E arrasador
O texto de Antonio Luiz M. C. Costa ("O Papa dos Lobos") para a sessão Nosso Mundo da Carta Capital n. 736 certamente não agradará (muito menos convencerá) os que encontram em quisquer dos que se investem no tratamento como Sua Santidade a expressão absoluta e peremptória da infalibilidade e sustentação para sua Fé.
No entanto a lúcida abordagem, alimentada em amplo leque de informações, ampara-se em conclusão inquestionável para quem transitou, ou se omitiu, em favor de parcela da Cúria, ainda que a tenha denunciado de forma subliminar no imediato de sua estranha renúncia como "a hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação".
Textua M. C. da Costa, ao final:
"E como sua renúncia evidenciou, também é incapaz de controlar o conluio de interesses empresariais, políticos e clericais que ajudou a alimentar e hoje travam as tentativas de reforma tanto do Vaticano quanto da Itália - a corrupção secreta que viceja à sombra de qualquer autoritarismo. Provavelmente, será sucedido por um europeu igualmente conservador e intransigente para com os pecados da massa, mas mais tolerante para com os da Cúria, que manterá a Igreja no caminho firme, reto e seguro da decadência".
Leitura imperdível, para um título que foi pinçado da própria fala de Sua Santidade, quando da primeira homilia como Papa em 2005: "rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos".
Mais uma vez, como vem ocorrendo nos últimos tempos, na Igreja e no Mundo, os lobos continuam vencendo.
Difícil é entender porque a Fé não ajudou Ratzinger a carregar a cruz de enfrentar os lobos.
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