quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Caro

Aprígio
Você estava conosco, ontem, quando alguém levantou questionamentos em relação à saúde no Brasil. Ouviu nossa defesa de que dispomos do melhor sistema de seguridade do planeta (onde se insere a Saúde) em razão de sua universalidade. Nenhum brasileiro – rico ou pobre – deixará de ser atendido pelo Estado brasileiro através dos equipamentos disponíveis. Tudo distribuído entre os denominados entes da Federação (União, Estados e Municípios).

Também ouviu que o que está a ocorrer na Saúde não pode ser tributada (pelo menos exclusivamente, como o faz a mídia) ao Governo Federal, visto que Estados e Municípios estão mais na ponta da prestação do erviçi (especialmente os Municípios) e um ente não pode intervir no outro em razão da autonomia político-administrativa delimitada para cada um na Constituição da república (art. 18).

Nossa defesa – dissemos – não tem natureza apologética ou proselitista. Afinal, a Saúde pública (a privada tem inúmeros problemas, que o digam os que pagam por um plano de saúde e não são atendidos, ou nos casos complexos são remetidos para o SUS) não é a de nossos sonhos.

No entanto não podemos tratá-la de forma minimalista, como se o problema residisse pura e simplesmente no Governo Federal. Dinheiro há – certamente não o ideal, até porque a oposição derrubou a CPMF, que ela mesmo criara quando situação. 

O que ultrapassa o racional é a ladroeira. O dinheiro do Governo Federal chegar e ser desviado, o atendimento ser cobrado sem que tenha sido prestado. Ainda que não o seja em termos de 100% o será em percentual superior a 50%.

Mas, como dissemos, a maior falência da nossa Saúde mais está no âmbito da propaganda negativa, objetivamente negativa. Por que os meios de comunicação não orientam o cidadão para fiscalizar/denunciar os desmandos? Porque o que desejam – sempre encontrarão uma razão para fazê-lo – é política. Agem com a Saúde como aquele meio de comunicação (rádio, televisão) que encontra no buraco de estrada ou de rua o caminho para atingir o universo de uma administração que não reze por sua cartilha.

Particularmente, em relação ao que pensa o brasileiro dos serviços de Saúde, pesquisa Datafolha recente apontou 30% para bom e ótimo, 44% para regular e 26% para ruim e péssimo. Naturalmente, 26% para ruim e péssimo não é número para a saúde que almejamos.

De destacar que tal revelação (do Datafolha) não mereceu a repercussão que deveria. Afinal, o bicho não é tão feio como dizem.

Caro Aprígio: a verdade pode ser a que não divulgam (como não divulgado os percentuais de bom e ótimo). Melhor falar só do ruim em tudo. Resultará em melhor ‘utilidade’ como propaganda político-partidário-eleitoral.

A propósito, em razão da falta de isenção de nossa grande mídia, a médica Aracy Balbani disponibilizou em http://jornalggn.com.br/blog/aracy/a-saude-na-gestao-dilma-rousseff-por-aracy-p-s-balbani:

A divulgação das ações do Ministério da Saúde pela imprensa comercial brasileira não contempla de forma isenta tudo o que vem sendo feito pelo Governo Federal. Muitas reportagens e artigos opinativos resumem-se a criticar o Programa Mais Médicos com escancarado viés político-ideológico.
Por desinformação ou má-fé, grandes veículos da imprensa omitem que a responsabilidade pela gestão do SUS é compartilhada com os Estados e Municípios. Falhas graves de gestores estaduais e municipais costumam ser ignoradas e quase toda a culpa pelas mazelas do SUS é jogada apenas nas costas do Governo Federal.
Abaixo, pinçamos fatos e dados mostrando que, se o Governo Dilma não é um mar de rosas para a saúde pública – em grande parte pelo subfinanciamento do SUS –, algo significativo tem sido criado ou ampliado.
Outro exemplo de gestão petista da saúde é a Prefeitura de São Paulo 1, cujo site amplia a transparência a ponto de exibir ao cidadão e à cidadã os horários e locais em que os profissionais de saúde contratados devem estar trabalhando 2.”

Declina a médica, a guisa de exemplos: o Programa Farmácia Popular, a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, Portal Saúde Baseado em Evidências, Ampliação da oferta de radioterapia para câncer do SUS, regulação da saúde complementar.

E poderia, caro Aprígio, citar o Brasil Sorridente, o Mais Médicos etc. Sem falar nos transplantes, na rede Sara Kubitschek etc.

A Dra. Aracy Balbani não floreou em torno do que não exista, mas não fugiu de reconhecer o que vem sendo feito. 

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