segunda-feira, 14 de abril de 2014

Continua


O vale-tudo
Um fato 'deverasmente' grave - para vocabularizar com Odorico Paraguaçu nesta Sucupira em que vai se tornando este 'país de São Saruê" - passa ao largo dos noticiários: uma promotora do Distrito Federal - a pretexto de apurar o não-provado telefone de José Dirceu enquanto preso na Papuda - pediu a quebra de sigilo telefônico no limite territorial que entendeu fixar.

Tudo estaria correto - se correta é a continuidade de uma apuração já concluída desde fevereiro - se não fosse o inusitado de a ilustre representante do MP do Distrito Federal haver estabelecido como coordenadas geográficas do território a ser alcançado pela quebra do sigilo justamente onde situado o Palácio do Planalto. Ou seja, os limites de longitude (47º 51' 38.67" O) e da latitude (15º 47' 56.86" S) buscavam, inclusive, os telefones usados pela presidente Dilma Rousseff.

O fato - por si só - é um escândalo. Não se viu, tampouco se ouviu, qualquer manifestação da gloriosa imprensa. Como diria Tormeza - tratando de quem se cala diante do que deveria falar - nossa imprensa sempre em busca do sensacionalismo 'nem mugiu nem tugiu'. Mesmo diante de uma típica ação de espionagem contra a Presidente da República.

No vale-tudo do golpe evidentemente 'tudo vale a pena quando a alma não é pequena' - que nos perdoe Fernando Pessoa trazer a nobreza da alma à sujeira da trama.

Outros 'senões' vão encorpando o escândalo não mugido nem tugido: a ilustre promotora - por singular coincidência - foi orientada por Gilmar - atual ministro do STF - em sua dissertação de mestrado nos idos de 1997. Certamente aprendeu as manhas do mestre, aquele que denunciou a existência de um grampo sem nunca apresentar o áudio. Claro que nada tem a ver uma coisa com a outra - dirão os otimistas - mas a relação dá sinais de suspeição.

A insubordinação e a quebra de hierarquia decorrente da atuação da ilustre promotora também não sensibilizaram qualquer investigação jornalística. Afinal, estava ela a serviço da mesma causa por que trafega "o Padre Nobréga' - como diria Zé Limeira - "o poeta do absurdo" (obrigado Orlando Tejo).

E mais, caro leitor: o silêncio conivente de Suas Excelências juiz da Vara das Execuções Penais do Distrito Federal e do ministro Joaquim Barbosa nada também representaram, muito menos despertaram a mínima expectativa de especulação jornalística. 

Jânio de Freitas, no entanto, em sua coluna ("Nos Passos de Obama") na Folha de São Paulo no domingo 13 não tergiversou, como pode ser visto na íntegra em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2014/04/1439955-nos-passos-de-obama.shtml uma vez que estamos impossibilitado de copiar o texto, protegido pela lei de Direito Autoral.

Mas, simples e simplesmente, Jânio tributa ao ministro Joaquim Barbosa e ao juiz da Vara de Execuções Penais de Brasília o prévio conhecimento "da artimanha" neste "novo ardil para xeretar as comunicações da Presidência da República e da própria presidente Dilma Rousseff".

O vale-tudo continua.


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