelo PT/Governo, em todos os níveis observados pelo escriba: do federal ao municipal a batalha da comunicação nunca foi compreendida e, portanto, enfrentada a contento. Por tal razão muito dos absurdos por que passa o Partido dos Trabalhadores encontram origem em abrir a guarda em aspecto tão sensível.

Claro que não somente isso. A autocrítica cobrada do PT  a exigir-lhe a ele e tão só ele  como réu confesso em relação à corrupção que também andou fazendo das suas em seus períodos de gestão não tem o condão de justificar o que lhe acontece. Isso porque, como o demonstram à sorrelfa os fatos, na corrompida 'república' brasileira (basta ler/reler sua história) o que hoje se chama de política sempre foi pautado em participação. Participação no poder, apadrinhamento, patrimonialismo, corporativismo. À direita e à esquerda. 

Nunca é demais lembrar uma análise/definição de Raimundo Reis, jornalista, político e cronista baiano, referindo-se ao velho PSD (hoje travestido em PMDB/MDB, ARENA/PDS/PFL/DEM, PSDB, PPS, apenas para encabeçar a ilustração), de que livro de cabeceira do partido era o Diário Oficial. Dizia-o quando lhe perguntavam qual a leitura e a ideologia que norteava o PSD: "O Diário Oficial". Ou seja: o poder exercido e manipulado em todas as dimensões, da ocupação de cargos a contratos com o poder público.

O que ora escrevemos tem o condão didático de alertar para releituras e promoção das críticas não levadas a sério no tempo certo.

Sem maniqueísmos. Porque aqui não se trata de ser a favor ou contra o que é ou o que pensam amigos ou inimigos.

Outra análise
As raízes do fenômeno são mais profundas. Não somente a falta de controle ou enfrentamento em nível de comunicação. As dimensões sociais não respondidas falam muito alto.

O ocorrido no Brasil encontra resposta técnica na análise de Wolfgang Streeck, através do Conversa Afiada:

Assim como a natureza, a política não tolera o vácuo. Se a centro-esquerda não pode mais entregar progresso social, em especial segurança econômica e igualdade, por sua própria culpa ou devido a circunstâncias desafortunadas — como os efeitos da crise financeira de 2008 —, outros chegam para tentar conquistar o poder. Além disso, se o internacionalismo, em particular o livre-comércio, beneficia apenas os ricos à custa dos pobres, então forças nacionalistas têm uma oportunidade de prometer que farão melhor.”

Acrescentamos: e efetivar o processo da tomada de consciência de que, existindo as diferenças, cabe a cada um percebê-las, distingui-las e definir-se por uma delas. Que no caso concreto bem poderia ser o da esquerda.

Cabeças demais
Não há como negar: o futuro governo exercitado está – assim decorre do que vemos e lemos – no curso de paralelas.

Nas duas linhas que nunca se encontram a hierarquia militar de um lado e Moro e Guedes de outro.

Muitas cabeças se batendo enquanto o eleito governa do twiter.

Resta saber o que sobreviverá se houver o sobrevivente e a que sobreviver.  


Invasão
A Bolívia está sendo invadida por quem busca melhores condições de sobrevivência diante da crise em seu próprio país.

Adianta-se: não são venezuelanos. Tão somente argentinos que estão a dispensar as maravilhas do governo neoliberal.

Que estão a se espalhar por esta Latina América.

Esconde-esconde
O PT, à luz da observação de Miguel do Rosário, no Cafezinho, andou brincando de esconde-esconde (não só com referência ao convívio/controle da comunicação) com as nomeações para o Poder Judiciário. 

Passavam, afirma o articulista a partir do último depoimento de Lula, pelo crivo da classe política, como moeda de troca.


Chocou ovo de serpente.

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