quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ah! Joaquim

Que fizestes!
Ao bater a porta de saída – 11 anos antes do tempo que lhe estava fixado – o ex-ministro Joaquim Barbosa voltou a jogar/falar para a plateia. A sua plateia! Discursou exaltando – em indiretas (injustas) – a que o sucessor seja “um estadista” quando falando a jornalistas na simbólica saída do Tribunal. 

Feriu seus pares – mais uma vez com a deselegância que lhe tem sido habitual – quando frisou que o STF “não é lugar para pessoas que chegam com vínculos a determinados grupos de pressão”.

Certamente a resposta mais precisa sobre o que disse o ex-ministro tenha ficado a cargo de um de seus ‘votos de confiança’ na AP 470, o ministro Marco Aurélio Mello, que comemorou a assunção da presidência por Ricardo Lewandowski para resgatar os “valores do tribunal”, Afinal – disse ele – “Estamos numa quadra em que precisamos resgatar valores da liturgia desta chefia”.

Dúvida não deixa Mello em relação a quem fez perder a “liturgia desta chefia”.

Ao sair Joaquim Barbosa provocou. E pelo desrespeito deve ter lido/ouvido o que não queria. Tinha ele mais 11 anos para aprimorar a ‘liturgia’. O que fez no pouco tempo em que presidiu o STF foi estampar uma dimensão humana nada cordata, nada condizente com a dimensão do que representava.

Não falta quem o aplauda. Até quando não sabemos. Por mérito – a única referência que legará aos seus biógrafos – o fato de ter sido relator do ‘mensalão’. Disso não passará: de relator do mensalão. 

E quando descobrirem o que fez como relator da AP 470 muito pouco restará à biografia de Joaquim Barbosa. Certamente – mais certo – não escapará do papel de manipulador de um processo em que quis fazer política, para agradar a quem lhe fazia “pressão”.

Rezará – na condição de relator do ‘mensalão’ – para que o STF não reconheça seus desmandos na condução do processo. Dentre eles – o mais grave – esconder provas que absolveriam alguns réus de alguns crimes. Caso fique somente nisso.

Enquanto Joaquim vai para casa um dos símbolos de sua atuação carrasca encontra, finalmente, o respeito da lei: Dirceu começa a trabalhar. Joaquim o queria em regime fechado, ainda que condenado ao semiaberto.
Joaquim já começou a perder. Fugiu do STF para não se ver derrotado enquanto lá militasse. 

Triste fim, o de Joaquim! Sorte que não será como o de Policarpo Quaresma.

Onde começou o triste fim
Certamente Joaquim Barbosa encontrará encômios entre aqueles a quem serviu. E não precisa repetir quem são.

Seu vazio  em breve, inclusive esquecido por aqueles a quem serviu – começou na sua saída.

Na sessão última de Joaquim não se faziam presentes: o Procurador-Geral da República, nenhum representante da OAB ou da Advocacia Geral da União, nenhuma das muitas Associações da Magistratura que representam os vários segmentos da judicatura (estaduais e federais) do país. Nem o decano do STF (o mais antigo ministro), Celso de Melo

Joaquim Barbosa não se viu nem no direito de fazer o tradicional discurso de despedida e de balanço de sua gestão.

Ainda que pareça ferino, o ministro Marco Aurélio Mello ilustrou o necrológio funcional do agora ex-ministro: "Joaquim Barbosa não é apegado ao ofício judicante... Não passou de um arranhão na história do Supremo".

Fecha o pano da ópera bufa que fez exibir.

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