domingo, 13 de julho de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Enrolada
Nunca afirmemos que a ciência desenvolvida em favor da tecnologia eletro-eletrônica chegou ao limite. Tão só desconhecemos o que já elaborou para décadas adiante. Apenas aguardando oportunidade de etapas anteriores destinadas ao obsoletismo darem espaço à comercialização de seus avanços, que aguardam pacientes a oportunidade de chegarem às prateleiras.

Aí está a LG e seu anúncio na quinta 10: televisão de 18 polegadas com tela de resolução de quase 1 milhão de megapixels (o que corresponde a 1200x810 pixels) inteiramente flexível e transparente, possível de ser enrolada/dobrada, como se fora papel ou tecido.

Imagine o leitor a comparação com aquelas TVs de tubo que muitos ainda têm em casa!


Reprodução

Há quem defenda
“O renascimento internacional da propriedade pública é anátema ao mundo da elite.  Mas, é vital para a recuperação genuína da Economia.

A privatização não está funcionando. Nos prometeram democracia acionária, competição, custos reduzidos e serviços melhores.  Após uma geração, a experiência da maior parte das pessoas tem mostrado o oposto.  De energia a água, ferrovias a serviços públicos, a realidade tem sido monopólios privados, subsídios perversos, preços exorbitantes, sub-investimentos lastimáveis, exploração e aprisionamento corporativo.

Os cartéis privados ditam as regras aos reguladores.  Consumidores e políticos são ludibriados pelo sigilo comercial e complexidade contratual.  A massa trabalhadora tem seu salário e condições de trabalho  reduzidos.  O controle de serviços essenciais passou para gigantes corporativos com base em outros países e frequentemente de propriedade do Estado.  Dessa forma, as empresas e serviços privatizados apenas passam para as mãos destes outros Estados.

Relatórios e mais relatórios tem mostrado que serviços privatizados são mais caros e ineficientes do que a contrapartida de propriedade pública.  Não é surpresa que a maior parte das pessoas que nunca apoiaram uma única privatização, não acredite nos privatizadores e nem queiram seus serviços administrados por eles.

Não pense o leitor tratar-se o texto acima de intervenção comunista/lulista/dilmista/petista. Nada mais que trecho de um artigo de Seumas Milne, no The Guardian inglês, em 9 de julho de 2014.

Enquanto a pátria do neoliberalismo – representado deslumbradamente em Margareth Tatcher – expõe as vísceras de suas inconveniências veremos no curso da campanha presidencial o tucanato reiterar as virtudes que só eles percebem.

Dilma, uma brasileira
A presidente Dilma Rousseff, em entrevista a Renata Lo Prete (TVNews) escancarou algumas verdades. 

Em relação à organização e ao planejamento da seleção: “Temos que fazer o que a Alemanha fez após a Eurocopa em 2000″. 

Diante do mantra de estádios vazios: “Só existe o risco de um estádio virar elefante branco se não reformarmos o futebol brasileiro”. Isso, por que “Temos todas as condições de renda pra encher estádios”.

Por fim, o que todo brasileiro passou a enxergar melhor: “Temos que mudar o futebol brasileiro”. 

Gol da Alemanha
O que fica na vila de Santo André, na Costa do Descobrimento  (foto), não deixa de ser um legado da Alemanha, por sua seleção. 

Um outro legado foi deixado, no dia 8 de julho: o alerta de que precisamos deixar de imaginar que somente nós avançamos enquanto os outros regridem.

Por explicar
Os alemães teriam feito um belo vídeo em homenagem ao Brasil mas tiveram que removê-lo a pedido de Paula Lavine, ex de Caetano, porque usaram a música Tieta sem prévia autorização. Uma pena, porque o vídeo agradou muito. 

A informação circula na rede.

No entanto estranhamos o fato diante de duas possibilidades: 1. os autores simplesmente cobrariam o que lhes seria de direito ao invés de exigir a remoção da obra; 2. os alemães poderiam simplesmente ter substituído o tema sem prejuízo da divulgação do trabalho.

Há algo por explicar. 

Quando interessa I
Não há como não trazer a Copa para a política. Assim fizeram integrantes da oposição, com destaque para tucanos. Para eles a Copa representaria um fracasso para o Governo e, por consequência, afetaria a reeleição de Dilma Rousseff. Embutido estava o “temor” de sucesso da seleção brasileira.

No instante em que a deselegância lançava impropérios chulos contra a Presidente na abertura da Copa Aécio Neves aproveitou-se da circunstância para dizer que ela colhia o que plantara (no que foi seguido por Eduardo Campos). Ou seja, como argumento eleitoral até palavrão/pornografia serve.

Assim que desmoralizada a campanha contra a Copa a seleção se tornou o cavalo de batalha desta mesma parcela de oposição que anda buscando qualquer coisa em que se apoiar, a ponto de o candidato Aécio Neves haver estampado na rede: “Governo Dilma pagará pela eliminação do Brasil”. Não tardou o mesmo Aécio guinar: “Aécio critica político que confunde Copa com eleição”.

Entenda o leitor. A sequência abaixo  onde Xico Graziano, o coordenador da campanha digital de Aécio se expressa  bem demonstra o oportunismo tucano.

 

Quando interessa II
O candidato Aécio Neves precisa encontrar um meio de merecer confiança em relação ao que expresse. Sabendo-se das críticas que reconhecem a CBF como um centro de corrupção, não custa Aécio explicar a razão por que de sua amizade com Ricardo Teixeira (antes) e José Maria Marin (agora). 

E se teria ‘aquilo roxo’ para enfrentar o sistema que sustenta a Globo – quem efetivamente domina o futebol brasileiro, como já o disse com todas as letras Alex, líder do Bom Senso FC: "Quem manda é a Globo" – e que tanto o exalta e o aplaude.

Juca Kfouri tratou do assunto Aécio/CBF em seu blog:

"Aécio Neves é amigo de José Maria Marin e o homenageou, escondido, no Mineirão. Deu-se mal porque o que escondeu em sua página na internet, Marin mandou publicar na da CBF. Aécio também é velho amigo de baladas de Ricardo Teixeira e acaba de dizer que o país não precisa de uma “Futebras”, coisa que ninguém propôs e que passa ao largo, por exemplo, das propostas do Bom Senso FC. Uma agência reguladora do Esporte seria bem-vinda e é uma das questões que devem surgir neste momento em que se impõe um amplo debate sobre o futuro de nosso humilhado, depauperado e corrompido futebol. Mas Aécio é amigo de quem o mantém do jeito que está. Não está nem aí para os que reduziram nosso futebol a pó."

Nota do blog: Não sabemos o que pretendeu Juca Kfouri com a expressão final "...futebol a pó". A palavra   dizem –, assim como bafômetro, incomoda Aécio Neves. Em que pese o sucesso de uma música carnavalesco-mineira deste ano (Baile do Pó Royal), que fez/faz grande sucesso em Minas Gerais https://www.youtube.com/watch?v=2YMOKVIgkgk

Reflexões I
Quando encerrarmos a coluna a Copa terá findado, aguardando apenas a definição do vencedor. No que diz respeito ao Brasil, o imediato de uma participação sofrível – para não dizer pífia. Afinal, foram 14 gols sofridos em sete jogos. Uma média de 2 por jogo. Bem maior que a de gols feitos: 1,57. Tivemos um saldo negativo de 3.

Nos próximos dias a atuação da seleção será avaliada em todos os prismas. Da preparação – tratada sem o devido respeito – à exploração comercial em benefício não do futebol mas de patrocinadores e parceiros da CBF e de jogadores.

Reflexões II 
Podemos concluir que é difícil enxergar o que está a nossa volta. Quem está de fora percebe-o melhor. Como o zagueiro Paul Breitner, da seleção alemã, em entrevista ao Bola da Vez da ESPN, em abril de 2013, que assistimos em reprise, e hoje descobrimos na rede, para ser conferido pelo leitor através do link https://www.youtube.com/watch?v=H1Sp12LdUh8

Reflexões III
A entrevista oficial concedida pelo goleiro Júlio César, no imediato do término do Brasil x Alemanha trouxe à baila o que poucos perceberam: uma vigorosa indireta nos críticos e nas críticas a jogadores, individualmente, como se sobre eles pesasse tão somente a infalibilidade. 

Disse ele, mais ou menos o seguinte: “Preferia perder de 1 x 0 por culpa minha do que por 7 x 1” onde todos serão responsabilizados.

A lição indireta imediata remete ao Brasil x Holanda de 2010, onde o jogador ficou marcado. (Em que pese idêntica saída, contra a mesma Holanda, neste sábado).

Reflexões IV
A seleção brasileira padece, há muito, de recursos técnicos para superar marcação cerrada, bloqueios defensivos compactos.

Reflexões V 
Da Copa ficou uma certeza: arbitragens sofríveis. Talvez porque tenhamos visto melhor os lances, tantas as câmeras em campo.

Reflexões VI
Talvez queiram amenizar a inconveniente interferência da "imprensa" que manda. Mas não podemos esquecer que o helicóptero da Globo aterrissava nos treinos da seleção; que Luciano Huk levava cadeirante para ver treino e sensacionalizava o fato em seu programa. 

A seleção continuava extensão do Projac.

Reflexões VII
Ninguém em sã consciência pode afirmar que a seleção brasileira está jogando o “seu futebol”. De certo aquilo que podemos denominar de ‘identidade’ tem-se esvaído a cada transferência de jogador brasileiro para a Europa, especificamente. 

Dia desses um torcedor menos apaixonado lembrava que mais parecia indicar que a Europa leva o jogador brasileiro para tirar-lhe as características. Não deixa de ter razão. Ainda que pareça absurdo tal complô.

Nossos craques jogam aqui um futebol com o qual (pela identidade) vencemos os demais ou, pelo menos, competimos convencendo. No entanto, o mesmo atleta que aqui se configura com um ‘estilo’ assim que praticando outra escola a ela se adapta – pelas circunstâncias técnicas que lhe são exigidas – e perde as características que o levaram a ser comercializado. Quando retorna nunca mais é o mesmo.

Reflexões VIII
A primarização a que lançado o futebol brasileiro ficou evidente. Porque não foi a ‘seleção’ e os que a integravam o grande derrotado, mas a estrutura do futebol brasileiro. Corroída pelo descaso de dirigentes, pela ausência de políticas públicas consentâneas com a prática de esportes em um país continental, pela manipulação que nos levou a simples exportador de brotos verdes e não do produto deixado crescer para o consumo. De exportar matéria-prima e vê-la produto acabado lá fora. Como está a ocorrer com crianças brasileiras já contratadas e/ou treinadas no exterior.

Há décadas o futebol se ‘profissionalizou’, transformado em um venturoso negócio para quem o exercita. Não à toa desde então o Brasil perdeu a condição de país do futebol, embora não aceitemos essa realidade e insistamos em assim designá-lo.

Não há como negar que a até popularidade do futebol perdera a espontaneidade de sua prática, em essência. Aqui, como em outros países da América Latina, na eterna relação colonizador-colonizado, passamos a fornecedor de matéria-prima. 

Não mais surpreende – e há quem até torça para alguém seu seja objeto de tal atenção – que meninos de tenra idade com aptidão para o esporte – identificados nas ruas e nos campos de várzea – sejam imediatamente cercados por ‘agentes’ levando os pais a assinarem contratos e a perceberem por eles desde a infância.

O outro lado
A derrota na semi-final para a seleção da Alemanha pode ser considerada uma metáfora ue nos ajude a entender o futebol de agora como o mundo das finanças, ambos unificados para garantir altos negócios. 

Não poderia dar em outra coisa: no universo futebolístico perdeu sentido em relação às seleções dos melhores de um país, porque importância maior passaram a ter os clubes tornados empresa.

A globalização financeira tornada futebol. Simplesmente. É o lado que escondem.

Álibis
Torcedores encontrarão desculpas: contra a Alemanha tivemos as ausências de Neymar e Tiago Silva; contra a Holanda, os erros da arbitragem em relação aos dois primeiros gols.

Mesmo assim, no quesito arbitragem, perderíamos de dois a zero: um pênalti não assinalado em Robbin e o lícito terceiro gol.

Outra Copa, outro tempo
A Copa de 1978, na Argentina, ao ser encerrada, justificou poema de Carlos Drumond de Andrade (abaixo). Que a Liberdade política lembrada pelo poeta em tempos de ditadura seja outra neste 2014: a liberdade para nosso esporte, o futebol em particular.


Foi-se a Copa?
Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
A Copa da Liberdade.


Fica a Copa
De mais importante fica para nosso orgulho de brasileiro a imagem do país levada ao mundo. Tanto que fechamos a coluna com o trazido da BBC através do jornalggn.com.br

Enquete da BBC de Londres aponta Brasil como a melhor Copa da história
Jornal GGN – Não bastassem os elogios da imprensa internacional por meio de artigos, editorais e afins, além dos comentários em massa nas redes sociais, agora uma enquete feita pela BBC de Londres apontou o que já se dizia: a Copa no Brasil foi a melhor da história, segundo as pessoas que se manifestaram. O resultado favorável ao país chegou a 39%, bem acima do segundo colocado: a Copa da Itália, em 1990, com 10,5%.
A lista segue com a Copa da Inglaterra, em 1966, com 8,8%; A Copa da França, 1998, com 8,4% e da Alemanha, em 2006, com 8,1% das pessoas ouvidas. A lista ainda tem, na ordem, México, em 1970 (4,7%); Coreia do Sul e Japão, em 2002, com 3,9%; México, em 1986, com 3,6%; Espanha, em 1982, com 3,3%; EUA, em 1994, com 3,0% e África do Sul, em 2010, com 2,5%.
Fecham a lista dos países que já sediaram copas o Uruguai, em 1930, com 1,1%; Alemanha, em 1974, com 0,8%; Argentina, em 1978, com 0,7%; Suíça, em 1954, com 6%; Suécia, em 1958, com 4%; França, em 1938, com 3%; Chile, em 1962, com 0,1%; Itália, em 1934, com 0,1% e novamente Brasil, em 1950, com 0,1%.
"Começar de Novo"
De Ivan Lins e Victor Martins  pelo título da canção  o recomeço como proposta.


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