segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Impotência

E internet
Atribui-se a Cristo Jesus a expressão “meu reino não é deste mundo” para responder às cobranças que lhe eram feitas para que realizasse materialmente como o messias revolucionário que muitos imaginavam fosse. 

Diremos que não controlamos este mundo, tampouco “temos como exigir deste mundo nem mesmo o que ele se propõe a nos oferecer” ou, simplesmente, nada mais do que esperar por aquilo que ele afirma poder oferecer. Para Jesus Cristo o plano da Salvação não poderia corresponder aos quereres do mundo material. Para os que vivemos nele (o mundo material) ainda que paguemos por aquilo que se nos propõe não temos como controlar em torno dos compromissos que dele são derivados.

Toda essa alegoria – ainda que não a vejamos em bases escatológicas, em que pese nos sentirmos como se o mundo chegara ao fim – para dizer que nada registramos em nosso blogue durante quatro dias por que nos furtaram os meios de fazê-lo. Meios sobre os quais não dispomos como controlar, porque não estão sob nosso mísero controle.

Fica-nos apenas a sensação do fracasso por nos sentirmos envolto no princípio exuperiano de que ‘somos responsáveis por aquilo que cativamos’. Os milhares de acessos mensais de que dispomos diretamente em nosso blogue exigem – já o percebemos – atualização diária – muitas vezes horária. Para tanto carecemos também da atualização na própria rede de que nos valemos para expor. Seja-o como fonte atualizadora, seja-o como instrumento de comunicação.

Simplesmente ficamos sem internet – paga ao sistema Velox – no curso desses dias. Até que conseguimos uma terceira fórmula para postar esta coluna. Razão por que concluímos com o 'Quem tem um não tem nenhum', da sabedoria popular. Parodiando-a: que tem só Velox não tem internet.

Como consumidor fazer o quê? Demande judicialmente – dirá alguém! – afinal você é advogado. Mas aí a distância entre o espiritual e o material. Nossa angústia – por falhar em nossa responsabilidade em razão de outrem – encontrará limite no fio de navalha entre postular no mundo dos homens através de sua Justiça (Judiciário) e o que deixamos de realizar – e não mais será o mesmo, porque não há como ser repetido, em razão do instante em que se fazia útil ou necessário – apenas para transitar por caminhos iluminados pelo pré-socrático Heráclito de Éfeso no século VI a.C.

Restaria – no plano da reparação judiciária – a recuperação de prejuízos materiais, que exigem prova quantificada. Muito pouco para quem tem na mensagem que efetiva a riqueza produzida instantânea e diariamente: a de ser lido, discutido, questionado e, ainda que pouco, centro de informação e opinião. Portanto, o espiritual mais prepondera e é inalcançado pela quantificação material.

A impotência – desprovida nesse instante de indignação – apenas recomenda lembrar das apologias tributadas a governantes e a pensamentos econômicos.

No particular do neoliberalismo tupiniquim foi vendida como sucesso e revolução para o consumidor a telefonia. Na venda ofertaram até o satélite de que dispúnhamos para dar maior legitimidade ao butim.

Seus arautos até ilustram o progresso com o número de usuários na telefonia móvel, como se a inexorabilidade da inovação e de sua presença não houvesse ocorrido caso permanecesse o controle sob o regime público.

Vivemos a apologia da expansão da comunicação pela rede. Esquecendo de quem a controla.


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