segunda-feira, 16 de julho de 2012

De Rodapés e de Achados dia 15 de Julho

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
adylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

Não estamos sós

docÓbvio para os que dialetizam a realidade que o fator corrupção nunca poderia ser atribuído isoladamente à realidade brasileira. No caso específico desta augusta Terra de Santa Cruz (de onde saiu o primeiro pedido de emprego assim que "descoberta", inserto na famosa e estudada Carta de Caminha ao rei Dom Manuel), a corrupção tem alimentado vezos de moralismo comandado por setores os mais vários da sociedade, capitaneados por parcela considerável da imprensa, mais amparada em objetivos (podemos afirmar) nada recomendáveis.
Ainda que não possamos atribuir qualquer vínculo ao conceito do "complexo de vira-lata", trazido ao universo por Nelson Rodrigues, de que sempre nos sentimos humilhado diante do estrangeiro, fosse o que fosse que fizéssemos, fica-nos a rodrigueana conclusão como antítese do que já ocorre lá fora em sede de imoralidade.
Todo o dito volta-se para recomendar o documentário "Trabalho Interno" (2011), de Charles Ferguson, que nos deixa uma certeza de que "nossa" corrupção é café pequeno perto da de países de primeiro mundo (nada que a justifique). Capitaneada pelo sistema financeiro, onde nem o representante do Vaticano escapa, o documentário expõe as vísceras do espúrio relacionamento entre representantes da política, da justiça e do mundo acadêmico a partir da crise de 2008.
Ou aperfeiçoaram nosso modus operandi ou, quem sabe(?) estejamos chegando lá: no primeiro mundo.

Planos de saúde

Os denominados planos de saúde (que alguns preferem dominar “de doença”) tornaram-se nas últimas décadas o contraponto crítico para a saúde pública como maravilhas. Óbvio que o ideário (neo)liberal, de que quanto menor a presença do Estado melhor para a sociedade, tais planos são o ovo de Colombo.
Desenvolveram a idéia, para eles axioma, de que dispor de assistência médico-hospitalar é sinônimo de dispor de um plano de saúde. E na esteira desta “perfeição” a saúde foi mercantilizada, o ser humano tornou-se unidade estatística para corresponder ao lucro.
Não poderia dar em outra: começam a mostrar sua verdadeira face. Apesar de disporem de uma agência governamental que os redime de muito do que de ruim cometam, o Ministério da Saúde não resistiu a dimensão de abusos que vêm ocorrendo e denunciou um universo de 268 planos comercializados por 37 operadoras, por desrespeito aos prazos máximos de atendimento aos usuários. (Agência Brasil). Em poucas palavras: não entregam o que prometem.
Dentre os alcançados 5 planos da operadora Unimed.

Estiagem e propaganda

Matéria de José Raimundo para o Jornal Nacional deste sábado 14 tratou da estiagem na Bahia, realçando a circunstância de que até mesmo poços artesianos estavam secando.
Não fora a crueza traduzida pela matéria – afinal, água é vital para a sobrevivência – ficou-nos uma reflexão: onde está a política de combate ao secular drama, alardeado pelo governo da Bahia através do “Programa Água Para Todos”?
Ao que parece, não resistiu à primeira estiagem prolongada. E, para os que somos de região afetada por estiagens, sabíamos que em muito demagógica a forma desenvolvida pelo projeto: reservatórios e cisternas de até 10 ou 15 mil litros para aproveitamento da água de chuva.
Caso os reservatórios tivessem capacidade maior de armazenamento o drama seria retardado, se não plenamente aliviado. Explicamos: um reservatório poderia chegar a armazenar de 50 a 100 mil litros, o que significa proporções em nível de ocupação de espaço, para fins do cálculo do volume, em torno de 2x5x5 ou 2x5x10.
Se existissem cisternas pelo menos em tais dimensões, o aproveitamento da água da chuva (apenas a partir da captada do telhado) cuidaria de ofertar o precioso líquido por espaço de tempo muito maior, que poderia superar um ano, considerando o uso de 200 l/d por família de quatro pessoas (50.000 : 200 ou 100.000 : 200).
O que falta para construir armazenamento em tal dimensão são recursos financeiros. Que o “Programa Água Para Todos” não soube administrar.
A não ser em nível de propaganda oficial.

Seca

No Sul e no Nordeste a seca assola a sua gente. O problema da seca não está somente na inclemência da temperatura, mas na falta de água.
O que fazem dos aquíferos existentes no Sul e no Nordeste, não fora outros espalhados pelo território nacional?
Os Estados Unidos os utiliza para consumo humano direto e para irrigação.
Óbvio que sua exploração demanda investimentos, em muito diversos de um simples poço artesiano, que busca lençóis próximos à superfície.

Reposição

Há quem queira radicalizar em defesa do governador Jacques Wagner, criticando-o por pretender pagar pelos dias parados no curso da greve dos professores. Desconhecem tais críticos uma realidade: para retomar o ano letivo – fixado em 200 dias por imposição da legislação educacional, que no caso específico não corresponderá ao ano civil – o professor ministrará aulas.
O que não é justo – a não ser pela ótica fascista – é que o faça sem receber a correspondente remuneração. Caso contrário seria trabalhar de graça, financiando a sobrevivência com recursos pessoais sem a contrapartida do Poder Público. Punição de fazer inveja a Torquemada.
Menos paixão, minha gente! E menos servilismo!

Ficou mal

Não se houve bem o secretário Carlos Leahy, para não reconhecermos que ficou muito mal, diante da ação perpetrada contra a atuação do Pimenta na Muqueca, que acabara de entrevistar o prefeito Azevedo. Forçou a entrega da gravação e a devolveu sem a entrevista, apagando o registro de áudio.
A indecorosa atitude, em instante de servil comportamento, nem mesmo se justificaria caso a entrevista fosse do prefeito assumindo alguma das irregularidades que são atribuídas a alguns de seus auxiliares.
Figura afável, cordata, com trânsito em todos os segmentos sociais e político-partidários – tanto que secretariou Geraldo Simões e agora Azevedo – jogou fora a biografia de anos ao tornar-se cão de guarda adivinhador do que imaginou agradar ao chefe.
Não foi esta a imagem que construiu nestes anos em Itabuna.

O trivial

É lei da Física eleitoral. Do registro de candidaturas pode-se esperar impugnações. Basta que haja evidências que alimentem o pedido. E, principalmente, que a densidade eleitoral do impugnado reflita risco à eleição do impugnante ou, em outras palavras, que seu afastamento (do impugnado) viabilize espaço para o que impugnou.
É tão antigo como o próprio processo eleitoral moderno.
O risco é repetir um novo “PT do tapetão”, como ocorreu em 2004, ação da mente pensante do departamento jurídico da campanha de Geraldo Simões que transformou Fernando Gomes em vítima e muito contribuiu para a derrota de GS.

Biografia

Transitando por novo viés literário o itabunense Antônio Nahud Junior lançará no próximo 16 de julho, às 19 horas, no Palácio da Cultura de Natal-RN, a biografia “Agnelo Alves – 8 Décadas”.
O trabalho aborda a trajetória do jornalista norteriograndense, irmão de Aluízio Alves, trazendo introdução do jornalista Cassiano Arruda Câmara, do escritor Diógenes da Cunha Lima e do senador José Sarney.

Indagar não ofende

A artista plástica Conceição Portela anuncia exposição no Teatro Municipal, em Ilhéus. De Itabuna parece que todos estão a correr.
E não são somente as goteiras do Centro de Cultura Adonias Filho.

Doação de livros

livrosAri Rodrigues, um dos responsáveis pela implantação do Galpão Cultural Casa de Jorge Amado, em Ferradas, comemora o apoio da comunidade itabunense para a Biblioteca Firmino Rocha, que pretende destacar autores baianos, a ser instalada naquele espaço, contabilizando mais de 600 obras recebidas até o correr desta última semana.
A BFR já fora contemplada com a doação de 2.000 exemplares de títulos pela Editora Via Litterarum. A etapa recente resulta da campanha encampada pelo Blog do Rick e pela ACATE e continua recebendo doações através do blogue referido ou pelo telefone (73) 8873-5478 (Ari Rodrigues).

Novo fórum

A Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Itabuna, na pessoa de seu presidente Bel. Andirlei Nascimento, admite, com todas as letras: não interessa onde, importante é que o novo fórum de Itabuna seja construído.
Tudo nos leva a concluir – diante da informação de que o Tribunal tem pressa – que o edifício será construído no loteamento Nossa Senhora das Graças, onde disponível uma área doada pelo ex-prefeito Fernando Gomes.
Detalhe: até poucos anos, não muitos, todos entendiam de risco aquela área, em razão do isolamento. Opinião também dos técnicos do Tribunal. Sem falar na dificuldade de acesso.
Mas os tempos mudam. Assim como as opiniões e conclusões.

Quiproquó

O partido, em nível local, já houvera decidido apoiar uma das candidaturas a prefeito. A intervenção de liderança regional alterou os rumos a fim de afinar com seus interesses individuais. Deslocam-se todos para Salvador, na esperança de verem-se respeitados em sua “autonomia” e respaldados nos compromissos assumidos pela cúpula, que outorgara “poder” à liderança itabunense.
Tudo decidido e mantido na forma como ocorrera a intervenção. Discussão acalorada, amparada em vocabulário nada lisonjeiro, partiram para as vias de fato. A liderança regional tremia literalmente, ao tempo em que defendia sua posição sustentando-a em agressões verbais para todos, em especial para a liderança beneficiada pela decisão em Itabuna.
O que tremia não apresentará uma fotografia com olho roxo na campanha porque foi protegido por um candidato a vereador de Itabuna.
Nada será como antes entre os que “se amavam tanto”.
Mas, Fernando Gomes, então conselheiro, avisara com antecedência, há mais de ano: não confie nesse cara!

Caminhadas

Empolgados com as respectivas caminhadas na Avenida Cinquentenário tanto Azevedo como Vane. Aguardemos a de Juçara.

Para todo gosto

Para uns o avanço patrimonial de Azevedo é o mote; para outros, o de Vane.
Para nós, hilário é o patrimônio de Juçara.

Evolução patrimonial

O frisson para muitos, durante a semana, a declaração de bens de alguns candidatos a prefeito, com destaque para duas delas: a de Azevedo (DEM) e a de Juçara (PT). A de Azevedo, pela variação de 129 mil reais em 2008 para 358, em 2012; a de Juçara, pela insignificância: pouco mais de 9 mil reais, onde parte se concentra em participação societária em determinado restaurante (Pimenta na Muqueca).
Os demais candidatos – à exceção de Vane (PRB), com 218 mil em 2012 ante 106 mil em 2008 – apresentam valores inferiores ao de Juçara, como Zé Roberto (PSTU), com 5,5 mil reais e Pedro Heliodório (PCB) com apenas 600 reais, que está anos-luz adiante do patrimônio de Zen Costa (PSOL), que nada tem.

Evolução patrimonial I

A variação patrimonial de Azevedo supera 229 mil reais em quatro anos, o que representa em torno de pouco mais de 57 mil reais por ano. Considerando que os subsídios de prefeito em Itabuna superam 18 mil reais, complementada com a verba de 50% para atender despesas do cargo, se ficamos apenas com a remuneração mensal, auferiu o prefeito até junho de 2012, em valores brutos, pelo menos 756 mil reais. Como tem aposentadoria, há uma parcela complementar, que só a LEI da Transparência possibilitará conhecer. Se deduzirmos os encargos fiscais e previdenciários sobre aquela, na ordem 40%, recebeu líquidos pouco mais de 453 mil.
A variação de 229 mil reais no período revela, para nosso olhar clínico, que o prefeito anda desperdiçando ou gastando muito com a família.  

Evolução patrimonial II

A de Vane superou 112 mil reais em quatro anos, pouco mais de 28 mil anuais. Considerando que os subsídios de vereador em Itabuna superam 7 mil reais mensais, a remuneração lhe permitiu , até junho de 2012, valores brutos de pelo menos 294 mil reais. Como não fuma, não bebe e não é dado a outras diversões, a variação patrimonial de 112 mil reais possibilitou ao vereador pagar 117 mil reais de encargos fiscais e sociais e sobreviver com parte dos restantes 65 mil.

Evolução patrimonial III

O patrimônio de Juçara demonstra, para nós, duas coisas: nem mesmo é casada em regime de separação, muito menos de comunhão de bens com Geraldo Simões. Se tivermos que considerar que recebesse mísera pensão/mesada de 500 reais mensais e não tivesse que contribuir com a manutenção da residência e do sítio, teria acumulado (dispensada mensalmente de obrigações fiscais) de 2008 a 2010 algo em torno de 24 mil reais.
Como seu patrimônio pouco supera os 9,7 mil reais chama-nos a atenção apenas ter podido participar da composição societária de um restaurante.

Memória

A canção marcou um período rico, no final daqueles tempos de Jovem Guarda dos anos 60 e início dos 70, para os que se iniciavam no violão, trabalho do piauiense João Evangelista de Melo Fontes, o “João Só”.
Menina da Ladeira, para os que vivemos a época.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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