quinta-feira, 24 de abril de 2014

Onde a porca

Torce o rabo


Ontem, quarta 23, dia de São Jorge, o santo guerreiro. Uma guerra lançada. Não sabemos os desdobramentos, porque se trata de briga de cachorro grande. Afinal, quem controlou não deseja perder o controle. E o controle em tal área tem se constituído elemento de hegemonia para quem controla.

A lei 12.965, para vigorar a partir de 60 dias, publicada nesta quinta – que “Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil – sancionada pela presidente Dilma Rousseff na quarta – negue quem o quiser – é um pontapé, em nível mundial, para o processo de desamericanização dos órgãos que controlam planetariamente a internet. Que certamente buscarão retomar o controle hegemônico dos meios de informação digital. Daí a guerra a que nos referimos acima.

Significativo avanço a edição da lei 'do marco civil', que põe o Brasil na vanguarda pela garantia de liberdade de expressão, proteção da vida privada e igualdade de tratamento para qualquer tipo de conteúdo na internet em território brasileiro Não à toa deu-lhe espaço o jornal Le Monde, em matéria de capa: "O Brasil lidera luta contra a hegemonia americana na internet".

Infelizmente os espaços que vem ocupando o Brasil no cenário mundial não têm merecido a atenção devida nos meios de comunicação do país, mais preocupados com a agenda pessimista. A quase totalidade se beneficiando dos atuais mecanismos de controle e submissão. A atuação brasileira tem colocado o país no topo das lideranças que enfrentam o atual sistema. 

Atitudes como a recusa a visitar o EUA depois de bisbilhotada por órgãos da rede estadunidense levam o Le Monde, por exemplo, a realçar o pedido de explicações da presidente Dilma Rousseff, publicamente, ao colega Barack Obama, razão por que fere de críticas o governo francês (país do Le Monde) por ser - assim considera o jornal - "muito discreto em suas denúncias contra a NSA e Paris não parece pronto para enfrentar os norte-americanos como o Brasil”.

A fala da Presidente na NetMundial não deixa dúvidas quantos aos propósitos: a internet deve ser “multissetorial, multilateral, democrática e transparente”. Um tapa com luva de pelica nos Estados Unidos. Que desde os anos 30 desenvolveram um processo de controle da informação, exercendo-o através do cinema, rádio, televisão (posteriormente) e das agências de notícias. 

A construção da imagem de ‘pai da Democracia e da Liberdade’ foi assim divulgada, ainda que tenha sido o país líder em invasões e derrubadas de governos eleitos democraticamente a intervenções em movimentos de lutas democráticas, o que faz desde o final do século XIX.

Verdadeiros oligopólios na área da comunicação foram criados, constituindo imensa concentração de poder, onde os Estados Unidos exercem liderança hegemônica incontestável. O poder de sua rede não pode, nem de longe, ser comparada àquelas que desenvolveram atividades específicas como Rússia, China, visando o contraponto. Isso porque consideramos o sistema europeu também sob sua influência. O Le Monde, na mesma matéria elogiosa ao Brasil, observa o pioneirismo brasileiro.

Tais oligopólios são reproduzidos pelo mundo, como ocorre com as comunicações no Brasil, concentrada na mão de grupos e distante dos interesses da sociedade. Que lhes serve tão somente como consumidora do que produzem para assegurar apenas o resultado financeiro.

Desdobramentos
Comece a entender o leitor a razão por que da reação dos grandes grupos de televisão no Brasil país às iniciativas do governo. Principalmente quando o Governo Federal fala em instalar o chamado 4G.

Mais uma frente na batalha eleitoral – unida ao projeto de desconstrução da Petrobras – concentrará a ação dos grandes meios de comunicação.

É aí onde a porca torce o rabo. 

E pouco entendemos que este ano eleitoral tem desdobramentos que passam pela luta pela manutenção e controle tanto do pré-sal como da liberdade e submissão da internet a uma lei brasileira para tudo que nela circule ou pelo retorno à sujeição de interesses estrangeiros coordenados por setores da elite brasileira.

A autonomia e o respeito que o Brasil tem adquirido não alegra nem contenta os que sempre viveram sob as rédeas externas. Voltar a ser colônia plenamente é o sonho para eles. *

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* (Re)leia o leitor a postagem "A lição que falta".


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