quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coisa de urubu-rei

Avidez
Câmara Cascudo registra em seu "Coisas que o povo diz", publicado em 1968 e recentemente reeditado pela Global, em 2009, a tradição popular para referir-se à postura egoística, individualista ou personalística de quem abarca para si desprezando o semelhante: coisa de urubu-rei.

Explica Cascudo que a tradição se ampara na observação em torno da reação da urubuzada diante do banquete, respeitosa enquanto há urubu-rei na área. Nenhum deles inicia o butim enquanto não estiver saciado o lider de cabeça enfeitada e colorida.

É que o "gypagus papa come sozinho, aristocraticamente, isolado dos comparsas subalternos. Depois de farto e ausente é que a urubuzada humilde toma chegada para o ágape", observa Cascudo.

Diante das coisas que costumam ocorrer em final de administrações derrotadas, a avidez de muitos sobre os restos do erário está para mostrar uma categoria humana inspirada na fama do urubu-rei.

Com detalhe especial: se houver tempo, nada para os "subalternos".



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