A realidade
Não há dúvida de que a repercussão oriunda das mobilizações de junho, ainda perseguindo políticos, governantes e instituições, encontra amparo na circunstância da presença da classe média na horda que empunhou cartazes e palavras de ordem.
Até mesmo a confusão estabelecida em agitar propostas afastando pura e simplesmente as instituições políticas - como solução mágica - pautadas nas necessidades mais individuais que coletivas, ainda que encontrem destinatários nas camadas mais sofridas, confirma a ausência de efetiva participação na realidade. Muitos clamavam por melhoria de transporte etc. etc. ainda que dele não precisassem.
Certo é que não podemos afirmar que nas ruas estavam as periferias e as camadas mais alcançadas pelos descasos atribuídos à gestão pública. Estas tão acostumadas estão às mazelas que as têm como natural ao seu estilo de vida.
No entanto, algo que é por demais comum nas periferias e suas populações desamparadas chegou firme na classe média clamante: a violência policial. Ainda que recomendações de instâncias internacionais, como a ONU, venham conclamando pela desmilitarização das polícias militares, o sarrafo come solto. E os manifestantes conheceram através das balas de borracha o que as periferias conhecem pelo nome de "chumbo quente".
De um instante para outro os atuais integrantes de mobilizações sociais sentiram na pele o preconceito estatal da criminalização dos movimentos sociais, antes destinada ao MST, sindicatos e quejandos. Para não lembrarmos de incursões clássicas como as do Pinheirinho (mais recentemente) e do Carandiru (mais remotamente).
E muitos se viram detidos e lançados em celas comuns, acusados de formação de quadrilha, coisa que só sabiam existir nas páginas policiais.
A descoberta da realidade abre caminho - pela consciência viva dos fatos, como lhes chegou - para que a classe média realmente integre ou amplie a pauta de reivindicações, como a desmilitarização das polícias militares.
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