sexta-feira, 23 de novembro de 2012

De Rodapés e de Achados -Dia 18 de Novembro de 2012



adylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
  
Adylson Machado

Intenção

Pela 21ª vez nas últimas duas décadas a Assembléia Geral da ONU pede o fim do bloqueio americano a Cuba, que já dura 50 anos. Os prejuízos causados ao povo da ilha são incalculáveis (alcançariam 975 bilhões de dólares) e não há motivo que o justifique. A não ser atender àquele eleitorado anticastrista, parte dele oriundo dos que exploraram os bordeis e cassinos antes do triunfo da revolução que derrubou Fulgêncio Batista. (Há um instante em “Poderoso Chefão – Parte III” que bem demonstra ofulgor daquela época cubana, justamente no imediato da entrada dos revolucionários em Havana).
O detalhe fica nos números da votação: 188 favoráveis ao fim do bloqueio, dois contra (Estados Unidos e Israel) e três abstenções (Ilhas Marshall, Micronésia e Palau).
Uma quase unanimidade que nada representa.
cuba

A tensão

Volta à cena o dantesco: bombardeio israelense sobre a faixa de Gaza. A tensão retomada aprofunda as dificuldades de paz no Oriente Médio. O genocídio que se perpetra, não somente com a ação bélica, mais que justificaria um “bloqueio” estadunidense, com apoio da ONU, em defesa do povo palestino.
Mas, a história é feita e escrita pelos que têm armas, inclusive bombas atômicas.
Onde outra “unanimidade” se impõe.

Caixa preta I

A Folha de São Paulo tentou em 2010 obter informações da Secretaria de Comunicações da Presidência da República sobre o volume de recursos gastos com publicidade pelo Governo Federal a partir de 2000. Não obteve resposta. Ajuizou ação para conseguir o pretendido. Encontrou decisão favorável no STJ recentemente.
A dúvida posta por muitos, encampada pela Folha, é de que os gastos não correspondem à realidade oferecida. O custo/benefício não bate, qual seja, por exemplo, o número real de telespectadores. Índices de audiência ínfimos estariam recebendo como se fossem altos.
Sem entrarmos no mérito da questão, o que inclui o direito à informação, fica-nos a certeza de que quando os dados vierem a público descobriremos que o Governo Federal gasta desmesurada e erradamente e para financiar quem lhe faz oposição franca.
O alvo maior da descoberta será o sistema Globo, com destaque para a televisão.

Caixa preta II

Teremos oportunidade ainda de conferir outro fato: os quatro grupos empresariais que constituem a chamada “grande imprensa” brasileira, que têm um grau de hegemonia sobre a área de entretenimento e informação como em nenhum outro lugar do mundo, abocanha fatia imensa dos recursos da publicidade governamental.
E não só isso: seus tentáculos gráficos controlam o fornecimento de livros didáticos distribuídos pelo Governo.

Onde reside o perigo I

bessinhaTemos nos filiado aos que encontram no STF a partir do julgamento da AP 470 uma Corte que se apresenta comprometida com aspectos não tão vinculados ao que dela se espera. Nesse viés, não fora a desconstrução de institutos, princípios e fundamentos jurídicos (alguns contrariando frontalmente a Constituição Federal) a escancarada assunção de uma postura político-partidária.
Brinda-nos Marcos Coimbra, em “A mídia e os juízes”, na Carta Capital n.723, com a seguinte conclusão:
“O julgamento do mensalão é tão imparcial e equilibrado quanto a cobertura que dele faz a ‘grande imprensa’. Ela se apresenta como objetiva, ele como neutro. Ambos são, no entanto, essencialmente políticos.
As velhas raposas do jornalismo brasiliense já viram mil vezes casos como o do mensalão, mas se fingem escandalizadas. Vivendo durante anos na intimidade do poder, a maioria dos ministros presenciou calada esquemas para ganhar mais um ano de governo ou uma reeleição, mas agora fica ruborizada.
O que ninguém imaginava era quão simples seria para a mídia ter o Supremo a seu lado. Bastavam algumas capas de revista.
E agora que se descobriram aliados, o que mais vão fazer juntos?”

Onde reside o perigo II

Para que o leitor melhor compreenda a indagação final recomendamos atenção ao contido no quarto parágrafo do mesmo artigo: “Ficou famosa, pela sinceridade, a declaração da presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, segundo quem ‘(...) os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, uma vez que a oposição está profundamente fragilizada’”.
Nada a acrescentar. Só a temer.

Para muitos, um pouco de Cora

cora

Conselho

acateA ACATE e a AGRAL unem-se para realizar Seminário que muito interessa ao futuro dos movimentos culturais itabunenses: a (re)implantação do Conselho Municipal de Cultura e a criação do Fundo Municipal de Cultura.
O Seminário será realizado no Teatro Sala Zélia Lessa (em frente a EMASA) nesta segunda 19, das 9:00 as 17:00 horas.
Na pauta, as inovações trazidas pela Lei Orgânica da Cultura do Estado da Bahia.

O pio da coruja

Em Macbeth o “pio da coruja” é doba que ensaia a tragédia. Na obra de Shakespeare, a morte premeditada se anuncia pelo pio da coruja.
O pio de estrigídeas e titonideas ronda prefeituras região a fora.
E o povo sem poder piar. Com medo de não receber.

d.E.

Melancólico o final de muitos governos municipais derrotados. Suas ações pós eleição mais demonstram mundos inteiramente diversos, divididos em eras: a.E. e d.E (antes da eleição e depois da eleição). Antes, euforia, grandeza, publicidade farta, paraíso à vista. Depois, angústia, tristeza, desencanto, desrespeito.
Nem mesmo os dirigentes, bons de discurso, fazem-se exemplo para o que disseram.
Em alguns municípios a tragédia se manifesta em duas vertentes: na coleta de lixo e no atraso do pagamento de funcionários. Para estes, quando o atraso é de dias dão-se por felizes. Tem gente por aí sem receber há meses.
Não sabemos se haveria iniciativa de ofício do Ministério Público para coibir tais desmandos.

Expectativa I

Informação há de que a divulgação do secretariado do prefeito eleito, Vane, ocorrerá na próxima quinta 22. Alguns nomes são dados como certos.
O que levanta questionamentos em torno da origem de um ou outro, porque não vinculada à comunidade local. Dentre os questionados, o ambicionado cargo de secretário municipal da Saúde, indicação do PCdoB.

Expectativa II

De nossa parte a expectativa gira em torno do perfil ideal para a assunção do cargo e do respaldo político de que disponha qualquer secretário para o exercício da função.
Cobrança ou especulação neste instante pode ser precipitação.

Mudança(?)

Determinada senhora foi procurada por um vereador eleito. Que lhe propôs assumir uma das assessorias a que tem direito na Câmara. Diante da alegação de que não tinha nenhuma condição de fazê-lo por se considerar desconhecedora dos meandros da atividade que lhe era oferecida ouviu que bastava assinar o recibo de 300 reais ao final do mês.
Trabalhar mesmo, não precisava!
Registre-se que a cidadã – no sentido pleno da honorabilidade – não aceitou.
Infelizmente, outro aceitará.

Coreia no centenário

No ano de Luiz Gonzaga a força de sua interpretação, mais que a das composições, faz o nordestino mais universal. Um grupo coreano ensaia Asa Branca (Gonzaga-Humberto Teixeira) seis décadas depois de lançada.
Perdoados estão por aquela nota da introdução que nos parece ausente. Louvados por lembrarem de Luiz Gonzaga.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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