domingo, 20 de maio de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS dia 20 de Maio

AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Alívio

Ainda que não o FDA – órgão oficial – o “Comitê Consultivo Sobre Drogas Antivirais”, composto de especialistas em saúde dos EUA, apoiou a comercialização de um medicamento que, em princípio, evita a contaminação pelo HIV.
O comitê, que tem, entre outras funções, a de aconselhar o FDA (que pode tomar uma decisão final até 15 de junho), aprovou o uso diário de um comprimido de Truvada para pessoas não infectadas que estão em grupo de risco de contrair o vírus da Aids, que já é utilizado como um dos integrantes do pacote recomendado para portadores.
Há resistências, uma vez que o índice de redução da infecção por HIV, que ocorreu entre 44% e 73% de homossexuais e heterossexuais saudáveis, respectivamente, pode induzir à idéia de segurança, o que ainda não está comprovado.

Como de sempre

Pode estar por trás de tudo o interesse da indústria da doença, como observa Hadriano Lacerda em comentário ao texto “O medicamento para prevenção do HIV” no Luiz Nassif Online no http://www.advivo.com.br/ de terça 15:
O Truvada é uma combinação de dois "inibidores da transcriptase reversa do vírus", o Tenofovir e a Emtricitabine, este um análogo da Citidina e aquele da Adenina, portanto atuam da mesma forma que o AZT, a diferença principal é que o AZT não é mais protegido por patente e atualmente custa US$ 350,00 por paciente por ano (Sipla Co., India), enquanto os novos antiretrovirais custam US$ 12.000,00 por paciente por ano....quanto aos efeitos colaterais, estes não são muito diferentes. Mas de qualquer forma, se o virus HIV tem a propriedade de produzir inúmeros mutantes, logo o Truvada também perderá a sua eficácia contra o mesmo.
Certamente um alívio, para a indústria da doença. Vender por 12 mil dólares o que hoje custa 350.

Risco

Não nos sentimos suficientemente informado para avaliar a realidade estadunidense em seu plano político interno. Sabemos, apenas, que é uma sociedade individualista, conservadora, de olhos para o próprio umbigo.
As declarações de Obama admitindo “casamento” gay (que ele passa a entender como avanço na sua visão pessoal em relação à reconhecida “união estável”, que assegura garantias patrimoniais) podem ser um tiro no pé eleitoral. Efetivamente visaram a comunidade “alegre”. No entanto, se tivesse a turma da “alegria” que escolher entre um conservador e Obama certamente escolheria este.
Não sabemos se sacrifica a reeleição. Como não precisava se expressar, temos que perde mais do que ganha.
Aquela coisa de fazer na saída o que não fez na entrada.

No tamborete

O incidente ocorrido durante a XV Marcha dos Prefeitos à Brasília mostra que alguns políticos desconhecem as elementares regras de convivência entre poderes. Em reunião de tal magnitude, tornou-se comício estudantil em protesto de rua – onde o discurso por si só basta, porque desprovido da oportunidade do debate e da dialética – quando quebrado o protocolo e provocada a Presidente para falar sobre royalties.
Vaiar a Presidente Dilma porque foi sincera ao afirmar princípios basilares do Estado Democrático, como o respeito ao estabelecido aos contratos amparados na Constituição, beirou o amadorismo e panfletarismo barato.
Ainda que nem todos o fizeram, onde o crime da Presidente? Quando instada a manifestar-se sobre os royalties do petróleo afirmar e recomendar que a luta dos municípios por uma distribuição igualitária o fosse em relação ao futuro, ou seja, ao pré-sal (recado direto).
O recado e a orientação estavam dados. Cabia buscar os meios de conseguir o mais possível de uma riqueza que é imensa e ainda incalculável em avaliações imediatas.
Basta lembrar que em uma expectativa de reservas de 100 bilhões de barris ao preço de 100 dólares a unidade representariam 10 trilhões de dólares. 10% disso representam em torno de 50 PIBs brasileiros.

Rompendo o círculo

dukeAquele círculo de reverência ao passado nebuloso, quando o tema gira em torno dos abusos cometidos por agentes de Estado durante o período negro da ditadura militar, que nos legou mortos e desaparecidos, enfrenta uma reviravolta com a instalação da Comissão da Verdade.
Para muitos – alguns nem tão vivandeiras dos quartéis de antanho – veem revanchismo se a atuação descambar mais para apurar e esclarecer a atuação estatal no período e seus responsáveis. Exigem apuração também para os que estiveram no que chamam de “outro lado”.
Esquecem-se estes que o “outro lado”, dos que sobreviveram, além de “apanhar”, foram julgados e condenados (um, à pena capital, comutada posteriormente). Ainda que pela lei nascida no endurecimento e no arbítrio, cumpriram pena. E deram-se por “felizes” os que não “desaparecerem”.
A presidente Dilma é um exemplo.

Para a posteridade

bessinhaSe os fatos – que pareciam lançados no limbo não fosse a determinação dos que sofreram na pele as agruras da barbárie – não se fizessem tão vivos e perenes por sua natureza, as “pérolas” estariam guardadas nos recônditos das mentes vitimadas.
Do JB online o Conversa Afiada reproduziu primoroso texto de Mauro Santayana tematizando em torno da posse dos integrantes da Comissão da Verdade, ocorrida na quarta 16.
Para provocar o leitor a buscá-lo reproduzimos, dos dois últimos parágrafos, estas pungentes palavras, que tocam fundo o coração da Pátria:
“Todos os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, amigos e companheiros, têm direito ao pranto, se não diante de seus mortos, pelo menos diante da reconstituição de seus derradeiros momentos. Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver.
É certo que, no próprio processo investigatório, será difícil não se inteirar de atos praticados pelos que resistiam à Ditadura. Conhecê-los não macula os que os praticaram, nas duras condições dos combates nas trevas, para lembrar a imagem do historiador Jacob Gorender. A culpa real não cabe a quem age em defesa da legitimidade republicana, e, sim, aos que, ao praticar o crime de lesa populi, provocaram a reação desesperada de suas vítimas.
O “direito ao pranto”, quando nada!

Morreu antes

A goiana Zuleika Celestino, morreu duas horas antes da instalação da Comissão da Verdade. Lutava para saber sobre o filho Paulo de Tarso Celestino, advogado preso em julho de 1971 e nunca encontrado.
Morreu, 41 anos depois, chorando a morte do insepulto, sem confirmação de onde e como fora executado, tampouco localizar seus restos mortais. 

Descoberta brasileira

Leonardo de Oliveira Bodo, 17 anos, aluno do Colégio Danthe Alighieri descobriu que na teia de aranha existe um antibiótico poderoso, capaz de – como o demonstrou em laboratório – combater bactérias, vírus e células cancerosas.
O trabalho, ao lado de outros realizados em escolas públicas e privadas, onde participaram 33 jovens entre 15 e 18 anos que fazem o ensino médio, num universo de 1.500 participantes de 70 países. (Do G1).
Foi um dos sete brasileiros premiados na Intel Isef (Feira Internacional de Ciências e Engenharia), encerrada na sexta 18, em Pittsburgh-Pensilvânia, nos Estados Unidos.
A origem da escola frequentada pelos meninos cobra-nos um reconhecimento em relação aos que se encontram comprometidos com a educação no Brasil.

Prêmio

Ao que parece, o Congresso estadunidense não atendeu ao seu pedido, traduzido no “esqueçam o que escrevi”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acaba de ser agraciado com o Prêmio John W. Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, concedido a figuras que se destacam em estudos da humanidade, por seu trabalho acadêmico. O prêmio repercute em 1 milhão de dólares para o bolso de FHC.
Considerando que o único trabalho acadêmico de peso de FHC, em parceria com o chileno Enzo Faletto, é “Dependência e Desenvolvimento na América Latina” (1969), onde defende(m) a famosa teoria da dependência como condição para o desenvolvimento latinoamericano, uma teoria em defesa da submissão dos países da América Latina aos investimentos estrangeiros como solução para as dificuldades, temos que a premiação é por demais justa.
Entendendo como oportuno é sugestão ao Congresso estadunidense acompanhar o trabalho em favor da Humanidade, em nível de Brasil e brasileiros, para reconhecimento aos trabalhos de Celso Furtado, Paulo Freire, Josué de Castro, Milton Santos.

No colo de Juvenal

A luta histórica dos ceplaqueanos para fugir ao desmonte perpetrado a partir de Delfim Neto (com Figueiredo), e Collor, encontra alento na iniciativa da Presidente Dilma Rousseff de reconhecer uma carreira científica para alguns de seus quadros. Assim como a retomada de concursos, que não ocorrem há décadas o que tem contribuído para o esvaziamento da instituição.
Coincidência ou não, pode ocorrer na era Maynart.

Tempo de plantar, tempo de colher

Abril e maio estão sendo meses de “São José” para as articulações político-partidárias. Colheita aguardada, anunciada para junho.
Algumas espigas podem não ser as ansiadas, mas serão recebidas com festa e elevadas à grandezas nunca imaginadas.

Outro calo

A criminalidade em Itabuna assusta pela dimensão que vai assumindo. Os fatores são vários. Um particularmente registra a olho nu o avanço: a tráfico de drogas. A partir dele o elevado número de homicídios.
Torna-se público que o comando do tráfico é exercido a partir do Presídio.
A direção do presídio está nas mãos de Geraldo Simões.

Professores e criminalidade

Dentre as ações que integram a logística da campanha de Juçara, como expressão do PTdoG, estão a referência às façanhas de aliados em nível partidário. Particularmente as do Governo Federal e do Estadual.
Na seara federal a titular está bem. Na estadual, o titular está na reserva. Mais atrapalha que ajuda.
Assim pensa muita gente nesta região, onde alguns temas ampliam a imagem negativa de Wagner. Dentre eles a relação com professores e os índices de criminalidade.

O governo do Estado

Neste particular, tudo está contra o projeto de GS. Professores rachados quanto à candidatura do PTdoG; o crime comandado de dentro de uma instituição onde seus principais administradores são indicação de Geraldo Simões.
Prato feito para a campanha.

Huuuum!

Há interesse no governo estadual em apoiar Juçara, traduzida no mundo político como o braço de GS na Prefeitura? É a indagação para ser respondida a partir da imagem de Jacques Wagner construída no imaginário regional, fermentada com muita promessa e pouco resultado.

Acesso à informação

Aproveitando a oportunidade que muito pode ajudar a melhorar este país, tomemos a Lei de Acesso à Informação em relação ao Município de Itabuna. Podemos começar requerendo informações da FICC, começando pela gestão da “ex-bailarina”, “poeta”, “pedagoga” e “advogada”, especificamente sobre alguns aspectos: 1. Diárias; 2. Refeições e bebidas; 3. Aluguel de veículos; 4. Roteiro de viagens da cúpula da instituição, com o nome de cada um e o destino.

E você, Geraldo? E você, Josias? E você, Félix Jr.?

Começou a tramitar na Câmara Federal o projeto de lei aprovado no Senado que extingue o 14ª e o 15º salário dos parlamentares. A economia seria em torno de 31,7 milhões de reais por ano.
Alguns dentre os 513 deputados (apenas seis) já abriram mão das sinecuras: Policarpo (PT-DF); Erica Kokay (PT-DF); Reguffe (PDT-DF); Lincoln Portela (PR-MG); Severino Ninho (PSB-PE); Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Aguardamos poder incluir os “nossos” na galeria.

“Amoroso Chocolate”

O novo trabalho do macuquense Marcelo Ganem aconteceu na sexta 18 na Livraria Nobel do Shopping. Como lá não estivemos (aula na UESC) aguardamos nos debruçar sobre o cantor da serra do jequitibá.

Itororó

Lembrarão, os que com ele conviveram, os 14 anos de morte de Luís Gonzaga de Araújo, aos 80, no próximo 26 de maio. Particular companheiro de carnavais, no tempo em que animávamos o momesco do Clube Social de Itororó, nos final dos anos 60, foi exemplo de dignidade e respeito. Sua tenda de sapateiro, onde desenvolveu uma indústria de sandálias finas, tornara-se referência regional, não fora ponto de prosa e de “causos sergipanos”.
Instrumentista disciplinado fazia traduzir plenamente a partitura no sax alto, sua marca registrada.
Proibido de tocar, por recomendação médica, retornou a Tobias Barreto, sua idolatrada Campos, onde passou um ano, entre 1980-1981, voltando a tocar e a reger a filarmônica local. A felicidade lhe chegou como nunca!
O que poucos sabem é que aquele sax alto famoso de Gonzaga fora presente de Valmir Rosa, doado quando abandonou a vocação instrumentista depois que Senhorazinha não correspondeu à paixão que o grandalhão de quase dois metros nutria pela loura bonequinha de louça de um metro e meio.

Para os que choram

Em homenagem ao velho companheiro registraremos neste espaço dedicado à música e músicos uma das referências brasileiras, daquilo que aprendemos a ouvir nos anos 60, tocada no serviço de alto-falantes do Cine Continental a pedido de Gonzaga, onde fazíamos as vezes de locutor e animador.
O conterrâneo de Aracaju, Luiz Americano (1900-1960), exímio instrumentista que se destacou no clarinete e no sax, contemporâneo de Pixinguinha, Bonfíglio de Oliveira e Donga, que aqui nos brinda com “Saxofone, por que choras?” (1930), de Severino Rangel de Carvalho (Ratinho) (1896-1972), gravação de 1953.


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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

Um comentário:

  1. Gostei dessa informação sobre a lei de Acesso a informação. Não acredito que a FICC vá cumpri-la, e nem que a justiça a faça cumprir,mais é sempre bom saber o que temos a favor do povo.

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