quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Comissão da Verdade

Falta o principal
A Comissão Nacional da Verdade concluiu seus trabalhos. Simbolicamente apresentou-os neste 10 de dezembro, data em que se comemora o Dia Mundial dos Direitos Humanos. 

Nada de extraordinário – por aquilo que se conhece de sua atividade – que venha a ser considerado como efetivamente novo. Afinal, o “Tortura Nunca Mais” – em outro instante da história brasileira – pôs a nu as chagas da tortura comandada pelo Estado como pedra de toque da atuação ‘democratizante’ dos que fizeram o golpe de 1964.

De positivo, evidentemente, a ratificação das atrocidades que de muito se sabia: o terrorismo de Estado, nos planos interno e externo.

Não lemos a íntegra do relatório. Mas temos certeza de que falta alguém. O principal responsável, apoiador de tudo: os Estados Unidos e a 'Escola das Américas'.

Continua faltando
A insistência com que figuras as quais compete(ia) defender as instituições democráticas ‘enxergam’ na lei de Anistia o instrumento “pacificador” imperativo à sociedade brasileira – que ainda dormita sobre os ossos dos assassinados nos porões – é a negação do Direito.

Afirmar – como o faz certo ministro do STF – que os ditames da dita lei beneficiou ‘terroristas’ e torturadores beira o nonsense. 

Para não afirmar-se chegar a uma leviana estupidez. Os ‘terroristas’ foram processados e condenados. Os que sobreviveram à tortura.

Sabemos que é da história deste país ‘esquecer’ as atrocidades cometidas para salvar a pele de quem as cometeu. Foi assim com a dizimação de índios e com a escravidão dos desterrados de África.

Certo – assim vemos – que nunca alcançaremos o respeito a que nos propomos.

Tudo porque a impunidade campeia. Em todas as vertentes. E como tal alimenta a permanência das mazelas.

Como agora, neste novo passo de cágado.

A Comissão Nacional da Verdade concluiu seus trabalhos. Suas recomendações aí estão. Dificilmente serão materializadas.

É que a ‘verdade’ não alcançará os que se escondem sob o pálio dos “crimes conexos”. Ontem e hoje.

Os despossuídos – de sempre – continuarão vítimas. E os algozes ‘anistiados’. 


Um comentário:

  1. Matéria excelente, Adylson. Essa comissão só concluiu o que todo mundo já sabia. E como ficará agora, já que "oficialmente" a sociedade tomou ciência? Quais serão as medidas efetivas aplicadas? Há a necessidade de serem criados meios para que um acompanhamento da sociedade seja implementado (não sei se já existe) em tempo real.

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