quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS-Dia 8 de janeiro de 2012



adylson machadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

A natureza se espelha

Não imagine o leitor que à direita temos uma montagem ou pintura onde o artista misturaria flora e fauna. A flora traduz uma orquídea, a orchis simia, natural do Equador e Peru, a "orquídea macaco", também chamada de "Dracula Simian" pela semelhança com a indumentária do famoso Conde Drácula (vistosa capa e o colarinho alto, como o cinema o construiu).
Não bastasse, os filamentos inferiores, nas extremidades das pétalas, lembram as presas do Drácula ficcional.
natureza

Antes tarde

tvtA denominada esquerda padece, historicamente, dos caminhos elementares que alimentam a direita na difusão de suas ideias. (Discutimos tal fragilidade em capítulo de nosso “Amendoeiras de Outono” – Via Litterarum). Em um século de história, desde as experiências anarquistas, um ou outro jornal ou revista estoicamente se ofereceu ao cumprimento do dever. Mas, nem de longe competiu – e ainda hoje não compete – com a organização e o controle dos que lhe são contrários. Quando muito se imagina “conquistando-os” quando de fato alimentam financeiramente os que lhe “batem” enquanto estão no poder.
Notícia veiculada na rede, a partir de matéria de Daniel Roncaglia, na Folha de 27 de dezembro (Rede de comunicação criada por sindicatos da CUT cresce) sinaliza para o que entendemos como uma tomada de consciência em torno do assunto. (Detalhes emhttp://www1.folha.uol.com.br/poder/1206779-sindicatos-vinculados-ao-pt-criam-rede-de-comunicacao.shtml).
A TVT – TV dos Trabalhadores – projeto amadurecido a partir de 1980 começou a funcionar em 2010. E integra uma rede de comunicação que hoje envolve uma emissora de televisão, três rádios, dois sites de notícias, dois jornais e uma revista mensal.
Até que enfim!

A luta de Geraldo

Poucos entenderam o que se passava na cabeça de Geraldo Simões em 2012. Tudo porque não há como explicar o que pensava o deputado em relação ao partido do qual historicamente é um dos primeiros fundadores, a ponto de sacrificá-lo visivelmente para corresponder aos seus interesses.
Lógico que a individualista visão, particularmente mesquinha em alguns aspectos, tinha no militante, que através dele conquistara prestígio por força de sua luta e coerência num passado não tão remoto, fez chegar a um projeto: ele.
Dentro de tais limites ousou e perdeu.

O que Geraldo perdeu

A luta de Geraldo era voltar a ser o centro de atenção regional, Itabuna como cabeceira. Muitos dos seus projetos administrativos – frustrados com a não reeleição em 2004 (um prejuízo de 30 anos para Itabuna), em muito devida ao famoso “PT do tapetão” – estão prestes a se consolidar: a cobertura do Lava-Pés e a reurbanização da Amélia Amado, a barragem do Colônia, a Universidade Federal. Não tardará um outro: o primeiro centro de cirurgia cardíaca do interior da Bahia, no Hospital de Base. Assim como pode deslanchar o pólo industrial para manufatura do algodão do Oeste baiano.
Sem enveredarmos por outros projetos de Geraldo, os primeiros acima citados serão capitalizados por Vane. A ordem de serviço para a barragem do Rio Colônia, mal Vane inicia a gestão (oito dias apenas), era sonho de Geraldo que o fosse com Juçara. Assim os demais.
Por isso Geraldo lutou; e perdeu.
Geraldo não será lembrado de nada que projetou. Injustiça que seja; por culpa exclusiva dele.

Os brados

Ouço os brados que ecoam de Itororó. Não por causa da tradicional carne de sol (prestes a finar-se, como tradição, quando perder a essência de sua feitura) mas pela ação desafiadora do prefeito eleito, nomeando alguns parentes (dentre eles a genitora) para cargos de confiança.
Os brados, no entanto, não repercutem na dimensão que os observadores externos imaginam. Marco Brito encontra-se sob o signo do perdão. Afinal, todos em Itororó o conheciam (prefeito duas vezes) e a Edineu Oliveira (também prefeito outras duas), novamente tornados correligionários depois de o serem na primeira eleição de Edineu e estarem separados até o reencontro.
Os brados ecoam mesmo é contra Adroaldo Almeida, o prefeito que conseguiu o milagre inimaginável de eleger quem estava enterrado fazia tempo.
Deste modo, o ressuscitado tudo pode. Inclusive esta coisinha menor, de nomear parentes, que deram de denominar nepotismo!

Reação I

O militância do PT, em nível nacional, andava acomodado sob o manto de quem desenvolveu a cultura política de eleger “postes”, cunhador da expressão já famosa de que “É de poste em poste que o Brasil vai ficar iluminado”. Assim, se dispensava a aguerrida militância de ocupar as ruas, de portar bandeiras sem o crivo profissional.
A postura do STF, ao politizar o julgamento do caixa 2 petista, oficializado “mensalão”, atendendo aos reclamos dos segmentos da elite que não dispunha de meios para enfrentar o tal fazedor de “postes”, gerou indignação e mexeu com a autoestima da base petista. Afinal, Genoíno e José Dirceu – condenados sem provas no tribunal de exceção – nunca poderiam ser o que quiseram muitos dos ministros capitaneados por Joaquim Barbosa: os criminosos que gostariam que fossem.
A reação foi reocupar as ruas em muitos espaços do país. Onde foi possível fazê-lo. Porque lugares houve que nem o fazedor de “postes” elegeria o candidato. Itabuna entre eles.

Reação II

Ainda que tardia não deixa de ser sumamente oportuna a reação que se esboça nas hostes do PT itabunense para trazer a sigla às origens depois de usurpada para atender ao PTdoG.
Começa pela busca de convivência com a administração do prefeito Claudevane Leite.

Reação III

Analisam cabeças pensantes do PT itabunense que a postura de Geraldo Simões nada tem a oferecer como contribuição para a sigla, uma vez que a olha como feudo particular. Observam que, apesar de o PT ter votado para eleger a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Itabuna, não conseguiu inserir um mísero integrante de último escalão na composição.
Tudo porque Geraldo radicalizou na orientação, contrariando muita gente.

Da posse II

Das cerimônias de posse dos eleitos em 2012 emerge no eixo Ilhéus-Itabuna o grande vitorioso: Davidson Magalhães.
Observadores têm como natural uma eleição de Davidson para a Câmara Federal em 2014 com uma invejável votação: 200 mil votos.

Da posse II

Nada confiável a situação político-eleitoral de Geraldo Simões. Não só perdeu na aposta que fez para 2012. As seqüelas acossam-no levando-o para uma doença que os políticos não gostam de ouvir falar: derrota. Para ele, mais uma.
Sua situação em 2014, se mantida a queda de votos – tomando-se como parâmetro a eleição de 2006 – praticamente joga uma pá de cal no futuro imediato.
Para quem superou 89 mil votos em 2006 e os viu decrescidos para 75 em 2010 (ainda assim graças ao apoio do hoje deputado estadual Rosemberg Pinto). Como lembrete dois aspectos: em 2008 a mulher, que ele lançou para ser sua cabeça de ponte eleitoral, teve 44 mil votos para prefeita e em 2012 despencou para 16 mil. Não fora isso, também foi Geraldo secretário da Agricultura da Bahia.
Amigos de Geraldo apostam que terá dificuldades para conseguir 8,5 votos em Itabuna.

Calos

Que esperar GS de 2014? Reza para que Rosemberg Pinto não saia candidato a deputado federal e mantenha o apoio em alguns municípios, um deles de difícil manutenção de votos, como Itororó.
Josias Gomes pode instalar-se em Itabuna até maio para arrebanhar descontentes com Geraldo, o que já vai fazendo municípios afora.
No entanto o calo maior para ele não será Josias Gomes. E sim Davidson Magalhães; que em Itabuna pode retirar-lhe uma considerável parcela daqueles votos de admiradores do PCdoB que nele votavam.

Uma foto que diz muito

reuniãoA ordem de proximidade ao prefeito na mesa de reuniões variou. No tempo de Geraldo Simões quem lhe estava imediatamente próximo era o Procurador-Geral do Município, José Orlando Rocha de Carvalho.

Proposta concreta

Do que ouvimos até agora o que há de revolucionário – não por sê-lo em si, mas por estar expressado em nível itabunense – é a proposta da Secretária de Educação, Dinalva Melo, que pretende atuar de modo a unir, através da educação formal, a escola, a pesquisa, o reconhecimento, o resgate e a conformação da identidade cultural local. Para tanto, anunciou a professora Dinalva Melo que está em andamento uma ação conjunta com a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania para desenvolver os projetos que alimentem a proposta.
Posta em andamento a idéia teremos algo inusitado, repercutindo em menos de dois anos. E a ruptura com a concepção de conservadores governantes de que gasto com cultura é luxo.

Centenários

Wilson Batista, Vinicius de Moraes e Ciro Monteiro fariam 100 anos de nascidos em 2013. A eles voltaremos nos próximos DE RODAPÉS...

Folia de Reis

Da tradição brasileira, forte no Nordeste, já foi pujante em nossa região. De antes do Natal até a festa de São Sebastião, corriam casas em ruas e roças cantando a viagem dos “santos Reis Magos” até o encontro com o Menino Jesus.
Em Itabuna a gente do Cerrado e de Itamaracá dispunha de seus músicos, flautas de bambu, ganzás e tambores. Aqui mesmo, Miúdo, que faz dupla com Miudinha (moradores no bairro Lomanto) participaram de festejos, que tem data oficial no 6 de janeiro.
A tradição, de origem portuguesa, se esvai pelo ralo, restando na lembrança de poucos. Como nossos casarões.
Como protesto, dispensamos a música original para lembrar o Dia de Reis na forma estereotipada cantada por Tim Maia em “A festa de Santos Reis”.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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