domingo, 6 de maio de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS Em: 06 de maio de 2012

AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Um livro bomba

“Memórias de Uma Guerra Suja” (editora Topbooks) traz relatos/memórias do ex-delegado capixaba Antônio Cláudio Guerra aos jornalistas Marcelo Neto e Rogério Medeiros sobre crimes cometidos pela repressão política do regime instaurado a partir do golpe de 1964.
Presos políticos mlivroortos pela tortura tiveram os corpos incinerados em usina de Campos (dentre eles os de David Capistrano e Ana Rosa Kucinsky). Outros enterrados em locais escondidos justamente para permanecerem “desaparecidos”.
Dentre proezas da repressão o próprio ex-delegado confessa (não é ironia) que se disfarçou de padre para tentar assassinar Leonel Brizola utilizando-se de um revólver cubano, logo que retornou do exílio. A estratégia (padre assassino) tinha o objetivo de responsabilizar a Igreja Católica e vincular o “motivo” (arma cubana) a Fidel Castro, que andaria insatisfeito do Brizola.
A operação – que chegou a ser iniciada e não foi consumada porque Brizola não desceu de seu apartamento em Copacabana naquele meio-dia – estava sob o comando do coronel de Exército Freddie Perdigão (do SNI) e comandante Antônio Vieira (do Cenimar), que também viriam a planejar a “bomba” do Rio centro.

Senões

Dúvidas estão sendo levantadas, quando alguns afirmam que o ex-delegado nem mesmo seria conhecido dos relatórios dos defensores de direitos humanos.

No ventilador

Os coronéis Juarez de Deus Gomes da Silva e Brilhante Ulstra, acusados por Guerra de envolvimento na morte do delegado Sérgio Fleury dizem que o processarão. Para eles está “louco” ou “recebendo dinheiro” para afirmar o que afirma.
Parece-nos que pode haver farinha no ventilador. Assim que exumados os corpos dos “desaparecidos” e um exame de DNA comprove sua origem, a credibilidade das “memórias” do ex-delegado não serão tão memórias.

Solução

Que alguns até queiram admitir a validade da espúria Lei de Anistia, como o faz o STF – contrariando os Tratados Internacionais chancelados pelo Brasil – mas não podemos renunciar à possibilidade de conhecer a verdade.
A cada dia mais urge a instalação da Comissão da Verdade.

Regulamentação

Os motoristas de caminhões e ônibus, mais especificamente do “transporte de passageiros e de cargas”, têm a profissão regulamentada em lei (12.619/2012), a vigorar em 45 dias de sua publicação, ocorrida na quarta 2 
Dentre outros aspectos descanso de 30 minutos a cada 4 horas de trabalho.

Como dantes...

codigoO teatro para a aprovação do novo Código Florestal revelou que este país não mudou muito, a não ser nas aparências.
E que “Casa Grande & Senzala” de Gilberto Freyre precisa ser lido para compreendermos por que isso ocorre.

Afinados I

A presidente Dilma Rousseff é interpretada por Pedro do Coutto, articulista do Tribuna da Imprensa on line, na quarta 2, como isolada na atuação de fazer a limpeza aproveitando-se da CPI do Cachoeira, Delta e penduricalhos.
Não interessa à presidenta da República a absolvição a quem quer que seja. Nada disso. Quanto mais rigor houver, na CPI Demóstenes-Cachoeira e Supremo Tribunal Federal, melhor.
Dilma, em ambos os casos, livra-se dos aliados incômodos, dos falsos amigos, os quais sempre terminam levando os que ocupam o poder a situações constrangedoras”. (in Dilma usa Delta e Mensalão para se livrar de falsos aliados).
A análise do articulista parte da circunstância de haver a Presidente mandado “colocar na internet todos os contratos da Delta Construções com o governo federal”, contrariando o que “supunham figuras do próprio PT”.
Como muitos, Coutto vê nas atitudes da Presidente Dilma uma ruptura com Lula. Pensamos de modo inteiramente inverso. Há inteira afinação e troca de conversas e opiniões com o ex-presidente. Essa nossa posição se sustenta em texto já escrito – “Lula retornando”, no http://adylsonmachado.blogspot.com/ de 3 de abril último.

Afinados II

A Presidente não rompe politicamente com ninguém. Aproveita a oportunidade, que Lula não teve, inclusive para enfrentar o sistema econômico que nos domina há décadas. Um modelo agiota, ensaiado em 1964 e consolidado, a partir de 1994, com FHC e mantido com Lula, pelas circunstâncias políticas.
O sistema faturou bilhões durante décadas à custa do emprego e da produção, do consumidor e da indústria, do comércio e dos cofres públicos. E negou oportunidade a qualquer projeto nacionalista.
Se não barrada, a Presidente Dilma deu o primeiro passo para uma arrancada econômica sólida, amparada no pressuposto de que temos tudo para desenvolver um Brasil progressista e forte.

Dilma e os bancos

A arma para sustentar a iniciativa se chama bancos públicos sob controle do governo. A lição está aí: enquanto FHC queria vender o BB e a CEF Dilma deles se utilizou para levar os grandes bancos à queda dos juros.
Eis a diferença.

Impressiona

Em nosso “Rastilhos da Razão Comentada”, de quinta 3, em http://adylsonmachado.blogspot.com/, escrevemos que nos impressiona a coragem da presidente Dilma ao enfrentar o todo poderoso sistema financeiro. Nas entrelinhas jogou a população contra os bancos privados, contrariando a máxima de que “a saudável concorrência”, do “isento mercado”, deve continuar a controlar o sistema que ele criou. Para eles, por que tirar a raposa do galinheiro quando tudo deu sempre certo para a raposa?
E lembramos que na história do presidencialismo o último a enfrentar o sistema financeiro fora Prudente de Morais, quando desafiou os credores externos. No século XIX.
A intervenção do Governo vem ocorrendo desde a assunção de Tombini e de quando este reduziu a influência do sistema bancário privado na fixação da SELIC.

Mensagem subliminar

E excelente o recado para os que querem paralisar o governo ameaçando-o com os desdobramentos da CPI do Cachoeira: “Vamos continuar buscando meios de baixar impostos, de combater os malfeitos e os malfeitores. E cada vez mais estimular as coisas bem feitas e as pessoas honestas de nosso país”.

Divisor de águas

Não há exagero em afirmar que a Presidente Dilma lançou o seu alae jacta est na mensagem de 1º de maio. Definiu o trabalhador como construtor da nação. No plano da economia a força de trabalho, e não o capital especulativo. Avançou contra os dogmas de mercado. Deu rumos ao seu governo. Estabeleceu a prioridade.
A sorte está lançada. Temos que o trabalhador a entende.

Se mexer...

bessinhaEnquanto a imprensa se mostra preocupada em defender a elite política que a apoia os tentáculos de Cachoeira vão alcançando de forma mais profunda o PSDB. O tucanato vai-se enterrando de cabeça naquela barrica onde o delegado, personagem de Mário Palmério em “Chapadão do Bugre”, arrancava confissões.

Tiro no pé

A arma utilizada era vincular a Delta ao PT e ao PMDB. Aí aparecem contratações bilionárias do governo paulista, desde tempos de Serra. Assim como possíveis ligações com o Paraná de Beto Richa. Alagoas, de Vilela. E não se fale em Goiás, pátria amada e idolatrada e de onde se irradia a pilantragem que está vindo à tona.
A sujeira hoje atribuída com exclusividade ao PT pela grande imprensa (o PiG de PHA) tem um DNA recente no PSDB. Aquele mesmo PSDB do “mensalão” mineiro com Marcos Valério que o PT se utilizou. Tudo começando com Sérgio Motta, o tesoureiro arrecadador.

Escondendo

No noticiário que decorre da CPI do Cachoeira tudo tem sido divulgado, desde que envolva políticos e governos.
De fora, protegida por uma carapaça, não sabemos até quando, a participação da revista Veja.

Escola pública domina premiação

Todos os vencedores, nove, do Concurso de redação Camélia da Liberdade, discorrendo sobre o tema “Luíza Mahin: Uma Rainha Africana no Brasil” são de escolas públicas ou de pré-vestibulares sociais. (da Agência Brasil para o Correio Brasiliense).

GS x Miralva

Geraldo Simões, por mais que evitemos, não deixa o noticiário. Dele teria partido a “recomendação” de abertura de sindicância na Direc-7 para apurar possíveis irregularidades “atribuídas a ex-gestora Miralva Moitinho”.
Aguarde-se chumbo grosso.

Dois lados

Caso venha a se confirmar que GS “recomendou” a instauração de sindicância para apurar irregularidades “atribuídas” a Miralva Moitinho teremos mais uma vez o lado perseguidor de Geraldo. Não o que o norteou no passado, o republicano ou o da transparência.
Dizemos isso porque GS não tem sido tão interessado em ver apurados desmandos, uma vez que assume a defesa de corrupção praticada por seu indicado Aldo Bastos no CCAF.
O detalhe para justificar a dúbia postura reside no fato de que Aldo exerce como poucos a gloriosa função de “amarrador de cadarços” enquanto Miralva reagiu quando alcançada pelos blocos do “eu sozinho” do PTdoG.

O que está por trás

Geraldo Simões quer afastar Miralva da direção do PT local. Como foi ele que defendeu o seu nome para a Executiva tira uma de bonzinho. 

Cheiro

Os manuais de Direito Administrativo têm a sindicância como instrumento para levantar autoria ou indícios de autoria e de materialidade de ilícitos para constituir prova material para procedimento administrativo disciplinar (inquérito) ou judicial. No entanto, o teor da Portaria 4.518/2012, de 04.05.2012, de logo estabelece a autoria e certamente fica a dedução de que busca apenas a materialidade.
A coisa cheira a política. Inteiramente dispensável a expressão “...apurar irregularidades ocorridas na Diretoria Regional de Educação – DIREC-7, atribuídas a ex-diretora Miralva Moitinho Sousa...”. (A não ser enxovalhar a reputação da sindicanda antes mesmo que ocorra a conclusão dos trabalhos).
Redação menos política determinaria a apuração, os possíveis fatos (irregularidades em quê?), órgão e o período a que se limitaria a apuração (ano tal, biênio tal etc.).

Do “L’ état c’ est moi”...

Se tivéssemos que nos preocupar já teríamos enveredado para a autoimolação. O fundamentalismo petista sob o condão de Geraldo Simões e seu PTdoG está levando ao paradoxo da defesa da democracia desde que seja a minha. O pensamento único desenvolvido por GS sob a metalinguagem do possessivo faz com que seus seguidores não admitam a menor crítica ao método, tornado dogma de fé. O que o oráculo GS diz é lei, é definição e definitivo. Insuscetível de questionamento. Coisa de um deus olímpico e seu mantra: eu e o meu.
Até quando levantamos a discussão do risco posto a fomentar a tragédia itabunense com a continuidade dos desmandos e descasos que vão alimentando uma cultura peculiar para a administração local, em todos os níveis institucionais, não atendemos à doutrina dos seguidores do PTdoG.

...à “La verité cett’ est moi”

É que a tragédia não está na derrota de Juçara, caso ocorra, mas na vitória do sistema vigente e sua continuidade. A ruptura deste sistema vem sendo retardada pelas imprecações de Geraldo Simões ao impor a sua vontade individual como vontade fora de uma comunidade. Não admite que outros ou outros meios sejam o caminho da ruptura. Como onipotente decidiu que só ele é o meio. Fora dele não há salvação. Tornou-se uma paródia do “L’état c’est moi”, de Luiz XIV, com a “La verité cett’est moi”, dita pelo napoleônico grapiúna GS.”
E os que enxergamos a tragédia em continuidade, sabendo-a pautada no dogma do PTdoG, ainda que lutemos para reverter o andar da carruagem nos defrontamos com zumbis de GS reproduzindo o mantra de que só ele é a salvação.

A Ceplac d.M.

Assusta-nos o salto que representará para a Ceplac a sua participação na Conferência Mundial do Meio Ambiente Rio + 20, da ONU, em junho, no Rio de Janeiro. A proposta ceplaqueana já repercute em jornais do Sudeste.
As coisas na Ceplac em tempos mais pretéritos muito foram marcadas pela defesa de interesses de grupos. A nova atuação certamente se constituirá numa ruptura. Porque valoriza o seu quadro científico, sem dispensar contribuições de terceiros – desde que atendam ao interesse da sociedade regional, e não os “privilegiados” tradicionais.
É a Ceplac depois de Maynart. Não custa esperar os desdobramentos. Afinal, os interesses podem não ser os mesmos, mas que los hay hay.
Fica a esperança de que a sociedade contribua para que o atual superintendente não se torne Dom Quixote... ou defunto, se voltarmos à práticas de antanho.

Desdobramentos

A tardia solução do Supremo Tribunal Federal para o conflito que envolvia a reserva Paraguaçu-Caramuru, anulando títulos de propriedade concedidos pelo Governo da Bahia em área indígena, pela forma como foi alcançada, despertará desdobramentos.
Em que pese a realidade distinta (não há títulos concedidos em discussão) a forma de luta que fez precipitar a decisão pode desencadear um movimento de invasões em áreas pretendidas pelos tupinambás de Olivença.
Intranquilidade à vista.

Excelente I

Repercutiu a disponibilização neste espaço do sítio http://www.excelencias.org.br/ como instrumento para qualquer cidadão conferir a vida patrimonial e judicial de políticos do Poder Legislativo. A de Geraldo Simões foi o primeiro destaque, natural, pela evidência que representa no universo local.
Mas todo e qualquer político com mandato legislativo tem seus dados disponibilizados.

Excelente II

Também repercutiu o http://www.portaldatransparencia.gov.br/ para os convênios celebrados entre o Governo Federal e entidades sediadas em Itabuna. Desde o Município até instituições outras.

FICC fiasco

Ainda vai render aquela anunciada abertura do antigo Cine Itabuna, que seria o Cine Teatro Jorge Amado. Que ficou só no release quando Azevedo disse nada saber do projeto, tampouco a Prefeitura teria como assumi-lo.
Tem coisa mal contada ou contada pela metade.

Ceren Baran


Encantador o trabalho da turca Ceren Baran, em “Walk Dance”, do servo-croata Miroslav Tadic. Nos veio a lembrança “Blue Rondo A La Turk”, de Dave Brubeck, em muitas frases da execução.
A pesquisa nos levou a saber que Tadic (que tem acento agudo no c) completou sua formação musical nos Estados Unidos. Bebeu Brubeck, com certeza.
Vejamos uma e outra.


Cantinho do ABC da Noite

cabocoObservação alencarina a partir do balcão do ABC da Noite, definindo o cliente rarefeito no ambiente, que acaba de entrar:
– Paletó de maçonaria. Só circula na rua em dia enterro de maçom.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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