domingo, 27 de maio de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 27 de Maio


AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

Denúncia

Agenor Gasparetto denuncia em www.agenorgasparetto.zip.net  que andam usando indevidamente o nome da empresa Sócio Estatística, o que inclui manipulação de informações colhidas em favor deste ou daquele político. Um desses espertalhões, munido de endereço e dado do entrevistado, os leva ao político. O fato, não fora a gravidade, desmoraliza a pesquisa política.
No caso particular da Sócio, todos os seus entrevistadores usam crachá, alerta Gasparetto.

Estarrecedor

É o que podemos dizer do texto de Gasparetto, no mesmo espaço, do testemunhado em Salvador. Mostra que a lição deixada pela ditadura e seus experimentos de quartel (tortura, morte, desaparecimento etc.) fez escola. Com Gasparetto a palavra:
“Registro: Ouvi de um prestador de serviços eventual, aqui em Salvador, há dois dias, quando mencionou a morte de dois ladrões por policiais junto ao Dique do Tororó: ‘Foram mortos pela polícia porque roubaram e foram reconhecidos por uma senhora’. E acrescentou: ‘um policial me disse que não prende mais ladrão, mata, porque dias passados prendeu um e no mesmo dia foi solto’. Perguntei a ele se era certo alguém tirar a vida de outro. Ele me disse: ‘a Copa, vamos ter a Copa e já pensou se um ladrão roubar a máquina de um turista?’
A Justiça está em crise, do contrário, o senso comum titubearia em validar a aplicação sumária e particularizada da pena de morte”. 

Sofista e cínico

Ainda por lá, para assegurar a governabilidade, Sua Excelência, Ministro das Cidades. Como já escrevemos em nosso http://adylsonmachado.blogspot.com “sofismar encontra em nosso tempo a possibilidade de nos remeter a um raciocínio aparentemente válido mas inconclusivo, tendo por objetivo dissimular uma ilusão de verdade. Platão tinha os sofistas na conta de impostores”.
E prosseguimos: “O cinismo viveu expoentes como Diógenes de Sínope, pela vocação ao desapego de bens materiais e externos, o que, de tão levado a extremos nos séculos seguintes, tornou-se sinônimo do caráter pejorativo de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio”.
“E concluímos da forma seguinte: “É comum ao sofista contemporâneo induzir a erro para ganhar a contenda ou discussão assentado em premissas mentirosas. Assim como o cínico de nossa era se debruça no descaramento como conduta (anti)social”.
“O Ministro das Cidades, diante da constatação de que a maioria das obras concertadas para a Copa de 2014 nem mesmo saiu do papel, cheio de risos e meneios, afirma que não há atrasos, porque – para ele – quando o projeto é bom e bem elaborado o que há é um ganho de tempo. Nesse Brasil da cultura da jabuticaba temos a ímpar conclusão de que atrasar é ganhar tempo”.
“Pelo cínico sofismar de Sua Excelência, em respeito ao povo e à Nação, sua exoneração é imperativo de governo”.
Mas continua lá. Certamente pela governabilidade.

Negada

Ficou famoso por fazer jogo duplo. Liderou a revolta da Marinha, um dos pontos de ruptura para desencadeamento do golpe de 1964. Delatou perseguidos políticos a Sérgio Paranhos Fleury, inclusive a namorada Soledad Viedma, que acabou morta pela tortura.
Em entrevista ao “Roda Viva” dissera não se arrepender de nada e, para fecho de ouro, haver contribuído para a morte de cerca de 200 pessoas durante o regime militar.
Reivindicava anistia e indenização junto à Comissão de Anistia.

Leituras

A Comissão da Verdade encontrará em alguns livros uma base para suas análises: “Tortura: Nunca Mais”, de Dom Paulo Evaristo Arns, “Brasil: Nunca Mais”, da Vozes e o mais bombástico, “Memórias de Uma Guerra Suja”, do ex-delegado Cláudio Guerra. Sem esquecer “Operação Araguaia – os arquivos SECRETOS da guerrilha”, de Taís Moraes e Eumano Silva.
Se pelo menos a Comissão fizesse o brasileiro ler tais obras já seria um avanço.

Comissão da Verdade

Ainda que não venha tudo à tona – e não virá – a circunstância de viabilizar o depoimento de sofredores já será uma vitória. Ainda que os torturadores neguem, a existência de torturados os denunciará. Ainda que neguem os mortos e desaparecidos a sua existência será o panteão que evitaram durante décadas.

Zerbini

Uma exposição em São Paulo lembra os 100 anos de Dr. Euryclides de Jesus Zerbini (10 de maio de 1912-1993), pioneiro em cirurgia cardíaca na América Latina. O feito foi realizado em 1968 e marca o funcionamento do INCOR.
Mais que o homem, o feito.

Mais uma da série por que não dá para acreditar na Veja

O ex-presidente Lula estaria pressionando/chantageando Gilmar Mendes para que o denominado mensalão não fosse julgado por enquanto. Em troca, Lula brindaria Gilmar na CPMI do Cachoeira. Rsrsrsrsrsrsrrssrs.
Gilmar tem tudo para ser o braço útil ao crime organizado no STF. Habeas corpus – suprimindo entrâncias – em favor de Daniel Dantas; interlocutor de “grampo sem áudio” com o senador Demóstenes Torres, que facilitou o enterro da Satiagraha; a denúncia do “falso grampo” no Supremo, enquanto Presidente da Corte. Se a CPMI do Cachoeira apurar mesmo vai chegar a uma ou outra figura encastelada no Supremo.
Que o caro leitor faça uma análise entre o publicado por Veja e o que escrito neste espaço no dia 1º de abril (Ligações perigosas) e “Tem coisa” e “Indícios” em Rastilhos da Razão Comentada no http://adylsonmachado.blogspot.com de 9 de abril.
Independentemente de qualquer outra ilação vemos blindagem de Gilmar na denúncia de Veja. Em outras palavras: Gilmar tem medo.

Pauta do desespero

Não sabemos quem pode estar mais desesperado diante da possibilidade de a CPMI aprofundar investigações. Se a Veja, já escancarada, descredibilizada, ao repetir um expediente desacreditado (denunciar e não provar) ou o próprio Gilmar Mendes que se presta a tão ridículo papel.
Afinal, só mesmo a patota de sempre para acreditar que caso Lula pretendesse influenciar em relação ao processo de caixa 2 que insistem em chamar de mensalão fosse buscar logo Gilmar Mendes, aquele que alardeou chamá-lo “às falas”, que se disse em “estado policial” no governo Lula etc.
Só mesmo rindo. E ver até onde essa turma é capaz de ir... e de fazer!

Marcando posição I

Não se negue valor à posição adotada pela Executiva do PSDB de Itabuna em definir candidatura para 2012. Afinal, a “ameaça” da estadual soa por demais autoritária.
No entanto, entre marcar posição com votação de eleger vereador e contribuir para o projeto nacional da coligação DEM-PSDB a distância é de anos-luz.
Se Antônio Imbassahy sobrou, que esperar Ronald Kalid? Afinal, ACM Neto em Itabuna tem nome: Azevedo.

Marcando posição II

Àquele valoroso naipe itabunense do PSDB restará concordar ou desertar. Até porque pelo peso dos possíveis desertores, em nível de densidade eleitoral, nada perde o decadente PSDB baiano.

PCdoB e Jabes

jabes e israelPara o bravo Israel, combativo pré-candidato dos cururus em Ilhéus, pelo “temor de que uma nova aventura política venha colocar Ilhéus mais uma vez em má situação”, apoiar Jabes Ribeiro é a modernidade em Ilhéus.
Nada a declarar!

Não enterrem meu coração na curva do rio

Duro mesmo, entendemos, não é renunciar à candidatura, mas posar ao lado de Jabes.
Como lição do idealismo nascente pode ser considerado o enterro da utopia.

Não se redimiu nem explicou

O Políticos do Sul da Bahia cometeu profunda injustiça com o Governo Wagner ao afirmar existir “mais uma perseguição com o município”. Houvesse conversado, pelo menos com o próprio Prefeito de Itabuna saberia que o trecho que vai do viaduto Paulo Souto até o limite da recuperação, adiante um pouco de Ferradas, está incluído no PAC 2, razão por que os recursos para sua realização dependem de liberação do Governo Federal.
Com um detalhe: não será apenas recuperação, mas duplicação, solicitada por Azevedo. Mesmo Geraldo Simões (em entrevista a Paulo Lima na TVI), confirmou que os recursos para a obra estavam alocadas no Orçamento Federal.
Tudo já fora informado por este escriba, em DE RODAPÉS E DE ACHADOS. E sabemos até o novo nome sugerido para a Avenida: do Centenário. Que, para nós, deveria ser Jorge Amado.

Caminho das Índias

O mesmo blog estampa denúncia de pagamento de 13 milhões de reais pelo Governo da Bahia para uma ONG realizar palestras sobre pré-sal. A informação nos remete não a enveredar pelo tema de fundo em si, ou seja, se houve ou não a aplicação de recursos, mas tratar de uma praga que assola este país: o terceiro setor que se tornou instrumento nada ético de conduta social.
O neoliberalismo, no afã de dotar o mercado, a iniciativa privada e o individualismo de dotes de divindade desenvolveu a transferência do papel e funções do Estado a atividades geridas por particulares.
Ao que parece, e a realidade tem demonstrado, muitos passaram a viver às custas do erário e nem mesmo contas prestam(vam).
A idéia defendida com unhas e dentes pelo PSDB e DEM/PFL encontrou seguidores. O PT não perdeu a oportunidade e também tem os seus penduricalhos armados Brasil a fora.

Ironia I

Circula em butecos e ambientes menores anedotas tendo por centro a atuação da CEPLAC – o ciúme está não na instituição, mas na atuação do atual gestor regional – em relação ao projeto anunciado de retomada da cabruca como mola mestra da política ceplaquena e o propósito de sustentar a Mata Atlântica gerando recursos para o produtor.
De imediato levantamos os parênteses de que para nós “produtor de cacau” é aquele que efetivamente trabalha a terra e não o tradicional gigolô agrário, aquele que sempre viveu de financiamento facilitado e não pago. (Um ex-gerente do Banco do Brasil de Itabuna já nos afirmou que 85% do montante da dívida do cacau estava em poder de 35 a 40 “grandes” produtores, enquanto os restantes 15% pulverizados por toda a cadeia produtiva. Simplesmente, para bom entendedor, um punhado de “privilegiados” deve tudo, a famosa turma que vive e espera sobreviver de “anistia”).
Hoje, muitos dos privilegiados, podem estar arrumando a vida através de ONGs ou formulações assemelhadas. Trocando em miúdos, vivendo de dinheiro alheio sem compromisso com a região.

Ironia II

Ultrapassadas essas considerações e vendo confirmadas as informações de que “em butecos e ambientes menores” um projeto substancial elaborado pela CEPLAC – leia-se técnicos e cientistas comprometidos com a instituição e a região – divisa para horizonte não tão distante verdadeira revolução na cultura do theobroma temos, sob nosso observar, que andam trabalhando contra a região, a fim de assegurar os privilégios e privilegiados de sempre.
Destarte – à guisa de provocação – para não botarmos a mão em cumbuca, tampouco enveredarmos na seara de proselitismos, aguardaremos apenas uma coisa: a desmoralização de alguém, que pode ser a turma de sempre, se, por acaso (acaso!) o projeto ceplaqueno for contemplado com pelo menos 1, 2, 3, 4 ou 5 minutos de atenção na RIO + 20, em junho. (Nossas ponderações sobre o assunto no DE RODAPÉS E DE ACHADOS de 8 de abril e de 6 de maio).
Coisa de puxar a tripa pela gaiteira – no linguajar de nossa pudica Tormeza, que também era dada a tais arroubos.

Itororó

No mês vindouro, de particular atenção para Itororó e seu Festsol, nos debruçaremos sobre coisas e personagens da terra da carne de sol.

Ao lundu de Itororó

Em homenagem a Luciano Calazans, Toninho Braga (em memória) – aniversariantes de junho – Nivaldo de Manuel Eustáquio, Aprígio e os que fazíamos uma boa roda de lundu assim que nos dava na telha, descobrimos o trabalho de Zé Coco do Riachão, donde destacamos alguns “umbigados” regados à viola de dez cordas e rabeca. Disponibilizamos abaixo um deles, extraído de “Vôo das Garças”. E recomendamos buscar no YouTube um outro, por ele denominado “Lundu Sapateado”.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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