sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Entre dois

Extremos
Os extremos são físico-geográficos. Em linha reta não se constituem as maiores distâncias entre si no território nacional. No entanto, considerável que haja em torno de mais de 4.000 quilômetros entre eles. Trata-se dos municípios de Novo Hamburgo-RS e Itapipoca-CE.

O que os une neste instante – por força do texto – é o fato de moradoras (mulheres, sim) viverem situações idênticas sob o condão de um projeto do qual dependeram durante certo tempo: o Bolsa Família. 

A cearense Maria de Fátima dos Santos (51), viúva, e a gaúcha Delci Lutz (49), divorciada, devolveram para alguém ainda carente o cartão do projeto.

Como outros 2,8 milhões de beneficiados, negam o discurso vazio do conservadorismo de que ensinar a pescar é melhor que dar o peixe. Um viés preconceituoso de esperar que miseráveis e famintos tenham como competir com quem tem o estômago satisfeito.

Nelas não estão presentes valores somente de quem encontrou no Bolsa Família o meio da subsistência imediata. Tiveram ambas a oportunidade – assim que assegurada a estabilidade alimentar – de buscar a melhoria de vida partindo do progresso intelectual (ainda que limitado, certamente) enquanto os filhos viveram a escolaridade plena para alcançar melhores dias. Oito são os de Maria de Fátima, dois os de Delci.

Individualmente fizeram seus cursos, aprenderam mais para aprimorar suas vocações de costureira (Delci), tornada também figurinista na formação que buscou, e a agricultora (Maria de Fátima) mais aprendeu em torno do que sempre fizera e hoje “até palestra” faz.

O que aqui trazemos se encontra no post do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Talvez sejamos chamado de apologista do Governo Federal.

No entanto, nos sentimos bem melhor falando de gente que encontrou apoio oficial, e se diz mais aquinhoado na existência, que apoiar o ‘crescimento do bolo’ para posterior divisão (que nunca ocorre).

Entre os dois extremos – não mais físico-geográficos – preferimos o que reconhece o ser humano como destinatário do progresso material, a cada um cabendo uma parcela. 

Por menor que seja. Mas que lhe dá dignidade.

Fiz questão de pedir que passassem o benefício para uma pessoa mais carente aqui da comunidade”, revela Fafá. (Foto: divulgação/MDS)

“É com muito orgulho que entrego o meu cartão. Com esse dinheiro foi possível pagar as contas e dar segurança para os meus filhos”.


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