O nível a que chegamos definitivamente é de degradação moral. Na esteira dele a pretensão de perpetuá-lo e o golpe caminha à frente do pelotão. O país desnorteado, sem liderança, acostuma-se a um permanente estado de conflito. Não mais se discute ideias, odeia-se o que o outro pense.
Em meio ao redemoinho mesmo aquela defesa da
moralidade pública — que
durante muito tempo norteou o imaginário do cidadão em relação às Forças
Armadas — caminha em
marcha acelerada para sumir no fundo do poço com a degradação institucional, onde
presentes figuras exponenciais do próprio Exército.
No fundo, vivemos aquele país que sempre
governou em favor da classe dominante abrindo as cortinas para outros atores
numa peça encenada em que o tema é o butim.
E a farda encontrou o espaço que ambiciona
desde quando — no
imediato da Guerra do Paraguai — sonhou em
tornar-se o ‘governo ideal’. Para tanto — como ninguém dela tinha origem na
realeza — parte embrenhou-se
pelo idealismo republicano; mas para constituir uma república dirigida e
comandada por ela. E assim nasceu, sob a égide de um golpe, que acontece sempre
que possível materializar aquele sonho.
Mas, não vivamos o engano de que os que lutam
para o fracasso das instituições efetivamente republicanas têm algum resquício
de compromisso para com a res publica,
para com a nação. Houve tempo em que parcela do militarismo pátrio abraçava o
fortalecimento da nação como bandeira. Hoje — em meio à degradação em que envolvida
— luta
denodadamente por espaço para ampliar o contracheque.
Para entender aquele “em defesa da moralidade”
parte da farda deseja ardentemente a permanência de um ex-integrante — posto fora dela por prática de ato
contrário às instituições republicanas — envolvido em denúncias as mais
escabrosas, que em nada condizem com um mínimo de moralidade, não bastasse
boquirroto.
Mas, como explicar a ala militar que o defende
como paradigma de ‘moralidade pública’ o que acontece não mais na calada noite?
Que dizer da ‘farda’ moralista de mãos dadas
com Roberto Jefferson (aqui), nefanda figura de uma classe política que em dimensão
quantitativa considerável pensa de igual maneira?
Encontrará explicação para o fato singular de
o dito cujo, no exercício da Presidência da República, tornar-se diretor de
entidade registrada em país estrangeiro, ao lado de figuras questionáveis e sob
permanente alvo de denúncias?
Sim, caro e estimado leitor: uma “Missão Humanitária do Estado Maior das
Forças Armadas do Brasil”, registrada em Miami, em outubro de 2020 (aqui). Ou seja, enquanto
a pandemia grassava nesta terra brasilis
e negócios escusos eram ensaiados em relação à compra de vacinas, nada mais,
nada menos, que o próprio presidente da república, seu vice e um terceiro
levavam a registro no estado Flórida, nos Estados Unidos uma entidade para
‘missões humanitárias’. O registro foi confirmado no último 15 de março de
2021, incluindo (re)ratificação do nome do vice-presidente.
Que ninguém
afirme irregularidade, mas — até que haja uma explicação oriunda do próprio Palácio do
Planalto — não custa entender o porquê de um presidente e seu vice
subscreverem, com registro em país estrangeiro, uma entidade que cita o Estado
Maior das Forças Armadas do Brasil como agente de uma missão humanitária.
Por fim, caro e paciente leitor, circulou nas redes matéria tratando de um fato que nos deixa na seara das incertezas: o ex-presidente Lula faria uma sinalização pública aos militares para garantir transição democrática (aqui).
Registramos no
condicional o que a matéria pôs no futuro. Porque não queremos acreditar no que
lemos.
Até porque
falta ser explicado a que militares fará Lula tal sinalização.
No fundo, no
fundo, do pouco que conhecemos de Lula (sempre bem informado) não tomaria ele
tal iniciativa se um golpe não estivesse engendrado. Partindo do mote que
encerrou a coluna anterior, quando tratamos do estágio em que nos encontramos,
temos que o “possível candidato a Presidente de
um país que vai se enchendo de arautos da barbárie” pretende sinalizar para aquela banda podre de militares que ocupa manchetes desabonadoras e que conta
com ela para uma transição democrática.
O golpe
caminha.
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As matérias foram obtidas através do Brasil 247.
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