domingo, 29 de dezembro de 2013

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Questão de conceito
Circula na rede a montagem pondo Fidel Castro e Barack Obama juntos. Sem proselitismos – a um ou a outro – é preciso reconhecer que o que os separa não passa de um conceito, pautado na liberdade restrita, observada sob o plano de instituições democráticas. Nada mais que isso, maciçamente alimentado pela propaganda controlada.

O Homem humanidade é peça estatística para o país de Obama – que o diga sua busca por tentar melhor distribuir o atendimento médico – enquanto para Fidel era a busca. O que difere as pretensões nacionais reside na dimensão econômica: EUA cerceando o direito de Cuba exercitar relações comerciais com o resto do mundo, enquanto arma ditaduras.

Aí resta a diferença: um espalha médicos; outro, armas, golpes e soldados vítimas.

Campanha
Vendas de eletrônicos subiram 41% no Natal, superando os 4,3 bilhões de reais entre 15 de novembro e 24 de dezembro, ante 3,5 em 2012 (Estadão), devendo faturar 28 bi no ano. O comércio dos shoppings 5%, alcançando R$ 132,8 bilhões, com aumento de 8% em relação a 2012 (Agência Brasil).

Ainda que haja crescimento por onze anos seguidos a Folha de São Paulo preferiu a manchete “Comércio tem Natal mais fraco em 11 anos”.

Futuro
O Brasil deve se tornar a 5ª economia do mundo até 2023 – afirma a BBC Brasil – a partir de levantamentos realizados pela consultoria Centre for Economics and Business Research www.cebr.com (Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios) puxada pelo crescimento da população e pelo comércio oriundo da agricultura, considerando que o país se beneficiará da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio.

Perderam o bonde
Faltou ao governo FHC e ao PSDB no poder a firmeza diante de propostas que interessariam ao povo. Poucas, por sinal, como a de José Serra, então ministro da Saúde, de trazer médicos cubanos. Sucumbiu e desistiu de assistir o povo com o mínimo de dignidade em atendimento médico. Que é justamente disponibilizar um médico e nada mais, como pode ser traduzido no registro abaixo:

“247 - A jornalista Vera Paolani visitou Melgaço, na Ilha do Marajó, que tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano do País; lá, não há saneamento básico e a população sofre com micoses, contaminações genitais, hipertensão e gravidez precoce; essa realidade começou a mudar com a chegada de médicos cubanos, que atendem, no mínimo, 24 pessoas por dia, em consultas médias de trinta minutos; a cubana Maribel Saborit relata uma experiência: ’Fomos a uma comunidade ribeirinha, fizemos travessia de barco e na casa de um senhor diabético de 86 anos ouvimos, depois do exame: quatro médicos aqui, quatro médicos me visitando em casa, meu Deus posso morrer feliz. Nunca tinha visto um médico’".

Não só nos rincões de Marajó: no instante em que enchentes ocupam o noticiário em regiões do Sudeste lá estão os médicos cubanos, em trabalho voluntário. É costume deles atender dificuldades pelo mundo.

Por isso o Mais Médicos tende a se tornar uma referência para o Governo. Que pode com ele colher dividendos eleitorais. Que o PSDB poderia ter colhido e deixou perder o bonde quando este passou.

Aprendendo
Dentre coisas positivas no curso deste ano que se esvai a tomada de consciência de que parte considerável da imprensa tornou-se um partido político.

Perdendo a compostura
A Globo sinaliza em seu jornalismo haver assumido, de forma plena, sua função histórica de partido político. Até o Globo Repórter – caso tomemos por referência a edição de sexta 27 – perdeu o tino e repetiu o que vem fazendo o Jornal Nacional: distorção de informação.

Em relação ao que era dito do Brasil não dava para convencer nenhum brasileiro. Parecia falar de outro país, um de terra arrasada.

O padrão da platinada está indo para o brejo. Vai fazer miséria durante o período eleitoral.

Perdeu a compostura. Resta saber se para se igualar a uma parcela da concorrência que lhe vem tomando alguns pontinhos ou se por desespero mesmo.

Ou talvez tenha desistido de dispor das burras oficiais com em tempos não tão distantes – dos bons tempos do “bolsa pimpolho” – quando detinha mais de 80% da publicidade governamental.

Pedagogia da desgraça
Localizado em comentário que circulou na rede: “Tem uma novela em rede nacional... seu nome é ‘Amor à vida’... mas muita coisa estranha acontece no ar... em horário nobre... filho roubando pai... marido traindo esposa e vice-versa... amante de sobrinha matando e esta enterrando a tia... tio tentando matar sobrinha recém nascida... ensinamentos de como traficar drogas... esposa dosando medicamentos para cegar marido, como vingança e para obter vantagem financeira. Alguém pode me dizer como manter as famílias estruturadas com esses ensinamentos? Ou alguém pode me explicar que amor à vida é esse?”

Gatas borralheiras
Um título pouco repercutido. Afinal este esporte em si ainda não faz parte dos negócios de quem o transmite. Mas as meninas do handebol – campeãs do mundo – deram o troco. Na quadra e em entrevistas. Desancaram a imprensa que as tratou como gatas borralheiras

Surpresa
2013 nos trouxe a surpresa de que a indústria da guerra não se concentra apenas nos Estados Unidos e na Rússia. Também na Suécia, de quem compraremos caças para a Força Aérea Brasileira. Com a possibilidade de nos tornarmos agente no negócio, além de desenvolvermos tecnologia e indústria própria.

Como sempre
Mais um ano em que o consumidor sofreu sob o cutelo das operadoras de telefonia. A confirmação de que a endeusada privatização do sistema Telebras não resultou nas melhorias – para o consumidor – tanto anunciadas.

Saiu do armário
O ano escancarou as mazelas do Judiciário, expressado em sua mais alta cúpula: o STF. Os absurdos cometidos falarão mais que a repercussão de suas decisões.

Ironias
Ricaços de uma hora para outra viram cair os castelos de areia construídos sobre pântanos. Eike para confirmar.

Sebastianismo
Afinal, para quem somente tinha sacis e curupiras e caaporas como símbolos criamos um herói nos moldes que atendem aos anseios colonizados. Não conseguimos – ainda – dar-lhe outras formas de voar (além das páginas) para assegurar-lhes espaço no sebastianismo tupiniquim. Como acontece com Joaquim Barbosa com as asas que lhe dão a mídia.

Promessa
Para uma Itabuna que repercute pouco no quesito positivo a melhor notícia do ano vem do esporte: a possibilidade de uma grapiúna competir na Olimpíada de 2016. Pelo menos já está relacionada para a pré-seleção pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Carnaval
Não deixa de ser louvável a iniciativa municipal de realizar o Carnaval antecipado de Itabuna. 

No entanto, ainda que disponha de uma matriz singular – a Lavagem do Beco do Fuxico – com tradição reconhecida e peculiaridades que lhe asseguram autonomia e identidade já anunciam a vinda de figuras de proa da música baiana para animar a festa.

A experiência tem demonstrado que o carnaval itabunense pode muito bem se transformar numa referência regional às expensas próprias. Ou seja, independente de “atrações” que custam os olhos da cara. Tem público cativo que dispensa arroubos midiáticos.

Apenas tem faltado planejamento e publicidade para atrair mais e mais foliões para viverem um típico carnaval antigo, que atende a todas as idades.
No quesito planejar a coisa se complica. Afinal, mais fácil o trivial.

Uns banquinhos e uns violões
Os coreanos trouxeram banquinhos no sentido estrito. Os violões parecem maiores que os instrumentistas. Estes, em particular, ainda que tenra a idade, já demonstram haver enfrentado – e dominado – aulas de técnica.

O resto é ouvir e ficar encantado.


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Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br


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