Inquirem os instantes perfunctórios (não é palavrão!) deste escriba de província, sibilando o olhar sobre colunas de ontem e de hoje, as razões por que muitos não enfrentam a persecução em torno dos reais motivos que levaram o Brasil ao atual estágio de mediocridade, subserviência e colonialidade.
Em especial depois de escancarada a porteira da
desmoralização dos ‘donos’ e ‘construtores’ da verdade lavajatense, aquela que
enaltece o “eu acho”, justamente porque dito ‘achar’ em muito se amparava na
certeza de que sempre haveria uma fraude por trás da criminosa atuação
funcional ao arrepio da lei nos casos em que o interesse político ocupava o jurídico.
Eis o que nos deixa cabreiro: parece-nos que
efetivamente são perfunctórios os interesses dos que discutem a realidade desta
terra brasilis a ponto de limitar-se
ao imediatismo das superficialidades. E cômodo – assim nos parece – focar o
fato em si em sua dimensão de irrelevância, em sua dimensão imediata, que
discuti-lo.
Sob tal jaez alcançar o poder mais interessa
que aprofundar razões e motivos por que tanta coisa aconteceu. Ou seja, o poder
em si ainda que o “fato” esteja mais entronizado no controle do que lhe
interessa.
Claro – sabe-o o caro e paciente leitor – que
através da lavra deste escriba de província tem sido levantada a questão
basilar de tanto acontecer sem que motivo plausível justifique tanto absurdo. E
tal caminhar aponta sempre para o horizonte externo reproduzido nas telas
internas como se de nossa lavra o fosse.
Até quem provoca o tema evita enfrentá-lo
(aqui). Exceções há! (aqui)
Mas, sabemos e já o dissemos: o jogo é bruto.
E não custa avaliar que sempre é possível algum temor guardado no fundo baú que
pode ser a caixa de Pandora sobre cada um.
Sob o crivo de nossa observação o que se
tornou fato: eleições. Que vai concentrando atenções, atraindo para si o olhar
superficial e lançando ao largo das discussões o “fato”.
E a semana nos trouxe CPI para tornar público
o que já sabemos a mancheia. E mais uma pesquisa elevando o ex-presidente Lula a
estribo mais alto no palco sucessório, onde venceria com folga o inquilino do
Alvorada no segundo turno e mesmo viabilizada a possibilidade de fazê-lo ainda
no primeiro.
Euforia! Certezas!
Na verdade, a certeza de Lula disputar
eleições faz precipitar, em nível eleitoral, os tropeços do inquilino do
Alvorada, muitas vezes maiores que comer picanha de 1,8 mil reais quando o
desemprego aumenta, o custo de vida mais que dobrou, a fome retorna, os
pedintes voltam a ocupar as ruas e o número de mortes por Covid-19 caminha a
passos não tão de cágado para ingressar nos quinhentos mil. E, como auxílio, a
ameaça de Edir Macedo “quero mais” romper com o ‘mito’.
Os sinais de que pode ficar à própria sorte (com
aqueles 20% a 25% que o têm como o encanto maior deste planeta) vão se
solidificando. Parcela de quem o elegeu sente-se desamparada, até traída em
alguns casos.
Por seu turno, a denominada direita, o âmago
do conservadorismo nacional encastelado na classe dominante, às vésperas do
processo eleitoral nada como “bosta n’água”, sábia expressão cabocla para dizer
que a coisa não vai a lugar nenhum por vontade própria.
Para demonstrar como as coisas andam mesmo FHC(apareceu!) fala em votar em Lula como saída para enfrentamento ao inquilino.
Mas, eis, para este escriba de província, o
busílis: FHC votando em Lula. Ele, pensador/servidor mor do mercado, arauto do
neoliberalismo predador, custeado pela Fundação Ford desde que adjutorou aquela
teoria da dependência, paternidade maior da entrega do patrimônio nacional, que
não fala o que o ‘patrão’ não queira, sinalizando acompanhar petralhas e
comunistas de plantão.
Isto o que muito preocupa este escriba: vencer
eleição sem vitória para o povo. Naturalmente as políticas de governo petistas
traduzem melhor as políticas de Estado. E não faltam a Lula capacidade e
inteligência (como o fez no tempo em que governou) para entregar os dedos
(agradar o mercado) para não perder os anéis (reduzir desigualdades, aplacar a
fome, oferecer emprego etc.).
Mas, alguma certeza de reversão da criminosa
entrega do patrimônio do povo? Particularmente não cremos que tal ocorra.
Quando FHC, oráculo do entreguismo, fala em
votar em Lula alguma coisa sabe.
Concluamos explicando a quem diga que 2023 não
será 2003, que a geopolítica econômica mundial
é diversa etc. etc. etc. Não trilhamos por tal raciocínio como prévia de
avaliação do próximo governo.
Cremos que o próximo presidente nunca encontraria estado melhor para mostrar o que fazer, mesmo pouco. Afinal, depois da política de terra arrasada do atual inquilino do Alvorada tudo que seja pouco será de sobra.
O que deve preocupar mesmo são os perfunctórios escondendo o ‘fato’. Ainda que imprescindíveis neste instante.
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