domingo, 2 de março de 2014

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
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Inocência
Na Ucrânia está encravada a Crimeia. Onde está o porto de Sebastopol, no Mar Negro – que nunca congela – menina dos olhos da segurança russa, onde se concentram bases e forças de Putin e parcela considerável de sua população é russa. Pela Crimeia passa o gás da Rússia que abastece a Europa.

EUA e Europa alimentam o enfrentamento entre Rússia e Ucrânia de olho naquela região estratégica.

Imagine alguém se a Rússia vai entregar a Crimeia aos Estados Unidos e à União Europeia! Assim pensa parte de nossa mídia.

Obs.: quando havíamos redigido o texto soubemos que o Parlamento russo autorizara a intervenção militar na Ucrânia.

Raposas se entendem
Tenha o leitor certeza de que não é piada. No STF pretensão do ex-senador Demóstenes Torres para retornar ao Ministério Público de Goiás. A apreciação será do ministro Gilmar Mendes, que até agora não se deu por impedido.

Lição para o Planalto
A socióloga Sílvia Viana se recusou, pela segunda vez, a ser entrevistada pela revista Veja. E disse com todas as letras as razões por que o fazia. (Leia “Para não empobrecer o debate”, publicado neste blog).

Deveria lecionar para muita gente encastelada na esplanada dos Ministérios, que não aguenta ver uma câmera da Globo nem um repórter(?) da Veja.

Quem foi Naninha!
Do Notícias da TV, de Daniel Castro:
JORNAL DA GLOBO PERDE PARA A PRAÇA É NOSSA E ROBERTO CABRINI
RESUMO: O Jornal da Globo foi derrotado pelo SBT e ficou em segundo lugar na Grande São Paulo nesta quinta (27). O telejornal de Christiane Pelajo e William Waack registrou 6,7 pontos, contra 8,8 do SBT. No confronto, a Globo perdeu para A Praça É Nossa (9,3 a 7,2) e Conexão Repórter, de Roberto Cabrini (7,9 a 5,9), que também derrotou o Cinema Nacional (5,7 a 5,5)”.

Daí porque poucos andam percebendo manipulações como a que envolveu a mesma notícia, entre dois noticiários da platinada, na mesma quinta 27. Para o Jornal Nacional “PIB do Brasil cresce mais do que o esperado pelos economistas em 2013”; para o Jornal da Globo “Economia cresce 2,3% e fica abaixo do esperado pelos economistas”.

Dois p(r))esos e duas medidas I
Escancaradamente o STF de Joaquim Barbosa – ou o STF sob o comando/ideário de Joaquim Barbosa – abre as cortinas para outra versão de um mesmo espetáculo, ainda que originado de um mesmo texto. A AP 470 serviu de plataforma eleitoral – é a conclusão – para o justiceiro.

Voo midiático em jatinho camburão para a penitenciária da Papuda, em Brasília, todos algemados, foi o ‘privilégio’ assegurado por Barbosa aos petistas. Para Roberto Jefferson apenas a comunicação de que a ordem de prisão fora expedida e seria entregue, como se dissesse: prepare-se amigo, não precisa se preocupar; cumprirá o semiaberto em Niterói.

A desigualdade de tratamento dada aos presos originários de um mesmo julgamento pelo mesmo julgador escandaliza o bom senso e a equidade que deve nortear qualquer magistrado. A uns (petistas) não foi permitido nem falar aos jornalistas, pedindo água que fosse, não fora a espetacularização da chegada a Brasília; a outros (Roberto Jefferson) prisão com hora e data marcadas, com direito a entrevistas.
Patético!

Dois p(r))esos e duas medidas II
Enquanto Genoino, que padece de cardiopatia grave, irreversível, recentemente operado e carecendo de acompanhamento médico está a mais de 1.000 quilômetros de sua casa, em São Paulo, Jefferson fica na esquina de sua residência, de logo cumprindo o semiaberto.

Não à toa Joaquim Barbosa vai se tornando motivo de chacota. Uuma criativa mente perguntou e respondeu na rede, ao tomar conhecimento de que propositadamente Joaquim Barbosa majorou penas, ainda que desobedecendo à lógica da lei:

– Quando a soma 2+2 será 5?

– Quando o STF (de Barbosa) efetuar a operação.

 Lição posta em prática
“Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão oprimidas e amar as pessoas que estão oprimindo”, disse-o Malcolm X.

Assim caminha a nossa valorosa imprensa.

Entre a verdade e o pessimismo
Difícil de entender – a não ser pela ótica do golpismo – que uma empresa estratégica como a Petrobras venha sofrendo os ataques da imprensa dita econômica. 
Ainda que o lucro tenha evoluído em mais de 11% entre o 2012 e 2013 não sai do noticiário os “prejuízos” que a empresa estaria causando aos investidores.
Quem julga Dirceu
Os fatos que atrasam a decisão de Joaquim Barbosa – dizemos dele porque aquilo que depende do juiz das Execuções Penais do Distrito Federal (que é um pau mandado de Sua Excelência) somente ocorre conforme as ordens de Barbosa, que lá o colocou para cumprir as ordens do Presidente do STF – mais parecem depender menos da leitura de direitos assegurados pelo ordenamento jurídico pátrio e mais da imprensa.

Dias desses Dirceu – que aguarda há três meses o que lhe está assegurado na lei – teve suspensa a apreciação de pedido de trabalho porque a Folha de São Paulo denunciou ter havido contato telefônico entre ele e terceiros. Mesmo desmentida a notícia nada foi revertido. Agora O Globo afirma que tem havido regalias a Dirceu e Delúbio.

Como no curso do julgamento da AP 470 muito do resultado se deveu à mídia, agora é ela quem julga ...

Barraco barbosiano
Para o ministro Joaquim Barbosa são argumentos pífios aqueles que sustentaram o reconhecimento da inexistência do crime de formação de quadrilha que reconhecera a Corte quando de maioria 5 a 4.

O déficit civilizatório – levantado por Barroso – escancarou a vocação de Barbosa para armar um barraco. Que encontrou em Barroso a lição de que nem sempre são os que esperneiam e berram os que convencem.

Pífias brevemente serão chamadas as conclusões de Joaquim Barbosa. Especialmente quando perder plenamente a credibilidade.

Bem o disse um comentário na rede:Triste tarde para o STF, para a democracia, para o Estado democrático de Direito e para nação quando aquele que preside um dos três poderes da República se arvora a praticar tamanha afronta. Nem no tempo da ditadura coisa semelhante aconteceu. Isso prova o que tanta gente afirmava: que Joaquim Barbosa atuou como um membro do MP, não como magistrado. Seu objetivo nunca foi julgar os réus da AP 470, mas condenar e prender os réus do “mensalão” e, pelo jeito, com pretensões eleitorais.

“Um dia de fúria”
Há uma vitória calada, sutil. Ao dialetizar com a conclusão da condenação por quadrilha, levantando hipótese – quando o afirmava – de que o desequilíbrio na dosimetria estava vinculado a evitar a prescrição, o ministro Barroso provocou a confissão de Barbosa de que inflara a pena para alcançar um resultado, quando este retrucou: “Foi para isso mesmo, ora!”. Uma vitória do equilíbrio sobre o descompasso, da elegância sobre o chauvinismo, do respeito ao conflito intolerante.

Expôs Joaquim Barbosa à vexatória condição de brutamontes, quando agredido. Se com um colega age assim, diante de Câmeras de televisão, o que não faz com os subalternos etc.?

Só restou a Joaquim Barbosa o discurso pífio, dor de cotovelo, ressentido, de quem viu durar pouco a arapuca que armou. E que o prendeu. Sim, porque ele sempre assumiu, com exclusividade, como se dele fosse, toda a decisão do colegiado. Dispunha de bônus; agora colhe o ônus.

Da etapa do julgamento ocorrido na quarta-feira publicou voto vencido para alimentar os acólitos que esperam um STF a serviço da vingança e da política, onde Joaquim é seu profeta.
É assim Joaquim Barbosa em “Um dia de fúria”.

Isolando-se
Ao desqualificar os pares, Barbosa desqualifica a própria Casa que preside. O que se estende às instituições que a sustentam, o que inclui a própria democracia e o Estado Democrático de Direito que sustenta o Brasil.
Joaquim Barbosa só pensa nele. Seu ego doentio nem mesmo percebeu que ao falar dos pares falava dele. Mas, com sua vocação autoritária procura isolar-se dos demais porque só ele, deus e senhor, tem o poder de decidir. Ainda que manipulando provas.

Caso encontre apoio estará ao lado de Mendes, descompromissado, como ele, com a verdade dos fatos.

Fez a todos de palhaços
O repórter Felipe Recondo, setorista do Estadão no STF, desmascara a farsa montada por Joaquim Barbosa em “Análise: As operações aritméticas do ministro Joaquim Barbosa”. Tudo o que o Ministro Roberto Barroso levantou como hipóteses o repórter confirma por ter visto e ouvido do próprio Barbosa.

Em meio às falas sobrepostas na sessão de quarta do STF, o ministro Joaquim Barbosa soltou uma frase que guardava consigo há pelos menos três anos: ’Foi para isso mesmo, ora!’
...
Três anos antes, em março de 2011, Joaquim Barbosa estava de pé em seu gabinete. Não se sentava por conta do problema que ainda supunha atacar suas costas. Foi saber depois, que suas dores tinham origem no quadril.

A porta mal abrira e ele iniciava um desabafo. Dizia estar muito preocupado com o julgamento do mensalão. A instrução criminal, com depoimentos e coleta de provas e perícias, tinha acabado. E, disse o ministro, não havia provas contra o principal dos envolvidos, o ministro José Dirceu. O então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fizera um trabalho deficiente, nas palavras do ministro.

Piorava a situação a passagem do tempo. Disse então o ministro: em setembro daquele ano, o crime de formação de quadrilha estaria prescrito. Afinal, transcorreram quatro anos desde o recebimento da denúncia contra o mensalão, em 2007. Barbosa levava em conta, ao dizer isso, que a pena de quadrilha não passaria de dois anos. Com a pena nesse patamar, a prescrição estaria dada. Traçou, naquele dia em seu gabinete, um cenário catastrófico.
...
Dias depois, o assunto provocava debates na televisão. Novamente, Joaquim Barbosa, de pé em seu gabinete, pergunta de onde saiu aquela informação. A pergunta era surpreendente. Afinal, a informação tinha saído de sua boca. Ele então questiona com certa ironia: ‘E se eu der (como pena) 2 anos e 1 semana?’.

Barroso não sabia dessa conversa ao atribuir ao tribunal uma manobra para punir José Dirceu e companhia e manter vivo um dos símbolos do escândalo: a quadrilha montada no centro do governo Lula para a compra de apoio político no Congresso Nacional. Barbosa, por sua vez, nunca admitira o que falava em reserva. Na quarta-feira, para a crítica de muitos, falou com a sinceridade que lhe é peculiar. Sim, ele calculara as penas para evitar a prescrição. ‘Ora!’

Já escrevemos em várias oportunidades que a condução do julgamento da AP 470 levaria o STF à desmoralização. Joaquim Barbosa – quando começa a ruir o castelo de cartas que montou – conseguiu a proeza.

Nos fez a todos de palhaços. Não por muito tempo, porque a mentira tem pernas curtas.

Impeachment
Ao sabemos o desdobramento. Tampouco se nem mesmo será recebida a representação subscrita pelo advogado Maurício Ramos Thomaz, protocolada no senado na quarta 26. Mas de concreto – circula na rede a minuta da petição – há pedido de impeachment junto ao senado de todos os ministros que julgaram a AP 470.

A discussão é jurídica, não política. Não sabemos como a casa política, o Senado, se debruçará sobre o tema.

Se é que se debruçará!

barbosa
 Duvide quem quiser

A decisão do ministro Joaquim Barbosa, de suspender as reintegrações de posse na região, sob o argumento de que agravariam o conflito, tem uma fonte de recomendação. Adivinhou!


Obsolescência programada
A utilidade de Joaquim Barbosa está prestes a findar. Aguarda a turma que manipula a sua vaidade (e grosseria) que se candidate e cumpra o papel de levar a eleição presidencial para o segundo turno. Depois disso não vencerá eleição nenhuma. Nem para síndico!

A derrota imposta a Joaquim Barbosa pela maioria do STF – porque fez questão de assumir os erros que desenvolveu na AP 470, a ponto de majorar desproporcionalmente penas para evitar prescrição e garantir regime fechado para a cúpula petista – é apenas o começo da derrocada de Sua Excelência o “Sassá Mutema” que salvaria a pátria brasileira.

Livraria cerrou as portas
Não temos informação oficial. Apenas visual. A livraria Nobel, do Jequitibá, cerrou as portas.

Não sabemos as razões.

Mas, o que esperar num país onde as escolas não desenvolvem o hábito da leitura e até presidiários estão impossibilitados de ler em tempo integral?

Para recordar
Não para contrariar. Mas para meditar no muito que Carnaval representa para o brasileiro e, particularmente, para o nosso cancioneiro. Amigo nos avisa que está curtindo marchinhas em um típico carnaval tradicional em Canavieiras. 

Acordou-nos para ouvi-las, através do celular.

Buscamos, como contraponto, a “Manhã de Carnaval” (Luiz Bonfá-Antônio Maria), ilustrada dentre as mais belas composições brasileiras, na interpretação de Agostinho dos Santos.

http://www.youtube.com/watch?v=oGn49RBOpJ0

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br 

Um comentário:

  1. Caro escritor, estou certo que o senhor não é a favor da injustiça e omissão. A política no Brasil é dificílima por causa da falta de ideologias firmes e, consequentemente, opções para a população. Então responda com toda a sinceridade: o PT fez e faz o que tem como princípios? Outra pergunta: a desvirtuação e corrupção degeneradas escandalosas e abusivas decorrentes de alianças e pactos com partidos podres como o PMDB fazem jus ao populismo que o governo vem implementando?

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