domingo, 9 de setembro de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além
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Despercebido
Tempo houve em que o denominado “risco Brasil” estava na ordem do dia nos noticiários. Sua composição dizia respeito à realidade de um país sob parâmetros fixados pelas instituições financeiras internacionais, que partem do pressuposto de avaliar esta ou aquela nação sob o prisma de suas conveniências para realização de negócios.

Comumente amparado em indicadores que vão desde o tamanho da dívida (interna e externa) à sua capacidade de pagamento, passando pelo tamanho do déficit público (receitas do governo menos despesas, quando negativo) ou do superávit (receitas do governo menos despesas, quando positivo), magnitude de taxas de juros e da taxa de câmbio.

Para o J. P. Morgan, por exemplo, para cada 100 unidades de seu critério há remuneração de uma sobretaxa de 1% em relação aos títulos americanos. Ou seja, quanto mais “unidades de 100” alimentando a avaliação mais em percentual acima do quanto fixado em relação à taxa paga pelos americanos.

Apenas para lembrar, em setembro de 2002, últimos instantes do governo de FHC, o risco Brasil estava na casa de 2.443 pontos, o que obrigava o país, ao estirar a cuia para financiar sua dívida, a pagar uma sobretaxa de quase 24,5% sobre o juro americano em termos reais, ou seja, descontada a inflação brasileira (inflação + risco).

É que ditos parâmetros são medidas hipotéticas, trabalhadas e existindo para corresponder a interesses nada coletivos ou humanos.

Para nós, particularmente, tais parâmetros se inserem entre as muitas formas de domínio do capital financeiro especulativo sobre os países que lhe são periféricos. (Nesse momento, por exemplo, a Grécia, para atender aos “reclamos”, começa a vender até as suas ilhas, as famosas “ilhas gregas”).

Mudança concreta
Enveredamos por este tema esquecido no noticiário atual – ou pelo menos não repercutido como antes, talvez porque não convenha àqueles interesses – ao lermos que o Brasil vendeu títulos para resgate em 2023, no mercado internacional americano e europeu, pagando taxas anuais de 2,686% fazendo-o, portanto, apenas 1,1% acima da taxa referencial (a estadunidense), o que significa dizer que o risco Brasil não ultrapassava esta semana os 110 pontos.

Aliado à política de redução de juros (agora em 7,5% ao ano), enxergando o nível de independência proporcional à variação do índice, estamos bem melhores que na época de Fernando Henrique e sua plumagem tucano-entreguista.

Voltando a cutucar
A presidente Dilma Rousseff, em mensagem à Nação na véspera do 7 de Setembro voltou a cutucar o sistema financeiro: “Estamos conseguindo, por exemplo, uma marcha inédita de redução constante e vigorosa nos juros, que fez a Selic baixar para cerca de 2% ao ano, em termos reais. E fez a taxa de juros de longo prazo cair para menos de 1% ao ano, também em termos reais. Isso me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita. Porque os bancos, as financeiras e, de forma muito especial, os cartões de crédito podem reduzir, ainda mais, as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para níveis civilizados seus ganhos.
Sei que não é uma luta fácil. Mas garanto a vocês que não descansarei enquanto não vir isso se tornar realidade”.

Para confirmar o que pensa a presidente, os bancos oficiais fizeram a sua parte, anunciada pouco antes do pronunciamento da Chefe da Nação, como observado no http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1149443

Tem razão a Presidente Dilma. Precisamos alcançar a “civilização”

Estacionamento I
Estacionar em Itabuna tornou-se um ritual de paciência e tolerância dignas de monge budista. A desordem não está somente no número de automóveis dirigidos por uma maioria que não domina os mais elementares princípios que norteiam a educação para o trânsito.

Não fora o reduzido espaço oferecido – sempre o mesmo nas avenidas que se constituem corredores de tráfego e que deveriam estar livres para o trafegar – acentua-se o crescimento avassalador de motocicletas em disputa pelo mesmo território, aliado à inoperância das autoridades locais em coibir exageros, orientadas que estão para faturar multas e não fiscalizar o cumprimento das normas locais para o setor.

Em que pese a mobilidade urbana ser tema de atualidade ímpar, não vemos, até este instante da propaganda eleitoral, uma só proposta de qualquer dos candidatos para conter o processo de estressamento a que está submetido o condutor itabunense.

Estacionamento II
Uma outra crise, no que diz respeito aos espaços para estacionar, ocorre na Holanda. Lá o vilão não é o automóvel ou a motocicleta. A partir de 1973, com a primeira crise do petróleo, iniciou-se a massificação do uso de bicicletas. Para entender-se a dimensão do que vive o país, para cada um dos 16,7 milhões de habitantes praticamente existe uma bicicleta.

Estacionar a “magrela” tornou-se grave problema, a ponto de não bastarem os espaços construídos e disponibilizados até no subsolo. Já projetam como saída a ocupação aérea para estacionamento, através de um elevador que as transportaria até o telhado das construções, acionado por um bilhete magnético e painel eletrônico para avisar o número de vagas disponíveis (Mayara Moraes, na CartaCapital n. 713).

Os denominados “países-baixos”, como conhecida a Holanda, tornar-se-ão, quando consolidado o projeto, não mais tão baixo assim.

Pixelando
Aconteceu entre 6 e este 9 de setembro, no Centro de Cultura Adonias Filho, o “Pixelando – Ciclo de Debates e Oficinas de Audiovisual”. Com acesso gratuito, o evento disponibilizou a exibição de longas e curtas, palestras e oficinas de roteiro, produção, sonoplastia e fotografia.

Reencontro e descoberta
Durante o Pixelando reencontramos Tuna Espinheira, autor do premiado “Cascalho”, baseado na obra de Herberto Sales. Tuna nos confirmou o que nos informara em janeiro de 2010, durante o Feciba, em Ilhéus: prossegue na busca de apoios para a conclusão do documentário sobre Anísio Teixeira.

E mais nos revelou: a veia cineástica do deputado Emiliano José, que está produzindo um documentário que, como o confirmou o próprio deputado através do radiofônico “Bom Dia Bahia” neste sábado, a ser concluído em 2013.

Cineclube
A ACATE, Associação dos Amigos do Teatro, projeta para breve a instalação e funcionamento de um projeto para o áudio-visual que se chamará Cineclube Mário Gusmão, para a projeção cinematográfica no Teatro Sala Zélia Lessa.

A informação foi capturada na rede, no segundo número do Informativo do Teatro Sala Zélia Lessa.

MUSA
A III MUSA (Mostra Universitária Sul-americana de Audiovisual), volta acontecer na UESC, com inscrições prorrogadas até 15 de setembro para a Mostra Competitiva.

Mais detalhes em www.mostramusa.com

Teatro em discussão
Aconteceu nos dias 25 e 26 de agosto, em Salvador, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia-FUNCEB, o Encontro de Articulação dos Colegiados Setoriais das Artes da Bahia para discutir políticas públicas a partir da Lei Orgânica da Cultura do Estado da Bahia.

Realizado na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mobilizou em torno de 150 cidadãos atuantes nas áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro, oriundos de mais de 20 municípios, envolvendo representação efetiva de todos os Macroterritórios da Bahia.

Na oportunidade foram eleitos a atriz Eva Lima (titular) e Dominique Silva Faislon (suplente) para coordenação e composição da Comissão Organizadora das Eleições Setoriais na área de teatro.
 
Encontro
Acabávamos de deixar o estúdio da rádio Nacional, depois do “Bom Dia Bahia” de Ederivaldo “Bené” Benedito quando, através dele, nos chegou a informação de que o memorialista (adorava ser chamado de historiador e não perdoava o mundo acadêmico regional por assim não nominá-lo) acabara de falecer em Salvador.

Adelindo, dentro da documentação que possuía, detinha todo o acervo de Dantinhas.

Ficamos a imaginar como será o encontro de Adelindo com José Dantas de Andrade, o Dantinhas!

Das diversas espécies de promessa
O propaganda eleitoral de vereadores continua a mesma, “d’antes como no quartel de Abrantes”, quando nela descobrimos as promessas impossíveis. Umas, porque não encontram possibilidade de realização; outras, porque não são de iniciativa de legisladores.

Prometer, no entanto, é do “negócio”!

Munição guardada
Ninguém imagine que as candidaturas postas em Itabuna esgotaram seu estoque de munição. Aventar a pólvora ajusta-se à guerra que se iniciou neste final de agosto, dando sinais de recrudescimento no início de setembro.

A novidade, favorável à candidatura de Juçara, é a iniciativa do Ministério Público, por um de seus titulares, de trazer à tona denúncias requentadas (porque conhecidas há muito) que dão um toque especial ao processo eleitoral, envolvendo vereadores, o que atinge diretamente a chapa Vane-Wenceslau.

O zelo do Ministério Público, acatado pelo magistrado que recebeu a ação, oferta ao processo eleitoral – o que será explorado pelos diretamente atingidos – um novo partícipe, não na condição de “príncipe isento e mediador” mas de típica parte a integrar a disputa em andamento como interessada, não pela abstração jurídico-constitucional de defensor da sociedade.

Muita coincidência I
Alguns, por razões óbvias, não entendem a análise crítica à iniciativa do Ministério Público, por um de seus titulares, de intentar medida judicial que repercute no processo eleitoral, como se parte interessada fora. A crítica não reside na matéria de fundo – existência de irregularidades praticadas por quem quer que seja – mas pelo desgaste que a imagem do parquet sofre num instante evidentemente inoportuno para a iniciativa, que poderia (já que não ocorrera em mais de um ano) aguardar mais um mês.

E não se trata de estar relacionada ao ano eleitoral, mas ao período eleitoral. Nesse sentido, inoportuno também o julgamento do denominado “mensalão” petista (o do PSDB mineiro ficou de fora), sob a desculpa de haver risco de prescreverem alguns dos crimes.

Muita coincidência II
E mais se agrava a circunstância a alimentar a crítica o fato de estar se tornando público e notório o relacionamento entre promotor e determinado político. Ainda não foi suficientemente explicada, por exemplo, a razão por que o promotor, ao promover medida judicial anteriormente – que deixou caducar – em vez de convocar uma entrevista coletiva buscou uma só emissora de rádio AM, vinculada justamente ao político que dizem ser dele amigo e para lá se dirigiu em veículo disponibilizado pelo próprio.

Muita coincidência III
Um outro fato, que alimenta a exploração de utilização político-eleitoral, não pode passar despercebido: ainda que não respeite a ordem alfabética, a medida está encabeçada justamente pelo vereador que encabeça uma majoritária (seguido do nome do vereador que lhe é vice), quando poderia sê-lo, por exemplo, a partir do presidente da mesa.

Este fato mais repercute a intencionalidade, justamente porque ao ser anunciada a medida o será a partir de “Fulano e Outros”.
Se má-fé não há, muita coincidência o será!

Intervenção
Analisando o quadro eleitoral neste instante o Governo do Estado, que o acompanha diretamente (afinal, Itabuna não é qualquer província de fim de mundo), está preocupado com ataques mútuos entre as candidaturas que integram a base de Jacques Wagner em Itabuna, o que alimentaria a candidatura do inimigo natural (DEM-PMDB).

Haverá intervenção, na boa conversa, para contornar o problema em defesa dos ideais que norteiam os interesses políticos do Governador em nível de Bahia.

Cabe uma indagação, tipo aquela que o sábio ratazão da fábula fizera aos que votaram pela colocação do guizo no gato, como forma de serem avisados de sua aproximação: quem convencerá Geraldo a deixar de bater em Vane?  

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