domingo, 16 de junho de 2019

Nesta 'era da vergonha', um abraço de afogados nos lembra Drumond


Era da vergonha I
Até que efetivamente fique provado, em processo judicial onde a lisura, o respeito à lei e à Ética se façam imperativos, 

Lula já está totalmente absolvido pelos fatos, pela História, na mesma proporção em que, ETERNAMENTE, estão cobertos de vergonha e ignomínia, de desonra, Moro, Dallagnol, a Globo, os procuradores da Lava Jato e, por tabela, os desembargadores cretinos do TRF4 e os covardes ministros do STF, todos cúmplices do que se sabia, mas só agora veio à luz de maneira irrefutável – faça a Globo os esforços patéticos de retórica que quiser….”, observa Eduardo Ramos no GGN.

E acrescentamos: nestes tempos em que o desprezo pela seriedade e respeito se fizeram a tônica ficam desmoralizados alguns magistrados, desembargadores, ministros, procuradores que legam, como artífices mefistofélicos, para a história uma era nunca dantes imaginada: a era da vergonha.

E não há como alegar inocência ou boa-fé com tudo que aconteceu.

Era da vergonha II
No entanto, cabe registrar, o que de mais profundo há nos acontecimentos decorrentes da divulgação pelo Intercept das espúrias relações entre o então juiz Sérgio Moro e Procuradores da República não se limita aos atores principais. 

Mas àqueles, ora secundários, que são os verdadeiros responsáveis por tantos absurdos: do Procurador-Geral da República aos desembargadores do TRF-4, ministros do STF e do STJ por suas ações ou omissões em tudo que ocorre neste país, desde os instantes que antecederam ao impeachment até a intervenção no processo eleitoral. 

Sem afastar um tal de Conselho Nacional de Justiça e aquel'outro, Conselho Nacional do Ministério Público, responsáveis por arquivar pedidos de apuração dos fatos no imediato do acontecido.

No momento Moro e Dallagnol são o boneco de Judas no sábado de aleluia. Crucificá-los não basta.

Afinal, a era da vergonha não começa com eles. Tão somente sentiram-se suficientemente seguros e apoiados para fazê-lo. Seguraram o rojão e os superiores acenderam o pavio.

Era da vergonha III
No final, aquela que seria a ‘operação’ para livrar o país da corrupção torna-se, nada mais nada menos que uma bem urdida “conspiração” para frustrar uma eleição presidencial. 

Uma conspiração que se valeu de tudo que pudesse corresponder aos interesses – nada jurídicos – da camarilha encastelada no entorno de Curitiba correspondendo ao sonho da classe dominante predatória.

Nesta era da vergonha deixa um legado para estudiosos desta chaga chamada corrupção: qual delas a pior, a mais nefanda, roubar o erário ou roubar a consciência do povo; roubar o dinheiro ou roubar a fé nas instituições; exercitar o patrimonialismo ou destruir o império da lei.

Há quem entenda que não, mas para muitos a maior corrupção é a corrupção da lei.

E agora, José?
Desmoralização escancarada. Quem o defende – e defendendo a si, como a Globo e quejandos, em conluio, fazendo o jogo de Moro e Procuradores através dos vazamentos selecionados que lhes chegavam – tem os dias contados, até ser posto de castigo pela história, que não tardará e se encontra em disparada à luz do dia e não “de madrugada”, para lembrar Cervantes. O mestre espanhol alertava a insignificância do gesto dos que ‘saiam em louca disparada’ – “Para quê? Para nada!”.

O escândalo pegou a turma com os cueiros na mão. Ainda que internamente – nesta terra brasilis comandada por uma classe dominante predadora – esteja a imprensa que tudo isso representa, massageando o peito agonizante antes que aporte o balão de oxigênio, lá fora os grandes jornais e revistas (respeitados) botaram a boca (o Moro) no trombone.

Mas, dirá alguém mais inocente: por que tudo isso? 

Resposta elementar, caro Watson: uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, onde se degusta filé de lagosta e vinho às custas do povo. Cadeira negociada, prometida e garantida pelo caminho da nomeação para ministro. Tudo mais certo que boca de bode, tanto que o pretendido abandonou a carreira que afagava seu ego e o fazia herói para os que desconheciam os subterrâneos e as entranhas de seu castelo.

Para nós, que sempre vimos o ‘salvador da pátria’ como objeto de estudo para a Psicanálise (aquele traje preto sempre nos deixou naquela de hummmm!), diante da fritura por que passa na mídia internacional, tudo aliado à declarações e pedidos de afastamento da função – resistindo brava e heroicamente – nos cheira a outra circunstância para análise: masoquismo. Há quem sinta prazer em ferir; outros, em se deixar ferir.

Mas, tudo Freud explica!

E agora, José, quem paga a conta?
“Sob o pretexto da luta contra a corrupção, trocaram o Direito pela política. Na espécie, ignoraram as lições mais elementares que qualquer aluno de graduação aprende em Introdução ao Direito [...] Atropelaram garantias, atropelaram a Constituição, atropelaram a lei.” (Lênio Streck)

Mas – imperativo reconhecer – a sanha persecutória não se limitou a encontrar culpados (alguns adredemente distinguidos), não só destruiu valores jurídicos, também o país. O povo paga uma conta que não fez.

A pergunta acima se impõe. Afinal, a conspiração não somente destruiu o Estado de Direito; também o Brasil.

No fundo, a mensagem importa mais que o mensageiro e no rescaldo do incêndio muito custará não só aos imediatamente atores principais (Moro e Dalagnol) mas, também, aos secundários: STF, STJ, TRF-4, Procuradoria-Geral da República, CNJ, CNMP e, principalmente, a imprensa que publica sem apurar.

Abraço de afogados
O apoio do inquilino do Alvorada ao premiado porque garantiu sua eleição tende a suicídio político para ambos. Não sabemos até onde e quando a imprensa amestrada conseguirá blindá-los.

Estão – um e outro – vivendo uma ‘realidade’ surreal: aquele não pode demitir este porque seria reconhecer sua culpa: e mais, que tal culpa o beneficiou; este, enquanto não pede para sair – o que seria, para ele, confissão – sangra a imagem do outro. E ambos sangrados pela verdade que os incomoda.

Para que o leitor possa mais argumentar: em meio à turbulência o inquilino do Alvorada disse que confiar 100% só nos pais. Leitura elementar: o outro não é pai dele, pelo que se sabe. Em que pese ter agido como verdadeiro pai, quando o presenteou com a morada do Alvorada.

Nessa relação – que cabe a Freud definir – não sabemos se o filho vai trair o pai ou se o pai vai ajudar o filho. No primeiro caso, o filho ajudaria o pai; no segundo, o filho volta a ajudar o pai e pede para sair. 

– Você primeiro – dirá um. 

– Você primeiro – dirá outro.

E tanto o tempo para decidir que ambos se afogarão. Um saindo; outro ficando.

Valois
Do facebook do juiz Luis Carlos Valois

“Não houve um julgamento, houve um acordo de condenação”.

Bob Fernandes, didático:

               

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