domingo, 22 de dezembro de 2013

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Caças
Naufragaram os interesses da indústria estadunidense de vender aviões à Força Aérea Brasileira. Viram a bisbilhotice do “império” afastá-los da concorrência e os suecos levarem o negócio.

O mais importante da negociação reside na transferência de tecnologia, produção de componentes em território brasileiro e a abertura dos mercados da América do Sul e da África e onde mais tenha o Brasil penetração comercial.

Ou seja, abrimos um flanco para a indústria nacional e uma fatia no mercado aeronáutico de defesa.

Muito mais que a simples reposição de equipamento trata-se de expressiva ocupação de espaço na logística mundial.

Natal
Para Carlinhos Cachoeira – condenado a 39 anos de prisão – arrasta-se o processo no exercício do direito a recursos. Trabalha tranquilamente e mesmo ensaia lançar a atual mulher na carreira política.

Para Rafael Braga Vieira, continuar na prisão. O catador e morador de rua foi detido, no dia 20 de junho, com duas garrafas plásticas – uma com Pinho Sol e outra com cloro. Acusado de portar coquetéis molotov terminou condenado a cinco anos de reclusão (não era primário). 

O único dentre milhões que protestaram no período. (Sua história integra a edição 200 da Caros Amigos).

O primeiro sabe de tudo o que fez. O segundo desconhece o que lhe aconteceu e nem mesma sabia o que ocorria em volta, pois apenas retornava ao local onde costumava dormir.

Um e outro terão direito aos mesmos carrilhões natalinos, em tempos de solidariedade cristã.

Caiu no laço I
Sem o perceber o ministro Joaquim Barbosa caiu no laço armado por aqueles que não dispõem de pernas próprias para avanços político-eleitorais. Na falta de propostas concretas para enfrentar a situação a oposição tem se valido de todos os meios para encontrar um caminho. Encontra apoio – se não conivência – na grande mídia, que há muito esqueceu seu compromisso com a informação jornalística para assumir plenamente seus contornos políticos.

A espetacularização alimentada pela mídia – onde aí o próprio Joaquim Barbosa se tornou conivente (haja vista até antecipar para jornais decisões que publicaria no dia seguinte) – servia ao desiderato da construção do personagem heróico que lhe foram atribuindo, de salvador da pátria. Que o ministro aceitou, caso não tenha provocado.

Tornou-se Joaquim Barbosa a figura imprescindível aos interesses mais conservadores. Como contraponto ficou refém dos que o incensaram.

Caiu no laço II
A decisão do ministro, de respaldar decisão oriunda do Tribunal de Justiça de São Paulo, mantendo a suspensão dos efeitos de liminar concedida para sustar a cobrança do IPTU em áreas específicas, alcançadas pelo princípio da afetação da mais-valia, é um exemplo.

Em sua manifestação afirmou que não podia agir de forma diversa porque não dispunha de informações em torno do orçamento da capital paulista. Caso fosse essa a razão, não lhe custaria pedir cópia da peça orçamentária. Afinal, um julgador não pode decidir com base no que diz desconhecer e poderia conhecer.

Resultado: aliou-se aos interesses da elite paulistana em detrimento das vantagens que chegariam às parcelas menos favorecidas da população.

Caiu no laço III
O prefeito Fernando Haddad ao estabelecer um aumento diferenciado para o IPTU não estava cometendo absurdo. Apenas cumprindo a lei municipal que autoriza o município a atualizar, através de ajuste, a planta genérica do IPTU da cidade.

Por dita lei a afetação da mais-valia deve corresponder à responsabilidade do sujeito da obrigação tributária, beneficiado por valorização que ultrapassa os limites a serem alcançados pura e simplesmente por Contribuição de Melhoria.
Como contrapartida, a redução do IPTU em áreas não alcançadas por iniciativas do poder público que beneficiaram camadas mais aquinhoadas de contribuinte e o custeio da redução da tarifa de transporte urbano.

Nesse sentido, nenhuma crítica a empresários, industriais e ricaços paulistas em defesa de seus interesses pessoais. A crítica reside a quem cumpre contornar os conflitos, buscando a promoção de Justiça.

Aí sobrou – no fim – para Joaquim. Assumiu a postura de defensor de ricos e abonados.

Candidaturas
A informação – que pode ser uma afirmação – é de Dora Kramer, em sua coluna no Estado de São Paulo: efetivamente o ministro Joaquim Barbosa tem pretensões político-eleitorais. (Pretensões político-ideológicas o demonstrou sem constrangimentos desde que julgou/acusou a AP 470). Assim como a possibilidade cerca a ministra Ellen Grace, que assinou ficha de filiação no PSDB no início de outubro.

Joaquim – segundo Kramer – pode não sair candidato a presidente, justamente porque confirmaria – escancaradamente, dizemos nós – a atuação político-propagandística de seus mais recentes atos no STF.

Ao que parece, dos partidos políticos, o PSDB muito se interessaria na candidatura de Joaquim Barbosa. Como senador pelo Rio de Janeiro.

Não sabemos se interessa à mídia que o incensou uma candidatura que não seja para presidente. Afinal, não tira o ilustre nome votos de Dilma Rousseff, tampouco asseguraria um segundo turno.

Quanto a Gracie, o tempo dirá em torno do que pretende com a filiação ao PSDB.

Resta esperar pelo futuro. Dos candidatos! Em razão da escolha entre fazer política no STF, julgando, ou pelas vias legais, concorrendo a um mandato.

De nossa parte já os temos como suspeitos em julgamentos que digam respeito a aspectos político-eleitorais.

Quando a má fé impera I
A chamada do Jornal Nacional desta terça 17 não perdeu o mote de estabelecer detalhe a ser desmentido pela matéria: anunciou a privatização da rodovia BR-163 e informa que a concessão o foi para trinta anos. Ou seja, subliminarmente – portanto, propositadamente – vai jogando no imaginário do telespectador menos avisado que privatização e concessão são sinônimos.

Na mesma terça anunciou inverdade, no que diz respeito ao direito de passageiros de avião terem de volta, integralmente, o custo da passagem paga, em caso de desistência.

Quando a má fé impera II
Criando uma singular semântica para erro ou manipulação da informação, no caso das passagens, cuidou de pedir desculpas  pela “falta de precisão”, o que ocorreu na edição desta sexta 20.

No que diz respeito à confusão que lança no ar para estabelecer privatização e concessão como sinônimos nenhuma palavra.

Faz o jogo e o discurso dos partidos de oposição ao governo. Só que ela (a Globo) não é um partido político.

Ao que parece o padrão global, no plano jornalístico, vai perdendo espaço para a distorção da verdade/realidade.

Perdendo espaço na mesma velocidade com que perde audiência.

Quando a má fé impera III
Como distorce a verdade factual perde credibilidade até para por no ar um editorial que a defenda das acusações de sonegação.

Mas, como soaria bem uma chamada da Globo anunciando que foi instaurado inquérito, na Polícia Federal para apurar dita sonegação!

Mesmo que dissesse ser perseguição do Governo.

Que dificuldade!
Quando a economia brasileira tropeça é alimento do noticiário contra o Governo. A linha editorial de Economia da Globo não pode ser considerada favorável ao Governo. Suas análises sempre estão recheadas de um “mas”. Tem dificuldade em explicar sucessos da política economia – ainda que não seja uma das sete maravilhas do mundo. 

Como ocorre com a análise em torno da redução da concentração de renda no Brasil. Gagueira é a tônica, como visto em vídeo por nós localizado através do Conversa Afiada http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/12/20/a-dificuldade-da-urubologa-para-boas-noticias/

Gesto simbólico
O mandato do presidente deposto João Goulart foi devolvido simbolicamente pelo Congresso na última quarta 18. Presentes todas as autoridades da República.

Simbolicamente todos aplaudiram. Menos os chefes das três Armas. Não sabemos se por respeito ao golpe que depôs o presidente ou se por artigo presente no código de disciplina militar.

Distante da mídia
Cai a inadimplência, assim como o desemprego. Descoberto mais petróleo no pré-sal – agora no Rio Grande do Norte – e a refinaria Abreu Lima deve entrar em funcionamento em 2015. Em pleno vapor a indústria naval, lançando plataformas, como a recente P-62. Notícias alvissareiras.

Difícil é uma análise, na mídia, que as reconheça como originárias e positivas dentre as políticas do atual governo.

Lugar comum
O ano caminha para o término. Mais que suficiente o tempo para avaliações das administrações que iniciaram suas gestões no 1º de janeiro. Muitas ainda não disseram por que assumiram. Outras patinam no lugar comum da escassez de recursos.

Quase todas – se não todas – pautam(ram)-se no mais comum dos lugares comuns: incharam a máquina e as folhas de pagamento.

Itororó
Quem mais sentiu o desastre do Atlético Mineiro no Marrocos foi a cidade de Itororó. Lá nasceu Pierre, o combativo meio campista do galo.

Não pode esquecer, no entanto, que dificilmente, no curso de uma ou duas décadas, um itororoense chegará tão longe em nível de conquista e de participação no futebol mundial.

Saudade
Ainda que a sintamos com coisas muito recentes e sabendo quão difícil será para as gerações últimas compreendê-la em seu mais profundo significado, brindamos a todos com Francisco Petrônio e “Baile da Saudade” (Palmeira- Marinozo). Muitos poetas de hoje desconhecerão muito do que nela se encontra expresso. Em palavras e sentimentos.


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* Coluna publicada aos domingos no www.otrombone.com.br 

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