segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS -Dia 13 de janeiro de 2012


Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

Estimulante

Não deixa de ser exultante e alvissareira para muitos a notícia de que um trabalho realizado por pesquisadores da Queen Margaret University, de Edimburgo, na Escócia, envolvendo 58 voluntários de idades entre 21 e 64 anos, concluiu que o suco da romã (punica granatum) estimula uma gama de atividades do organismo, inclusive a sexual. Neste particular, os índices da testosterona aumentaram entre 16% a 30%, com a pressão arterial despencando, após o uso contínuo durante 15 dias, em ambos os sexos. (Informações do Daily Mail)
romãEm pesquisas anteriores o suco da romã – originária do Irã, onde conhecida por volta de 2000 a.C. – já acusara a presença de antioxidantes, além de combater várias formas de câncer, não fora aliviar sintomas da osteoartrite, problemas de estômago e até conjuntivite.
Ainda que a amostra da pesquisa escocesa seja pequena, nada mal, para todas as intenções, cultivar um pezinho de romã no quintal.  Especialmente para a turma que anda meio alquebrada e olhando comprido para o sexo oposto.

Vitória boliviana na ONU

A luta contra o uso e difusão das drogas tem levado a distorções, como o de intervir na dimensão cultural afeta a povos e nações. Algumas tribos indígenas utilizam a maconha em seus rituais há séculos; os povos andinos – em particular os bolivianos – têm o hábito de mascar folhas de coca in natura como forma de evitar distúrbios no organismo em decorrência da altitude.
A campanha contra o uso e a difusão das drogas tornara a canabis sativa droga ilícita no início do século XX, a partir dos Estados Unidos (alguns analistas entendem que tal ocorreu porque o consumo à época estava adstrito a negros e latinos), bem como incluir o mascar folhas de coca como crime, o que era reconhecido pelo ONU, em flagrante desconhecimento da cultura local da gente boliviana.
Decisão recente da ONU descriminaliza o uso da folha de coca in natura, como postulara a Bolívia, reconhecendo o seu uso como legal, na forma de exceção para a convenção de narcóticos. (detalhes em http://www.bbc.co.uk/mundo/ultimas_noticias/2013/01/130111)
Mais que uma vitória da Bolívia, a prevalência do bom senso, diante da ideia de que criminalizar é a solução para tudo.

O que deveria ser atacado

No caso particular das drogas a maioria dos países recusa a reconhecer o fato como um problema de saúde pública, e como tal cuidá-lo. Muito menos dimensionar que tal ocorre por consequência da apropriação capitalista do negócio das drogas ilícitas, o que também acontece com a prostituição e o tráfico de mulheres.
Entendem mais fácil construir prisões. Enquanto isso o tráfico agradece e nossos jovens mais se enveredam no errôneo caminho, levados pelos interesses financeiros que alimentam o tráfico.
Interesses que, quando aprofundados em torno dos beneficiários, enchem as burras de muita gente grande e importante. Inclusive países. Sejam como consumidores, sejam como fornecedores de equipamentos para o combate.

Contrapondo

O dinheiro oriundo da Visanet foi o carro-chefe para a Procuradoria-Geral da República vincular como recursos públicos (tema questionável) aqueles que também irrigaram o caixa 2 petista, denominado mensalão, o que teria ocorrido através do operador Marcos Valério, que o PT foi buscar nas hostes do PSDB mineiro, tamanha a experiência adquirida nas campanhas tucanas em 1998.
Como o chifre na cabeça de burro foi aceito pelo STF torna-se imperioso aprofundar as operações do mesmo Marcos Valério com recursos da mesma Visanet. O que fez, em matéria veiculada emwww.conversaafiada.com.br, assinada por Lia Imanishi, a revista Retrato do Brasil, sustentada nas peças da própria AP 470, mostrando que o operador transferiu da empresa, no período apurado como de desvio para o mensalão, milhões para a Globo (ESCÂNDALO?! A rede Globo ficou com o dinheiro desviado do Banco do Brasil?), concluindo e demonstrando que os serviços efetivados pela DNA de Valério realmente foram prestados e pagos e não desviados. A matéria questiona justamente os argumentos do STF de vinculação de “recursos públicos” da Visanet para o caixa 2 petista.
valérioO fato que levantaria suspeita não está em a Globo receber dinheiro da Visanet, mas que tenha ocorrido através de Marcos Valério, operador de caixa 2 de tucanos e petistas, no período de ocorrência do denominado mensalão. No entanto, o que a matéria comprova é a que a documentação que alimentou a sanha punitiva do STF a partir da Visanet não oferece nenhuma sustentação para condenação de quem quer que seja e foi utilizada em flagrante violação ao conceito de prova.
A dedução é de que o STF – se não reconheceu a Globo como integrante da “quadrilha” – ultrapassou os limites da prova judiciária para enxergar desvio de recursos públicos onde houve pagamento à empresa de televisão e, em decorrência, a correspondente remuneração do percentual contratado à DNA.
Não nos esqueçamos que o mesmo STF dispensou compreender que qualquer empresa de propaganda fatura a partir dos serviços que veicula. Desta forma, o dinheiro veiculado em inserções na Globo voltaram em percentual para a DNA como faturamento e não como desvio.
Não ocorrendo desvio inexiste o crime que somente o STF “enxergou”.

Quebrando a cara

O vazamento de dados pessoais do ex-presidente Lula, atribuídos a um destes hackers que pululam por aí, ouriçou setores conservadores que querem ver “o cara” longe da política brasileira, incomodados com as últimas inconveniências do retirante nordestino. (Afinal, o cara deu de erigir “postes” e tem se dado bem na empreitada).
Matéria do Financial Times, assinada por Joe Leahy, nesta sexta 11, a partir da “informação”, vê os imóveis de Lula como “mal pintados”, além de “localizados em subúrbios perigosos”, revelando, no fundo, que o que possui o ex-presidente não tem nada demais para quem convive há trinta anos com a vida pública.
Cabe-nos aguardar o próximo capítulo assinado pela turma!

Itabuna de fora

A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia analisa a possibilidade de um novo roteiro turístico para a denominada Costa do Cacau. Destaca tudo que nele possa estar inserido, inclusive as locações da novela Renascer. Não lemos uma só nota sobre a inclusão de Itabuna no roteiro.
O prefeito Claudevane Leite precisa colocar os órgãos da administração (competentes para a demanda) na trilha para lembrar ao secretário de Turismo, Domingos Leonelli, que o cacau tem uma história também interiorana e divulgada mundialmente o foi através da ficção de Jorge Amado.
Como produto, a obra amadiana, muito tem de palco o universo itabunense. Não só em decorrência de ser a terra onde nasceu, e viveu parte da infância, o próprio escritor (o que nunca negou), a bicentenária Ferradas, como pelo palco das lutas das terras-do-sem-fim, centradas entre Mutuns, Pirangi (Itajuípe) e a própria Ferradas.

Curingas

Em texto publicado em nosso Rastilhos da Razão Comentada nohttp://adylsonmachado.blogspot.com (Melodia e concerto – Por tema a incerta herança) levantamos hipótese, a partir de considerações traduzidas por prócer petista local, de não confiabilidade do atual arco de alianças que sustenta o governo estadual com vistas a 2014.
Aventamos que a origem de parcela de integrantes do bloco de apoio à governabilidade estadual está representada em raposas até pouco tempo carlistas que, apesar de se dizerem unidas em torno do projeto de Wagner, mantém acesos os nomes em oferta à cabeça de chapa da majoritária.
Não fora isso, acrescentamos para aprofundar o raciocínio, encontram-se neste arco de alianças siglas que Vladimir Safatle denomina de “partidos-curinga”, como o PDS e o PSB (“Os impasses do lulismo”, em Carta Capital 730), que “podem estar em qualquer jogo, fazer qualquer tipo imaginável de alianças, até porque não representam, de maneira estruturada, setor algum da sociedade civil” – a não ser os próprios interesses individuais de suas lideranças, deduzimos.
No particular do PSB o governador Jacques Wagner não tem como se preocupar em nível de comando, uma vez que a atual direção estadual está sob controle progressista, o que não ocorre, no entanto, com a base em muitos municípios, hoje ocupadas por também egressos do carlismo.
No caso do PSD a situação é de incerteza, assim a vemos. Para compreender o leitor a dimensão de nossa avaliação basta percorrer quem hoje o integra e confirmar a origem dos políticos que comandam os municípios “conquistados” nas eleições de 2012.

Diferenças

escadariaDivulgada a morte de Jorge Selarón, no último dia 10, artista chileno conhecido mundialmente especialmente por seu trabalho na escadaria da Lapa, no Rio de Janeiro.
Justifica a presença do trabalho de Selarón neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS para compararmos com o que acontece nesta sofrida Itabuna: enquanto espaços históricos são reconhecidos e ampliados em sua dimensão estética em outras plagas, por aqui derruba-se o histórico e enterra-se a memória para atender à especulação imobiliária. (As fotos de mais uma tragédia com a memória itabunense foram capturadas no Pimenta na Muqueca, de “Casarão de Gutemberg Amazonas é demolido”).
casarão gutemberg

EMASA em foco

Oportuna a iniciativa da administração municipal em convocar a imprensa para apresentar problemas e soluções envolvendo a EMASA, o que anuncia para a próxima terça 15, às 10 horas, no próprio gabinete do prefeito. Há coisas na empresa muito mal explicadas e que não são tratadas por escalões inferiores na forma que exige, carece e merece o consumidor.
O absurdo que vem alcançando o valor das contas a partir de outubro tem sido transferido para o consumidor sem as explicações devidas. Que se virem para provar que o problema não é deles – dizem, gentilmente, alguns de seus prepostos aos desesperados consumidores que se veem achacados de um instante para outro, como se todas as residências tivessem a consciência da iniciativa de aumentar abruptamente o consumo.
A qualidade que a população exige passa não só pela qualificação do atendimento ao consumidor, atualmente mais para integrar manual de deselegância, como pela transparência nas relações entre a empresa e aqueles que são sua razão de existir.

Recados e ações

O governador Jacques Wagner, ao discursar na visita que fez a Itabuna para assinatura da ordem de serviço da barragem do Colônia, conclamou os correligionários na vitória a abraçarem a humildade e dispensarem a arrogância ao passo que aos derrotados cabe a grandeza da luta para melhorar. Recado dirigido mais particularmente a Geraldo Simões, todos entenderam. Ou assim interpretaram.
Repercutiu na disputa interna, quando da reunião do PT para discutir apoio ou não à atual administração itabunense.
Entre mortos e feridos salvaram-se todos: os que pensaram apoiar encontraram o álibi de que não houve convite; aos que imaginaram partir para o ataque com todo o gás, o conselho do governador acomodou as ações no seio do bom senso.
Para nós, mais uma derrota de Geraldo. Que deu de entrar descalço em terreno minado.

Crônica

Dos tempos em que malandragem trazia dimensão romântica e a boemia permitia a um Millôr Fernandes conviver com Sérgio Porto no heterônimo Stanislaw Ponte Preta nas noites cariocas de Copacabana e Ipanema a gafieira ocupou espaços hoje nominados de clubes de dança (para todas as idades, que seja) porque a tais lugares não dá se imaginar a presença de algumas guturalidades que deram de chamar música.
A propósito, hoje trazemos Jorge Veiga (1910-1979) e “Estatutos da Gafieira”, de Billy Blanco (registro de 1957, pela Copacabana), que pode muito bem ser ouvida concomitantemente com “Piston de Gafieira” (1959), do mesmo Billy, para conhecermos a outra regra da instituição, tudo editado na crônica do compositor da noite carioca.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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