quarta-feira, 21 de março de 2012

Coisas na Globo e da Globo

Frisson
A repercussão da matéria do Fantástico de domingo 18 sobre o método como ocorre a corrupção em licitações envolvendo recursos oriundos da Saúde em hospital do Rio de Janeiro tornou-se frisson. Repercutiu em todas as dimensões, como não poderia deixar de ser. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não perdeu a oportunidade e já pediu CPI.

O método desenvolvido pela platinada lembrou aquele que resultou na apuração de caixa 2, denominado mensalão. Corruptor e corrupto se encontram em defesa de interesses comuns: um, assegurar “servir” ao Estado; outro, a si mesmo. Tudo custeado com dinheiro do povo.

Utilidade pública
O que nos chama a atenção é que a coisa, nesse instante, parece somente ocorrer com a Saúde – elevada ao nível nacional – quando endêmica, a ocorrer em todas as áreas e em todos os níveis governamentais (União, Estados e Municípios).

A Globo faria um grande favor ao país caso conseguisse idêntico proceder investigativo na área dos transportes, das desapropriações, da educação (licitação de livros, por exemplo), da infraestrutura em geral etc. Não dispensando as licitações das forças armadas.

O risco é perder anunciante! 

Blindagem
Matéria veiculada nesta terça 20 no Jornal Nacional tratou da denúncia pelo MPF de cerca de 80 pessoas envolvidas com caça-níqueis, fruto da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e mais Carlinhos Cachoeira, tido como chefe da quadrilha.

Informa que muitos políticos, flagrados em gravações, tiveram seus nomes enviados a Procuradoria-Geral da República para investigações e providências, o que inclui a possibilidade de ter havido financiamentos de suas campanhas pelo Cachoeira. Não declinou nenhum nome.

Sabe-se que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) está entre eles, tendo por companhia muita gente de Goiás, inclusive o senador Marcondes Perillo (PSDB-GO), ex-governador.

Como o fato de Demóstenes estar em contato com Cachoeira já é público e notório – tanto que confirmou recebimento de aparelho de rádio habilitado em Miami (forma de evitar grampo), como divulgou a Época, e presenteado o foi com uma cozinha oriunda dos EEUU – a Globo andou na contramão ao não veicular essa informação.

Cabe confirmar se é blindagem. Porque não sabemos se o senador fosse petista se o tratamento seria o mesmo.

Fantástico!
O assunto em todas as vertentes é a matéria sobre corrupção veiculada no domingo também no Fantástico da platinada. Repetida e desdobrada em todos os noticiários da casa.

No Jornal Nacional desta terça o desdobramento da atuação das empresas flagradas na matéria veiculada e órgãos para os quais prestam serviços. Estampando nomes.

Esqueceu apenas de informar que uma delas, a Toesa Service Ltda. manteve contratos com o Ministério da Saúde, quando José Serra era Ministro. E, mais que isso, a mesma empresa, assim que José Serra assumiu a Prefeitura de São Paulo, passou a vencer licitações no município paulistano. (Detalhes no www.advivo.com.br desta terça 20 – “Empresa do Fantástico entrou em São Paulo na gestão de Serra”)

Por essas e outras, tudo pode se transformar, diante da Globo e para a Globo, naquela bolinha de papel da campanha presidencial de 2010. Ou seja, mudar o alvo e atingir os “amigos”.

Até agora blindados.

Onde morre o frisson
Os fatos recomendam aprofundamento no quesito “transparência”. Ocorre que muito dependemos de uma atuação eficiente do Judiciário e da eficácia de suas decisões.

Mas, se até nele há corrupção!

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