domingo, 26 de setembro de 2021

Por um torrão de açúcar nem a mãe escapa

 

Muito provavelmente o atestado de óbito da mãe do empresário Luciano Hang foi fraudado para esconder sua morte em decorrência de Covid-19 (247) a fim de que o tratamento recomendado pelo ‘mito’ não alimentasse as estatísticas contra ele. Sua paixão pelo ídolo fê-lo esquecer da Ética e da Moral.

Dirigente de empresa fraudadora declara haver ficado “eufórico” com a possibilidade de tratamento precoce reduzir as internações (247).

Caro e paciente leitor, onde se lê “internações” leia-se ‘custos’. Naturalmente quando se reduz custos aumentam-se os lucros. À conta deles nada além que o material, o vil metal. 

Ao filho, para corresponder ao ‘idealismo’; à empresa, o lucro, fazendo renascer Joseph Mengele, o mito comum de muitos.

Em meio a tudo isso ao largo simplesmente uma insignificância como fichas no cassino: vidas humanas. Tornadas cobaias para legitimar o tratamento precoce através de experiências não autorizadas, que o MP pretende apurar (247). 

O que leva um médico que jurou por Hipócrates a servir de capataz para o capital que explora não o difere de carniceiros. Assim como o filho que esconde a causa da morte materna se alinha e uma espécie de antropofagia contemporânea, causada por uma patologia psicológica definida como delírio, também denominada ‘transtorno delirante’.

Não são os fatos, caro e estimado leitor, mas o que revelam desde o recôndito dos tempos.

Jessé Souza diz o que a eleição do inquilino representou: “Só o racismo explica” sua “chegada ao poder”. Para ele um “racismo invisibilizado” (Carta Capital).

Perdoe-nos o ilustrado estudioso. Sua análise  ainda que amparada em pesquisas que fez  precisa se pautar mais no que escreveu (“A elite do atraso”).

É essa elite que cultua todas as formas de preconceito, onde o racismo configura uma das pontas de sua ‘rosa dos ventos’.

A “triste figura”  em nada condizente com personagem de Miguel de Cervantes  é a mais pura, legítima expressão do capataz do senhor de engenho, posto a espancar negros no tronco e na senzala ou do que fiscalizava a produtividade escrava nas minas e definia se ‘tigela inteira’ ou ‘meia tigela’ de comida para os desgraçados.

O ‘senhor de engenho’ hodierno é o capital especulador, que se apropria dos estados nacionais sem força geopolítica, de onde extrai as riquezas alheio às gentes. Onde houver, ouro, diamante, petróleo, nióbio, urânio etc. etc. lá está. E como não pode ocupar às escâncaras, como todo bandido e chefe de criminosos se vale dos ‘capos’ de sua confiança, que correspondam ao que deseja. Se necessário o racismo ponha-se o racismo em prática. Se necessário o discurso moral de combate à corrupção, seja este o discurso; se necessário o ódio e a divisão, odeie-se e divida-se; se necessário derrubar governos legítimos, derrube-se (inclusive com a conveniência do Poder Judiciário, peça fundamental para a coroação de seus projetos para legitimar sob a égide do pacta sunt servanda contratos criminosos, anistias, isenção de impostos, levar à prescrição crimes todos e golpes institucionais etc. etc.).

E os ‘capos’ se disputam em sê-lo na podridão de uma ‘elite  branca’ (Cláudio Lembo) ou da ‘elite do atraso’ (Jssé Souza).

Não se bastando essa gente em seu estágio delirante também se torna criminosa. Gente que saliva pavlovianamente quando o capital estala os dedos e lhes mostra um torrão de açúcar. Que se reproduz como cabelo de Medusa e controla os meios de convencimento e conversão de todos à sua verdade.

Aí está ela encastelada na burguesia (e mesmo pequeno-burguesia) nacional.

Há muito desacreditamos naquilo que muitos orgulhosamente denominam de Civilização Brasileira como expressão da Civilização dos Trópicos, conceito que elevava aos píncaros a utopia nacionalista de Darcy Ribeiro.

A construção de um conceito de ‘civilização’ nórdica (Suécia, Finlândia, Noruega) ou canadense, não se tornou objeto de currículo por aqui. Tampouco essa gente aceita desenvolver um pacto político que edifique em plenitude um Estado de Bem-Estar Social.

Orgulha-se tal segmento de ser arauto do nefando fiscalizar a tigela, ainda que careça de carniceiros.

Porque nem a mãe dessa gente escapa diante de estalo de dedos e de um torrão de açúcar.


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