domingo, 2 de fevereiro de 2014

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Quem casa quer casa
Ouvimos de Simeon Ibarra Torres, padre colombiano que vive no Brasil, nos tempos em que paroquiou em Itororó e desenvolvia uma típica pastoral da construção para assegurar moradia para famílias necessitadas: “A casa, psicologicamente, é fonte de equilíbrio e de segurança para qualquer indivíduo. É o refúgio natural, o lugar que busca quando está em perigo, quando quer descansar ou se alimentar. Ter sua própria casa é o pleno assegurar do lar”.

Levada em consideração a observação, alguns milhares de brasileiros – ainda poucos milhões – estão se sentindo mais seguros, mais próximos do equilíbrio psicológico natural à espécie.

Dados divulgados pela Agência Brasil sinalizam para a existência de 3,2 milhões de unidades contratadas somente através do Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Detalhe que destacamos: 35% dos contratos foram celebrados por jovens com menos de 30 anos e outros 45% a clientes entre 31 e 45 anos.

Pela idade dos adquirentes podemos afirmar que o “quem casa quer casa” pode muito estar contribuindo. Ou para os que querem casar ou para os casados que não tiveram oportunidade de conseguir sua morada antes das políticas atuais.

A evolução das unidades financiadas deixa claro o que acontece no país nestes últimos anos: de 28,93 mil, em 2002, para 529,8 mil em 2013. 

Vale-tudo
Registramos não pela importância em si do expressado, mas pela tristeza de vivermos em um país onde o pensamento dos que fazem oposição ao Governo Federal, diante da dificuldade em superá-lo democraticamente através de lícito processo eleitoral, parte para tudo.

O confrade Afonso Dantas fez circular no Facebook, material que teria viajado no twitter e reproduzido na coluna de Cláudio Humberto, com a sugestão de que na volta de Cuba o avião presidencial com Dilma Rousseff fizesse uma “parada técnica” no Triângulo das Bermudas.

Como naquela área do Atlântico ocorrem fenômenos pouco explicados, onde desaparecidos aviões e navios, a ‘sugestão’ tem o condão de torcer pela morte da Presidente da República.

Nem como piada trash pode ser compreendida a intenção.

Solução extrema
A propósito, Paulo Henrique Amorim vazou de forma velada a informação de que há uma pesquisa não divulgada acusando melhora na popularidade de Dilma, queda na de Aécio e de Marina Silva e Eduardo Campos oscilando de 7% para 8%.

A soma de intenções de voto, envolvendo os três adversários, daria quase dez pontos percentuais a mais para Dilma.

Com esse caminhar talvez a solução seja realmente remetê-la a uma turnê no Triângulo das Bermudas.   

Cuba
Tornou-se lugar comum na imprensa escandalizar os investimentos realizados pelo Brasil em Cuba. Mais recentemente, no porto de Mariel. (Leia nosso “Inserção geopolítica”, neste blog).

Sobre calote lembrou Kenedy Alencar que, até hoje, dos que receberam crédito brasileiro e não pagaram somente uma empresa dos Estados Unidos, que comprou aviões da Embraer e outra do Chile, que adquiriu ônibus. Mas, prejuízo não há, porque são acionadas as apólices de seguro que garantem os empréstimos.

Não é o caso de Cuba, que paga régia e regularmente o que financiamos para exportação de nossa soja etc.

Lição
Tem sido o “assunto do dia”: o caos aéreo brasileiro, que não suportará a demanda de junho/julho. Basta que se atente para o chavão dos âncoras – mormente globais – “imagine na Copa!”. O mundo desabará.

Obviamente não podemos imaginar que o salto de consumidores de transporte aéreo a partir da melhoria da renda e de distribuição da riqueza, acentuados nos últimos anos, encontre o ponto ideal nas atuais condições de nossos aeroportos.

Como contraponto aos críticos trazemos uma outra visão, no que diz respeito ao espaço aéreo, que muitos imaginam que também ficará caótico durante a Copa do Mundo.

Divulgado pela FAB


A Airspace Magazine, publicação oficial da Civil Air Navigation Services Organization (CANSO), órgão sediado na Holanda, publicou uma matéria de capa sobre a experiência bem sucedida do controle do espaço aéreo brasileiro durante a Rio+20, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude. 

A publicação internacional ressalta que os grandes eventos registraram um aumento médio de aproximadamente 18% do tráfego aéreo, mas que os controladores brasileiros foram treinados em simulações para uma elevação de até 30%. Para leitura 


Siameses
Alguns livros lançados recentemente certamente não chegarão a muitas estantes brasileiras. Mormente de figurões antes encastelados na vestalidade de oráculos partidários a serviço de uma elite que tem profundas dificuldades de entender o que lhe acontece à volta.

No entanto podem – ditos livros – alcançar uma repercussão nada imaginável. Justamente porque seus autores se debruçam sobre temas tratados de forma maniqueísta em todas as dimensões (digital, escrita etc.) na denominada grande imprensa e começam a ‘melar’ a informação antes ‘privada’ e aliada aos interesses daquela mesma elite.

Estão aí os mais recentes: Operação Banqueiro, de Rubens Valente, e Operação Satiagraha, de Protógenes Queiroz.

Em Operação Satiagraha poucos terão dificuldade para reconhecer o “Morcegão” e o “Dr. Draco” na vida real: um, de invejável carteira de influência; outro, influenciado – tanto que habituado a distribuir habeas-corpus a ricos. Ambos situam-se como personagens em Operação Banqueiro.

O mantra
Redução de precipitação pluviométrica – expressão para pouco ou menos chuva – em algumas regiões do país já levanta o apocalipse sonhado por parcela considerável da oposição, que tem na lembrança o nada agradável apagão da era FHC que contribuiu para a eleição de Lula em 2002.

Os arautos – ou agourentos para nós – já anunciam o caos: vai faltar luz.
Esquecem apenas de um detalhe: o apagão – literalmente – de FHC não e deveu necessariamente à falta de chuvas, mas a deficiência nas linhas de transmissão e reduzida capacidade de produção de energia termoelétrica.

O que não acontece agora.

Da civilização à barbárie
A Revolução Industrial somente se materializou porque desenvolveu um mercado consumidor que pudesse absorver o que tecnologia multiplicava em unidades produzidas com aquele embrião de produtividade. Nela se sustentou o processo capitalista.

A denominada economia de mercado se baseia no consumo. Sem consumidor a produção está fadada a encalhar.

No Brasil, por tudo que temos visto e ouvido, parece que a postura atávico-preconceituosa pretende estabelecer bolsões para o consumo: shoppings só para ricos; para a classe média que emerge das classes D e E as feiras livres, a paulista 25 de Março ou o carioca Saara.

A realidade fala mais alto. A emergência sócio-econômica de parcela da população – graças a políticas governamentais, como distribuição de renda e recuperação do poder aquisitivo dos salários – cobra a inserção destas camadas. Espaços antes destinados apenas a um percentual mínimo de aquinhoados começam a ser disputados, dentro da lógica do mercado: quem dispõe de recursos pode e deve comprar.

Certamente ainda persiste uma visão restrita que preferiria outro estágio de consumo. Ainda que não expresse, inconscientemente uma parcela considerável da elite brasileira gostaria de ver os que não integram o 1% que detém 60% da riqueza nacional se divertindo como em bolsões de miséria da África.

Em vez da busca por shoppings que se contentem com brinquedos de barro.

De leituras e borboletas
Lá se vão muitos anos das leituras que fizemos de “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez. Leitura fizemos muitas, caro leitor, até que dominássemos a genealogia/ideologia que se alternava entre José Arcadio Buendia e o Coronel Aureliano Buendia. No universo da Macondo fantástica, inspirada em fatos verídicos, havia um personagem cercado de borboletas amarelas. Era sua identidade, ainda que não visto. Por causa delas, e do namoro proibido, morreu.

Neste Brasil varonil, fantástico em personagens que não nascem da literatura de um Garcia Marquez, muitos aguardam o retorno de Joaquim Barbosa para mandar esquartejar José Dirceu.

Bessinha bem traduz tudo isso em charge. Na falta de borboletas amarelas, moscas em profusão.

Dois tapas
Joaquim Barbosa começa se ver humano. Pelo menos – é o que parece acontecer quando despido da AP 470 – suas fraquezas e erros vão chegando ao limite da tolerância (Não confundir com aquela “casa” em que Sua Excelência parece ter pretendido tornar o STF quando violou/estuprou regras, fundamentos e princípios jurídicos universais, na sanha condenatório-linchamento de algumas figuras do mundo da política que exerce o poder).

O ministro Lewandovski liberou o inquérito 2474 (escondido a sete capas por Joaquim Barbosa) que certamente teria absolvido alguns condenados de alguns crimes a eles atribuídos.

O mesmo Lewandovski acolheu pedido de liminar em Mandado de Segurança contra ato de Joaquim Barbosa como presidente do Conselho Nacional de Justiça.

Neste último caso o depoimento denúncia da parte interessada (uma advogada cega) fala mais que qualquer texto. Inclusive por dar nome aos bois. Ou, ao boi: Joaquim Barbosa. (clique em http://www.youtube.com/watch?v=axA3zoP5WxM)

Terceiro tapa
Associação de magistrados, através de seu presidente, critica a viagem de férias de Joaquim Barbosa às custas do STF (ou seja, dinheiro do povo) pela inoportunidade (do uso de diárias em período de férias) e péssimo exemplo.
Leia a íntegra de “Por trás dos holofotes”, do juiz Fernando Ganem, presidente da Associação dos Magistrados do Paraná em http://jornalggn.com.br/noticia/presidente-da-associacao-dos-magistrados-critica-viagem-de-barbosa

Quarto tapa
Não deixa de ser uma bofetada nas intenções do julgador: apesar de multas milionárias (uma delas incompatível com o patrimônio individual, como a aplicada a José Genoíno), campanhas de iniciativa popular (ainda que o sejam de membros do PT) têm assegurado arrecadações para o pagamento. Genoíno e Delúbio já pagaram a deles. E ainda sobra dinheiro para ajudar outros petistas presos, no caso José Dirceu e João Paulo Cunha.

Tiro pela culatra
A mobilização da militância para cobrir as multas aplicadas por Joaquim Barbosa a “companheiros” constitui-se verdadeira campanha político-partidária a trabalhar com os brios das bases.

Para quem falava em acomodação da militância se prepare para vê-la na campanha pela reeleição de Dilma Rousseff.

O que parecia caminho para o ocaso torna-se estrada de luta e de esperança.

Para quem pensou que prender próceres do PT levaria a turma à depressão simplesmente ministrou-lhes um estimulante.

Tensão
A tensão ora existente no universo político-administrativo de Itabuna não está limitado pura e simplesmente a um jogo ou disputa entre aliados.
Vemos o conflito entre manutenção de peças que demonstram incompetência para com o exercício da função a que foram delegados e a perspectiva de realizações que marquem a administração. Ou seja, parece prevalecer ‘vontades’ e não projetos.

Mais se agrava tudo quando circula à boca miúda o desejo de que um grupo gostaria de afastar o prefeito Claudevane Leite das funções para as quais foi eleito.

Qualquer que seja o caso Sua Excelência precisa ficar de olho. Por correr o risco de ser alijado de qualquer forma: ou pelo afastamento ou pelo desgaste da imagem de administrador. Que vai se afundando de acordo com pesquisas.

Fato concreto: a tensão existe. Setores do comando gestor da administração não estão se desincumbindo bem do papel que lhe foi atribuído. Um ano já se passou. Tempo mais que suficiente para mostrar ao que vieram.

‘Nem que a mula manque’
“Eu Quero é Rosetar” (Haroldo Lobo-Milton Oliveira) é um samba carnavalesco, gravado em 1946 por Jorge Veiga para o momesco de 1947. Por ser considerado uma imoralidade foi censurado e, naturalmente, proibida a sua veiculação. Quem andou insistindo em cantá-lo corria o risco de ser detido ou mesmo agredido, como um rapaz que teimou em ‘declamá-la’ na Leiteria Aviz, na rua do Riachuelo, e foi ferido mortalmente pelo proprietário com um furador de gelo porque causava ‘desrespeito às famílias presentes”.

Hoje, neste evoluído país de outros costumes ‘rosetar’ nada significa diante da qualidade do que chamam de música baiana. Claro, também, que não vivemos tempos de malandragem romântica.

Certo que em Itabuna, na falta do prometido Carnaval Antecipado, a turma não perdeu o mote e “rosetou” no Beco do Fuxico no aniversário de Cabôco Alencar, o filósofo do ABC da Noite. Onde ninguém sai ferido. A não ser pela “saudade”. Até o ano que vem.


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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br

Lamentável
O assassinato de Eduardo Coutinho é uma perda irreparável. O cinema perde uma de suas maiores expressões. Basta que lembremos a saga "Cabra Marcado Para Morrer".





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