domingo, 8 de agosto de 2021

Em meio à degradação moral o golpe caminha

O nível a que chegamos definitivamente é de degradação moral. Na esteira dele a pretensão de perpetuá-lo e o golpe caminha à frente do pelotão. O país desnorteado, sem liderança, acostuma-se a um permanente estado de conflito. Não mais se discute ideias, odeia-se o que o outro pense.

Em meio ao redemoinho mesmo aquela defesa da moralidade pública que durante muito tempo norteou o imaginário do cidadão em relação às Forças Armadas caminha em marcha acelerada para sumir no fundo do poço com a degradação institucional, onde presentes figuras exponenciais do próprio Exército.

No fundo, vivemos aquele país que sempre governou em favor da classe dominante abrindo as cortinas para outros atores numa peça encenada em que o tema é o butim.

E a farda encontrou o espaço que ambiciona desde quando no imediato da Guerra do Paraguai sonhou em tornar-se o ‘governo ideal’. Para tanto como ninguém dela tinha origem na realeza parte embrenhou-se pelo idealismo republicano; mas para constituir uma república dirigida e comandada por ela. E assim nasceu, sob a égide de um golpe, que acontece sempre que possível materializar aquele sonho.

Mas, não vivamos o engano de que os que lutam para o fracasso das instituições efetivamente republicanas têm algum resquício de compromisso para com a res publica, para com a nação. Houve tempo em que parcela do militarismo pátrio abraçava o fortalecimento da nação como bandeira. Hoje em meio à degradação em que envolvida luta denodadamente por espaço para ampliar o contracheque.

Para entender aquele “em defesa da moralidade” parte da farda deseja ardentemente a permanência de um ex-integrante posto fora dela por prática de ato contrário às instituições republicanas envolvido em denúncias as mais escabrosas, que em nada condizem com um mínimo de moralidade, não bastasse boquirroto.

Mas, como explicar a ala militar que o defende como paradigma de ‘moralidade pública’ o que acontece não mais na calada noite?

Que dizer da ‘farda’ moralista de mãos dadas com Roberto Jefferson (aqui), nefanda figura de uma classe política que em dimensão quantitativa considerável pensa de igual maneira?

Encontrará explicação para o fato singular de o dito cujo, no exercício da Presidência da República, tornar-se diretor de entidade registrada em país estrangeiro, ao lado de figuras questionáveis e sob permanente alvo de denúncias?

Sim, caro e estimado leitor: uma “Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas do Brasil”, registrada em Miami, em outubro de 2020 (aqui). Ou seja, enquanto a pandemia grassava nesta terra brasilis e negócios escusos eram ensaiados em relação à compra de vacinas, nada mais, nada menos, que o próprio presidente da república, seu vice e um terceiro levavam a registro no estado Flórida, nos Estados Unidos uma entidade para ‘missões humanitárias’. O registro foi confirmado no último 15 de março de 2021, incluindo (re)ratificação do nome do vice-presidente.

Que ninguém afirme irregularidade, mas até que haja uma explicação oriunda do próprio Palácio do Planalto não custa entender o porquê de um presidente e seu vice subscreverem, com registro em país estrangeiro, uma entidade que cita o Estado Maior das Forças Armadas do Brasil como agente de uma missão humanitária.

Por fim, caro e paciente leitor, circulou nas redes matéria tratando de um fato que nos deixa na seara das incertezas: o ex-presidente Lula faria uma sinalização pública aos militares para garantir transição democrática (aqui).

Registramos no condicional o que a matéria pôs no futuro. Porque não queremos acreditar no que lemos.

Até porque falta ser explicado a que militares fará Lula tal sinalização.

No fundo, no fundo, do pouco que conhecemos de Lula (sempre bem informado) não tomaria ele tal iniciativa se um golpe não estivesse engendrado. Partindo do mote que encerrou a coluna anterior, quando tratamos do estágio em que nos encontramos, temos que o “possível candidato a Presidente de um país que vai se enchendo de arautos da barbárie” pretende sinalizar para aquela banda podre de militares que ocupa manchetes desabonadoras e que conta com ela para uma transição democrática.

O golpe caminha.

____________

As matérias foram obtidas através do Brasil 247.

Nenhum comentário:

Postar um comentário