Ao imponderável
Registramos abaixo a circunstância da oportunidade perdida pela Presidente Dilma Rousseff de tornar-se a estadista que avocara para si a condição de tradutora dos reclamos da rua.
Cumpria-lhe, apenas, recomendar a convocação de um plebiscito para ouvir o cidadão em torno de que fosse convocada uma Assembleia Constituinte autônoma e específica para corresponder à grita popular contra a classe política e os penduricalhos que criou à sua volta e que tanto agridem ao homem comum que a custeia.
A diferença que a tornaria ímpar, como mandatária da Nação, residia justamente em compreender esse detalhe: se o povo deseja, entre 68% e 73% que o Congresso não seja o tutor da reforma não podia a ele transferir a responsabilidade. Assim, uma Constituinte originária, exclusiva e específica para tal desiderato se impunha.
Fica-nos o raciocínio de que a vontade da semana passada sucumbiu aos "aconselhadores" que tem à sua volta, dentre eles (se é que foi ouvido) um Ministro da Justiça dos piores que o Brasil já teve. E, certamente, buscou "conselhos" na própria classe política, seja aquela encastelada no Congresso ou a oriunda dele, que se encastela ao seu lado.
Não poderia dar em outra coisa. Coisa assim como ouvir a raposa sobre abrir ou fechar a porta do galinheiro.
A sensatez da semana passada sucumbiu. Contrariou a única vertente exaustivamente afirmada pelo povo nas ruas: não acreditamos nos políticos; não se lhe dê oportunidade de fazer o que até agora não quis fazer.
Medrou a Presidente. Não nos diga que pela governabilidade. Por causa dela o povo anda pelas ruas.
Migrou Dilma Rousseff da sensatez para o imponderável. Ou seja, tirou de si o gesto sensato de ouvir as ruas e transferiu para o Congresso a manutenção do imponderável.
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