Explosão

Nacionalista
Luiz Felipe Scolari - tornado Felipão para resgate desta sublimação nacional, onde tudo precisa levar "ão" para afirmar a grandeza do país - nunca nos encheu as medidas, ainda que detentor de sucessos na condição de técnico, em especial a conquista da Copa de 2002. Talvez ranço - dirão - daquela agressão a Luxemburgo, técnico do Flamengo, em jogo de ida do brasileiro, quando dirigindo o Grêmio.

No entanto encheu-nos de côvados cívicos a resposta dada a um jornalista inglês que o indagara sobre os protestos no entorno dos estádios enquanto o povo cantava dentro deles, na entrevista que concedia depois da conquista da Copa das Confederações:

- Antes de falar mal do meu país, olhe para o seu.

E emendou:

- Aos ingleses gostaria de perguntar: o que aconteceu lá antes dos Jogos Olímpicos?

(Coincidentemente Scolari fez referência aos protestos em Londres por causa dos gastos com os Jogos).

Sua pronta resposta a vemos como um gesto de grandeza que o põe - neste patamar - ao lado de João Saldanha (não pelo viés da consciência político-ideológica, diga-se de passagem) quando respondeu ao jornalista que o entrevistava num programa da televisão de Hamburgo, na Alemanha, sobre o "que achava da matança de índios no Brasil".

- Nosso país tem 470 anos de história. Nesses 470 anos foram mortos menos índios que dez minutos de guerra provocada por vocês. Os selvagens são vocês.

Dizem que a televisão saiu incontinentemente do ar, tampouco o entrevistador voltou a falar com Saldanha.