quarta-feira, 9 de abril de 2014

Entrevista

E depoimento
Escrevemos ontem, terça 8, sobre Lula como ‘o grande eleitor’. Mais tarde, ainda pela manhã, através da internet, assistimos – depois de mais de uma hora de iniciada – a uma parte da entrevista do ex-presidente. 

Concedida a blogueiros a la guache – como considerados aqueles que não comungam com o lugar comum em que se tornou a pauta do jornalismo brasileiro sob o cutelo da grande imprensa – nunca imaginaríamos que houvesse destaque em noticiários televisivos da noite sobre sua entrevista. 

Houve, ainda que não na dimensão que ensejava. Talvez pelo tempo e pela variedade de temas nela abordados.

O que disse Lula repercutiu. Justamente porque quem o disse foi Lula. Não porque – assim vemos – fale por falar, mas por tratar com lucidez, sem temor, todos os assuntos que lhe sejam postos a enfrentar. Mais de 200 minutos de entrevista estão lá no https://www.youtube.com/watch?v=hhjATYYobG0

Entrevista livre, solta, descontraída, em linguagem coloquial, informal, sem “pergunta proibida", em clima de "jogo aberto”.

Ficamos sem entender por que Lula não é ouvido pela grande imprensa em debate. A conclusão mais imediata é a de que não interessa à grande mídia ouvir Lula sem “pergunta proibida” e sem edição/manipulação. Lula seria a própria catarse do que edita essa mídia comprometida com a 'isenção' de fazer política e defender seus candidatos afirmando que não o faz.

Sua fala na terça pode ser considerada como a mais importante entrevista concedida pelo ex-presidente. A capacidade de Lula de enfrentar todo e qualquer tema posto – pautada na transparência – demonstra a grandeza do que representa para a política brasileira contemporânea. Não fora o fato de que o domínio dos números e das estatísticas é uma de suas marcas.

Instantes há na entrevista em que Lula fala como se fosse um oposicionista. Não tergiversa em defesa de possíveis erros do partido que ajudou a fundar.

Alerta sobre o fato de que o PT precisa ter “aprendido a lição do que representou a CPI do mensalão”, “porque esta CPI deixou marcas profundas nas entranhas do PT” (aos 24 min). Tudo porque – segundo Lula – o PT não fez o debate político que o fato e o instante exigiam. Ficou – prossegue o ex-presidente – esperando o debate jurídico, deixando o debate político de lado. E deu no que deu. O PT confiou num julgamento jurídico quando o foi político. Porque – afirma Lula – no fundo a “imprensa construiu o resultado desse julgamento”. E o PT fugiu ao debate político “certamente por divergências internas... e o PT sabe que nós nascemos para combater esses equívocos que muitas vezes o PT comete” (26 min).

A fala de Lula para os blogueiros não pode ser entendida tão somente como uma entrevista. E sim como um depoimento político-administrativo sobre a história recente do Brasil. Ouçam-no todos e a avaliem.

Ao fim chegamos a uma outra conclusão: com tanta coisa para mostrar o Governo sempre anda acuado. No mínimo, no mínimo, a sua comunicação não ultrapassa a circunstância de ser alimento financeiro para a imprensa que o massacra.


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