domingo, 20 de janeiro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
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Há 40 anos
O segundo Concílio da Igreja Católica realizado na cidade-estado do Vaticano, conclamado pelo Papa João XXIII através da bula Humanae salutis em 25 de janeiro de 1961 e inaugurado em 11 de outubro do ano seguinte, vindo a findar em 8 de dezembro de 1965 quando não mais vivo quem o convocou e sim o Papa Paulo VI, muito trouxe de contribuição para uma Igreja que precisava compreender o seu tempo, ainda que não se tenha como concluídas plenamente as suas proposições.

Diferentemente do Concílio Vaticano I, convocado pelo Papa Pio IX no período 1869-70, para enfrentar ideologias nascentes (Racionalismo, Materialismo) que entendia a Igreja estarem a afetar a estabilidade da instituição, mais voltou-se para os primados da fé, dele saindo, inclusive, a definição do dogma da infalibilidade papal, sem adentrar pelos fatos nascentes e suas repercussões no mundo.

Nem mesmo a Encíclica Rerum Novarum no final do século (1891), do Papa Leão XIII, apenas duas décadas depois, ao defender direitos dos trabalhadores, enveredando pela nova ordem que surgia, e as que se lhe seguiram, refletiu na compreensão do prelado em torno do que efetivamente acontecia.

Dom Hélder
Trazemos à baila o Vaticano II para lembrar da importante participação de um brasileiro, objeto de um documentário – “Dom Hélder Câmara – o Santo Rebelde” (2004), de Érika Bauer – que para Roma levou sua experiência com a realidade latino-americana que o fazia pensar numa Igreja com o povo participante e não distante dela.
Integrante da ala que veio a ser denominada progressista, dela foi figura central, criando a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), sem falarmos do destaque que teve no enfrentamento às ações da ditadura militar.

Sobrando terra
Ainda que a respeitada Nature Geoscience tenha defendido em editorial há meses a existência de uma e única Terra (One and only Earth), utilizando-se de dados do telescópio espacial Kepler (o pesquisador de planetas fora do sistema solar), posição digna de figurar no catálogo geocentrista da Idade Média, dados recentes, divulgados pela própria equipe do telescópio, concluem em torno da possibilidade de, pelo menos, um planeta poder orbitar em uma de cada seis estrelas, o que oferta a possibilidade apenas de 0,0000001% de ser a Terra único planeta, elevando o universo possível, somente na Via Láctea, da existência de 17 bilhões de terras.


Tal possibilidade reflete a existência de planetas em condições idênticas à nossa, inclusive com atmosfera e água.

Com tanta terra por conquistar, querem acabar com a nossa!


Lição pouco seguida
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está desagradando a gregos e troianos (começando por petistas), incomodando movimentos sociais e criando verdadeiro suspense na Câmara Municipal. Recusa-se à pressão por cargos. Leia-se como tais pressões as indicações políticas.


Para Haddad a indicação pode até corresponder a alguma ligação política, mas isso será por coincidência e não por pressão de quem quer que seja. A qualificação técnica deve prevalecer.

E ficamos a espera de que o exemplo frutifique. E de que o prefeito paulistano mantenha-se firme no propósito.

Região Metropolitana
Vemos com satisfação o aprofundamento da idéia que temos defendido com ênfase nestes últimos 10 anos: a criação da Região Metropolitana de Ilhéus-Itabuna. Lemos n’ O Trombone que na sexta 18 os prefeitos Claudevane Leite (tendo ao lado o vice Wenceslau Júnior), de Itabuna, e Jabes Ribeiro (de Ilhéus) reuniram-se em torno do assunto buscando aprofundar iniciativas conjuntas para que tal ocorra.

Itabuna perdendo
O prefeito Claudevane Leite precisa estar alerta neste instante – já que mantém relações amistosas com Jabes Ribeiro – para provocar a revisão dos limites entre Ilhéus e Itabuna, visto que a lamentável decisão legislativa recente limitou-se a aviventar rumos e não a cumprir com sua função institucional de analisar histórica e economicamente a atual relação territorial entre os dois municípios.

Abre o olho prefeito!

De nossa parte o amor roxo de Jabes Ribeiro pela implantação da Região Metropolitana está vinculado a criar os mecanismos que obriguem a autarquia que a alimentará a resolver problemas que Ilhéus terá com a manutenção dos limites nos atuais critérios. Temos que o súbito “amor roxo” já poderia ter acontecido em outras oportunidades em que Jabes foi prefeito, inclusive aliado da situação à época, em nível estadual.

Afinal, como fornecer água aos equipamentos que estão sendo instalados nos exatos limites de Itabuna e distante quase 30 quilômetros de Ilhéus, que estaria obrigado a fornecê-las?

Para nós essa a jogada: ficamos com arrecadação que naturalmente está vinculada a Itabuna e a Região Metropolitana define o custeio daquilo que a nós (Ilhéus) particularmente caberia cobrir.

EMBASA x EMASA I

Chega-nos informação de que há evidente interesse político do Governo do Estado em assumir dois equipamentos públicos em Itabuna, atualmente sob controle do município: a captação e distribuição de água e o Hospital de Base.

Pretenderia o Estado administrar o Hospital de Base tornando-o Regional, nos moldes que faz com outros no Estado.

No que diz respeito à captação e à distribuição de água pesaria o argumento de que somente o Estado comportaria o universo de investimentos de que carece o sistema itabunense para corresponder às necessidades de consumo municipal (leia-se aí não somente doméstico, mas também o industrial).

A barragem do rio Colônia, por exemplo, nos disse o interlocutor, demandará por mais de 40 milhões de reais somente para que a água seja trazida da fonte à distribuição e tal obrigação estará a cargo do município de Itabuna.

EMBASA x EMASA II

É notório, junto aos técnicos dos sistemas de distribuição de água, que a obrigação do Estado de fornecer água tratada a populações de pequenas localidades resulta em prejuízo (avaliação que vemos como própria do neoliberalismo e sua noção de que saúde e saneamento são despesa e não investimento), considerando o custo do investimento e a sua remuneração, o que é coberto pelo controle da mesma distribuição em grandes centros populacionais, razão por que há uma compensação entre uns e outros para a contabilidade geral.

Sob este aspecto Itabuna torna-se menina dos olhos para a EMBASA.

Hospital de Base

No que pertine ao Hospital de Base prevaleceria o argumento de que, cabendo ao Estado a sua gestão administrativa, mais facilmente ocorreriam as coberturas financeiras devidas pelos municípios que lhe são tributários em nível de demanda.

Hoje, por exemplo, a rede hospitalar itabunense assume a concentração da demanda regional e como, em nível de atendimento hospitalar, não dispõem os pequenos municípios de meios pra corresponder à demanda própria fazem encaminhar Itabuna uma gama de seus problemas sem que paguem por tais serviços, em que pese receberem do SUS os recursos para atendê-los.

Ponderações I

No que diz respeito à estadualização do Hospital de Base, considerando que ao município é dificultado o controle da pactuação com outros municípios e difícil seria a recusa, por não-pactuação, a atender pacientes deles originados, a provável proposta do Governo Estadual parece mais passível de análise.

Difícil é o município perder cargos para atender às indicações da base de sustentação.

Ponderações II
No que diz respeito à captação e distribuição de água defendemos a permanência do Município à frente da gestão, a partir de um elementar raciocínio: se interessa ao Estado é porque não é ruim.


Cumpre à administração local tão somente ser competente para evitar o que Ricardo denunciou esta semana em entrevista: desperdício e cabide de emprego.

Contribuição

Considerando que a dengue é a única doença tropical autônoma que se expandiu na última década, e sua incidência se multiplicou por 30 nos últimos 50 anos, tem potencial para se transformar em epidemia mundial, tendo sido a presença do mosquito detectada na Europa desde 2010, estando presente em 150 países, onde entre 50 e 100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente, 500 mil delas em sua dimensão mais grave, a hemorrágica. É o alerta da Organização Mundial de Saúde. (Do Terra).

Não falta quem admita, diante da velocidade da expansão, que não tarde o surgimento de uma vacina. Afinal, a indústria farmacêutica vive de explorar doença. Quanto mais gente precisando de remédio, mais motivo para desenvolver a fórmula salvadora.


De nossa parte fica a ironia: alguns destes Secretários de Saúde de Itabuna nos últimos oito anos seriam acionistas da indústria farmacêutica?

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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

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