Com os dentes nas mãos
A expressão do título se origina da cultura popular, para afirmar a dimensão de alegria e a felicidade de alguém diante de alguma coisa.
Eric Hobsbawn transita por racionar em torno de um contraponto entre felicidade individual e felicidade social quando analisa as consequências da Revolução Industrial, gerando indagações se deixou melhor ou pior as pessoas. Reconhece, portanto, que os resultados individuais - resultantes do processo de acumulação - não encontraram - pela distribuição - um contraponto em resultados sociais.
Uma das razões da atual dimensão da hegemonia financeira reside no fato de haver nela concentrado o capital estéril - fruto da acumulação histórica originada com a esperiência capitalista, desencadeada pela Revolução Industrial - que somente gera híbridos resultados. Dinheiro por dinheiro, lucro por lucro ou, simplesmente, dinheiro gera dinheiro e lucro gera lucro.
O dinheiro pelo dinheiro dispensa a reconhecimento do valor da produção que envolva a pessoa humana. A não ser vendo-a como peça do sistema. Contemporaneamente os estados nacionais despareceram do mundo financeiro, quando passsaram a se utilizar de territórios (e não nações) que possam corresponder à sua vocação de gerar excedentes mais e mais.
O deslocamento de grandes empresas de produção manufatureira para países onde prevaleçam salários aviltantes e câmbio desvalorizado (melhor ainda que com alta produtividade) encontra na possibilidade de exportação para seus países de origem jurídica ou onde exerçam influência o aprofundamento de um sistema de concentração financeira.
É o duelo atual. Descubro-o à mesa de refeição. O palito à nossa disposição era "made in China". Não à toa os chineses estão com os dentes na mão no plano da competição internacional.
Não sabemos se os "humanos chineses" estão satisfeitos. Tampouco se foram alcançados pela felicidade social de que fala Hobsbawm.
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