Irving M. Copi (1917-2002), em Introdução à Lógica (tradução de Álvaro Cabral para a Editora Mestre Jou, 3ª edição, 1981), tratando de Premissas e Conclusões, aborda em torno do argumento, onde admissível ‘outro material’ para sua compreensão afora premissas, e se vale, para ilustração, de escrito de Schopenhauer (1788-1860) em Estudos de Pessimismo: “Se o código penal proíbe o suicídio, isso não constitui um argumento válido na Igreja; e, além disso, a proibição é ridícula; pois que penalidade poderá assustar um homem que não teme a própria morte?”
Não buscamos enveredar por aprofundar leituras, tampouco levar o caro e paciente leitor ao estudo da Lógica, mas nos amparamos na assertiva de que o suicida não teme a própria morte, razão por que qualquer ameaça de punição lhe cheira a nada ou — como diria vó Tormeza — nem fede nem cheira. Afinal, punição em tal jaez somente possível sob a égide do Décimo Primeiro Livro do Código de Manu, que a admite em outro plano espiritual ou em nível de retorno pelo viés reencarnatório.
Schopenhauer levantou em torno do quão ‘ridícula’ a vedação legal em relação ao suicídio. Óbvio que não está contido em sua observação que a disposição normativa tem caráter de repressão paralela em relação a quem o incentive e/ou para com ele contribua, o que inclui a discussão em torno da eutanásia, que em si é um desejo suicida cobrando assistência de alguém, no caso um profissional médico. Mas, considerando a verdade como vista por Aristóteles — a Verdade é por ser a afirmação de que é — irrefutável compreender o desperdício e a bizantinice em torno do fato em si como ato de vontade individual no espaço remoto de quem o cometa.
Vem-nos à avaliação a singularidade daqueles
que usam uma bizarrice como argumento para alcançar a negação da razão e
desvirtuar a compreensão lógica. Nessa tangente os que dizem defender a vida
negando o que a defenda.
No âmbito da Saúde Pública cuidará o Estado de
buscar os meios para evitar doenças, pesquisar a sua cura e disponibilizar de
modo universal o acesso aos mecanismos de tratamento. Clássica referência ao
que representa nessa universalidade a vacinação, como prevenção, tornada
instrumento de singular importância para a sociedade contemporânea no combate
às viroses.
No cenário mais recente nasce da mente do
inquilino do Alvorada a conclusão de que a vacinação contra o Covid-19 não deve
ser obrigatória; afirma-o como arauto de um dogma de fé. Ainda que tal tema
esteja além da vontade individual — uma vez que o não vacinado é potencial transmissor
da doença, porque afeta a coletividade em seu bem-estar, tornando-se uma
emergência no plano da saúde pública e a redução do risco de circulação do
vírus se torna imperativo — um dirigente vai contra a corrente científica para
colocar o seu juízo(?) de valor acima do interesse da sociedade.
Na esteira do assunto aproveitou para dizer
que não admitirá uma vacina originária da China. Até que volte atrás não há
dúvida que o inquilino politiza e ideologiza a partir da saúde alheia.
Por essas e outras não há como negar que
estamos diante de uma capacidade inovadora em temas nunca imaginados, razão por
que afirmamos que o estágio da administração(?) do inquilino do Alvorada nunca
chegará ao fundo do poço porque, em si, é um poço sem fundo.
As explicações(?) bizarras para justificar(?) o
injustificável ultrapassam o conceito de nonsense deste (des)governo. Mas nunca
falta algo ‘novo’ como alegar que boi contribui para combater queimadas etc.
etc. etc.
Mas — imprescindível reconhecer — contido está
que há coisas que não podem ser enfrentadas, porque o são como a Verdade.
Assim, imaginar que o inquilino e seus acólitos se tornem passíveis de
aconselhamentos, se tornem capazes de ouvir a razão é como dizer, em lei, que o
suicídio é vedado. Afinal, quem não tem medo da morte nunca respeitará alertas
para evita-la.
Muito menos alertas para preservar a vida. Preferível
impor a cultura da morte lenta em contraponto à vida imediata. Não fora isso
como explicar que seja questionada a vacinação enquanto são liberados centenas
de agrotóxicos (inclusive produzidos na China), clássicos agentes cancerígenos,
alguns proibidos além-mar?
Quem combate o combate à morte não deseja a
vida. Nivelado está, potencialmente, a um suicida. Que pode se tornar um Jim
Jones tupiniquim na Jonestown em que faz tornar esta terra brasilis.
E não carecemos do pessimismo schopenhaueriano
para entender o que claro se afigura.
Mas, por outro lado, compreendemos
os que o aplaudem e o que motiva os que o seguem: somente o sofrimento é positivo. Caso lessem alguma coisa diríamos
que obras de Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895) pela ótica que
lhe foi atribuída por Richard von Krafft-Ebing (1840-1902).
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