quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Onisciência

Vale a força da imagem
Há uma expressão para criticar os que se acham absolutos no pensar, em particular quando envolve promotores de justiça e juízes: o promotor se entende um Deus; o juiz, tem certeza que é.

A postura grosseira como o ministro Joaquim Barbosa tem se portado em relação aos seus pares, em particular ao revisor Ricardo Lewandovsky, quando contrariado em suas "certezas", somente é aplaudida pelos tomados da sanha condenatória que assoma um público manipulado por informações próximas de qualquer programa sensacionalista, destes que pululam na televisão aberta.

A maneira como o ministro Barbosa tem se dirigido aos que contrariam o seu pensar nos remete a compreendê-lo naquela dimensão de que se acha o próprio Todo Poderoso. Obviamente sacramentado pela imprensa e as eleites que veem nele o "xerife justiceiro" onde julga não o que está contido na prova dos fatos apurados mas na consumação de uma condenação que esperam repercutida em Lula e no PT, pela inconveniência de haverem conquistado o Poder e nele pretenderem permanecer por mais alguns anos ou décadas.

Em trajes que farão as crianças lembrar vampiros e outras assombrações já lançam para o carnaval máscaras e capa que lembram o Ministro. Não faltarão revistinhas da editora Abril retratando-o como o novo "Gerônimo, o herói do sertão" dos áureos tempos da rádio Nacional. (Não sabemos se a autorização e os direitos autorais serão permitidos e devidos ao próprio ou ao STF).

Essa coisa de herói nacional que deram de atribuir ao ministro Joaquim Barbosa parece que está queimando o cérebro de Sua Excelência. Na fogueira das vaidades.

Como repercute
No século XVIII, enquanto o Iluminismo de França se fazia de Diderot, Montesquieu, Rousseau, Voltaire ocuparam a cena na divulgação do ideário que levou à Revolução de 1789 os chamados "filósofos falidos" ou "Rousseau de sarjeta", que atacavam a tudo e a todos quando bem o quisessem fazendo-o pelo humor, pornografia, sensacionalismo ou drama. Sua base "intelectual" estava contida em panfletos, livretos e edições de baixa qualidade.

No presente instante, enquanto fundamentos clássicos do direito estão sendo queimados na fogueira da Inquisição ora promovida através do STF, tal dimensão faz com que muitos se aproximem de certas atividades profissionais dados a traduzir opiniões, convicções e certezas sem que disponham da mais remota compreensão do tema sobre o qual se expressam. São os que falam de direito sem o saber; de medicina se terem aberto o mais elementar livro de anatomia etc.

Passa ao largo denominar a cultura dos eminentes Ministros do STF, ou de alguns dos seus "deuses", de quaisquer das denominações acima referidas no prembular da Revolução Francesa, até por que Suas Excelências lá estão por méritos amplamente reconhecidos, tampouco estão a vociferar panfletos e pasquins outros, ainda que muitos estejam a ferir alguns dos pilares das instituições penais, inclusive as lições de Beccaria.

Mas não estão longe da "comédie française" do século XVII, apesar de faltar-lhes um Molière e um Racine. Não dão bom exemplo e geram "Rousseau de sarjeta" Brasil a fora. Amparados em cenas como as que tem sido expostas pela TV Justiça.

Que deveriam nos levar a usar o controle remoto ou a retirar as crianças da sala.


Nenhum comentário:

Postar um comentário