domingo, 11 de março de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 11 de Março de 2012

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Manifesto

Cineastas brasileiros publicaram manifesto em apoio à Comissão da Verdade. Uma reação à posição assumida por militares da reserva que a enfrentam. Eis o texto:
“Nós, cineastas brasileiros, expressamos a nossa preocupação com as frequentes manifestações de militares confrontando as instituições democráticas e o próprio estado de direito. Todos os cidadãos brasileiros têm o direito de conhecer o que foram os 21 anos de ditadura militar instaurada com o golpe de 1964. É preciso que a Comissão da Verdade, instituída para esclarecer fatos obscuros daquele período, em que foram cometidas graves violências institucionais, perseguições, torturas e assassinatos, tenha plenas condições e apoio da sociedade brasileira para realizar essa tarefa histórica. 
Repudiamos os ataques desses setores minoritários das Forças Armadas brasileiras, que de forma alguma irão obstruir as investigações que devem ser iniciadas o quanto antes. Estaremos atentos para que tal comissão seja composta por pessoas comprometidas com a democracia e com a verdade”.
A iniciativa destes cineastas – entre eles Ana Maria Magalhães, Ruy Guerra, Murilo Salles, José Joffily, Eliane Caffé, Walter Carvalho, Sílvio Tendler, Lucy Barreto, Bruno Barreto, Tata Amaral, José Araripe Jr., Pola Ribeiro e Tuna Espinheira – remete à sociedade civil também a responsabilidade por enfrentar o obscurantismo que ainda norteia saudosistas de um tempo que, se precisamos esquecer, carecemos de lembrar para não vê-lo retornar.
Os cineastas saíram na frente. Aguardamos OAB, CNBB, ABI, UNE, Diretórios Acadêmicos, dentre centenas.

Intolerável

Não é admissível que em um Estado de Direito não seja respeitada a lei. A denominada Comissão da Verdade é fruto de uma conquista da sociedade brasileira, legitimada pelo Congresso Nacional. À lei estão submetidos todos.
Não temos como entender como exercício do direito de opinião a postura de alguns militares da reserva, ao enfrentarem os poderes constituídos, seus representantes e as instituições democráticas. A ponto de atacarem a imagem da presidente da República e do Ministro da Defesa, a quem não reconhecem autoridade.

O que escondem

Óbvio que o conhecimento de fatos ocorridos na história recente do país incomoda, não só a essa pequena parcela de militares – bode expiatório único que encobre “vestais da Democracia” encastelados ainda hoje nos mesmos espaços que ocupavam em 1964.
A tortura – a mais ignominiosa das práticas, por violentar a condição humana quando o Estado, por alguns de seus agentes, se torna algoz – encontrou apoio de muitos da sociedade civil. Inclusive de empresários de empresas jornalísticas, que a alimentaram fornecendo equipamentos, não fora a omissão em denunciá-la.
A sociedade não pode esquecer. E precisa conhecer os que se escondem no “esquecimento”.

Transparência

A Controladoria-Geral da União-CGU divulgou nesta sexta 9 relação de 164 entidades privadas (fundações, associações etc.) acusadas de “irregularidades graves e insanáveis” diante do pactuado com órgãos e entidades federais. Seus nomes passam a integrar o Cadastro de Entidades Sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim).
Os ilícitos – não fora os desdobramentos que implicam, como Tomada de Contas para fins de ressarcimento, punição a dirigentes etc. – justificam a imediata proibição de conveniar com a administração pública federal.

Pediu o bispote

Considerando a frase de Jerome Valcke, repudiada soberanamente pelo governo brasileiro, de que os organizadores da Copa precisavam de um “pontapé no traseiro”, o desmentido oficial da figura, que alegou erro na tradução da expressão francesa utilizada (“se donner um coup de pied aux fesses”, que, palavra por palavra, pode resumir-se em “dar-se um chute na bunda”), para ele apenas expressão idiomática que traduziria “acelerar o ritmo”.
Não pretendemos espezinhar, mas não esquecendo de que o dito cujo já considerara a reação brasileira “infantil”, o seu pedido público de desculpas pode ser traduzido simplesmente como “pediu o pinico”.

Criatividade

tatu bolaDado como certa a aprovação do tatu-bola como mascote da Copa de 1914. A FIFA ultima o registro do desenho com a marca em uma empresa da Europa e deve ser anunciado oficialmente em outubro. (Do www.advivo.com.br).
O animal, em extinção, encontrou forte apoio na campanha da ONG Associação Caatinga, do Ceará.

Ou dá ou desce

nossa casaA pressão que a Presidente Dilma aceita – sob a égide da semântica que hoje ofertam à governabilidade – mais parece deixá-la refém da base de sustentação do Governo no Congresso Nacional. Aquilo que parecia uma fortaleza no imediato da posse torna-se um barco furado exigindo mais e mais vasilhas (ministérios e cargos) para retirar a água que vai tomando o espaço. Cerca de 400 deputados na Câmara Federal e 50/60 senadores, antes sinal de tranquilidade, tornam-se pesadelo.
A ganância da base é como saco de usurário; não enche nunca. 

Contraponto

Homenageando a mulher, no último dia 8, o programa Alô Cidade, ancorado por Paulo Lima na TVI, entrevistou a médica oncologista Dra. Teresa Cristina, que preside o GACC, e a produtora e atriz Ava Lima. Surpreendeu pela desenvoltura e saiu do lugar comum dos encômios à mulher como mulher simplesmente.
Realçadas as lutas de cada uma ficou destacado um interessante contraponto no curso da entrevista: a expressão comedida da Dra. Teresa Cristina e a desenvolta expressão artística de Eva.

À mulher que luta

deusa justiçaOlhamos a mulher, como centro de atenção e comemoração, longe dos afagos do mercado de consumo. Seja-o como objeto de consumismo, seja-o como consumidora de futilidades que alimentam as burras de quem os produz.
A mulher a ser homenageada é aquela da luta. De Luislinda Valois a Eliane Calmon, mulheres baianas que batalham. Para elas, como símbolo de nossa homenagem, a Justiça que “luta”.

Farsa

Escândalo à época. O Ministro Gilmar Mendes tivera conversa telefônica com o senador Demóstenes Torres interceptada. Grampo ilegal e criminoso, a ferir as colunas do Estado de Direito, que fez o então presidente do STF “chamar às falas” o Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, por alimentar típico estado policial.
A Operação Satiagraha incomodava gente graúda, liderada por Daniel Dantas, “vítima” de escutas ilegais promovidas pelo delegado Protógenes Queiroz, como diziam os defensores dele na imprensa.
Nunca apresentaram a gravação que alimentara a matéria da Veja e incendiara os brios de Gilmar Mendes. Mas os que divulgaram o que não existia calaram-se quando a realidade veio à tona: nunca houve o grampo.
Afinal, o objetivo fora alcançado: invalidar a Satiagraha. Dantas agradece.

E agora, Demóstenes!

dem terminalO que vaza pela imprensa eleva o contraventor Carlinhos Cachoeira a intimidades com o senador Demóstenes, bastião e paradigma da Ética e da Moralidade no DEM/PFL, flagrado na operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
O senador diz que não conhecia as trapalhadas do amigo. Ou seja, nada leu, ouviu ou assistiu nestes últimos anos. Apenas telefonava. Foram anotadas 298 conversas entre os dois, só de fevereiro a agosto de 2011.
Não é que se jogue amizades ao léu mas... dize-me com quem andas e te direi quem és.

Credibilidaade

Para ouvintes da rádio Difusora há no ar certa nostalgia. A programação que marcava a emissora e a fazia referência de audiência em ondas médias está perdendo substância, restando daquela leva apenas Orlando Cardoso que, para esses mesmos observadores, dificilmente permanecerá.
A aquisição da emissora foi um golpe de mestre de Geraldo Simões para seu projeto de constituir uma dinastia política na região, que pode se consolidar com a eleição de Juçara (por sinal já entrevistada esta semana).
Há o risco, no entanto, de o tiro sair pela culatra caso a audiência da Difusora não se mantenha e a emissora passe a ser simplesmente a “rádio de Geraldo”.
Em oito dias GS já fora entrevistado duas vezes e Juçara uma.

Dispensa propaganda

De quinta a domingo a juventude burguesa local encontra paraíso para o lazer, no Parque de Exposições, a partir da meia-noite. Contaram ao escriba que não falta bebida, som forte e potente protegido por força estatal e um bom tira-gosto regado a farinha de Buerarema.
Coisa de qualidade. Para quem pode e tem acesso!

Cerco

Azevedo está no mato à procura de cachorro. Cercado por sombras que não consegue divisar na mata densa.
Dizem que só há uma raça capaz de salvá-lo, criada ali pelos lados da Mário Padre. E custa um dinheirão!

Série

Roberto de Souza anuncia, em sua programação, espaço para gravações inspiradas na famosa série de Fernando Henrique Cardoso: “Esqueçam o que escrevi”.
Parodiando o ex-presidente Roberto editará a “esqueçam o que eu disse”, protagonizada por Geraldo Simões.

Faltando explicar

Em “Faltando explicar I e II”, em nosso blogue, afirmamos, diante da publicidade, que a Fundação Itabunense de Cultura-FICC, parecia andar nadando em dinheiro, a ponto contratar trio elétrico para a Lavagem do Beco, “que trouxe como atração o cantor Fernando Caldas”.
Aventamos para violações aos princípios da moralidade e da legalidade.  E concluímos, no “Faltando explicar II”:
“O atual dirigente da FICC, como artista itabunense, não anda na crista da onda, não por mérito – que os tem à sobeja – mas por coisas desse vil mercado. Daí por que, Fernando Caldas cantando em trio custeado pela FICC – leia-se, dinheiro público – remete a algumas perguntas:
Cantou de graça ou recebeu cachê? Se recebeu, onde o edital do processo de licitação, uma vez que outros itabunenses também estão no mesmo diapasão? E, nesse caso, pelo menos tráfico de influência pode ser aventado, o que implica em crime contra a administração pública.
Se não recebeu dinheiro, beneficiou-se de recursos públicos (que pagaram pelo trio) para promover a sua imagem artística”.
Caracterizada a ausência de orientação jurídica na FICC, para que tal amadorismo tenha ocorrido, lembramos que tudo pode incorrer em problemas com a Justiça. Nesse particular, o que de errado acontecer na FICC repercutirá no prefeito José Nilton Azevedo.
Que com essa turma não precisa de adversário ou de inimigo.

Reação

“Parece que Itabuna merece os governos que tem, o caos que tem, a violência que tem...”. De Fernando Caldas em resposta indignada a um anônimo, que criticou sua atuação dupla, de contratante e contratado, na Lavagem do Beco.
Como já afirmou anteriormente que “Azevedo é passado” continua estranho apenas que sirva ao “atraso”.
A não ser que seja um agente adversário infiltrado.

Firme como rocha

Preocupação de Fernando Gomes com possível resultado negativo de votação do Parecer do TCM que recomenda rejeição de contas de seu tempo de prefeito aprofunda a certeza de que não pretende abandonar a política. Não será por pruridos políticos ou de preservação de sua imagem pública que dita preocupação exista.
Fernando quer manter caminho livre para futuros voos, que lhe seriam negados com a ausência de um aeroporto chamado elegibilidade, que encontra na aprovação de suas contas uma das birutas.

Onde as pedras se encontram

Nesse viés Fernando não pode dispensar apoio de Azevedo. O alcaide – seria ingenuidade negar – tem alguém, para não dizer alguns, na Câmara Municipal, que pode(m) contribuir com o projeto fernandista.
Com um especial detalhe: detém caneta e cargos. Recursos nada desprezíveis, que faltam a Fernando nesse instante.

Amigos para sempre

Não estranhe o leitor a existência de um pacto de convivência radiofônica entre Geraldo e Fernando. Além do de mútuo apoio político.  Não se enfrentarão. Conviverão como eternos e fraternais amigos. O que é melhor para ambos, dentro do projeto individual de cada um.
Chega uma hora em que aderir é melhor que competir. A deles chegou.

Marretas I

Geraldo Simões, então prefeito, corajosamente enfrentou Gerdan Rosário, quando titular do programa “Alerta Geral” na TV Cabrália/Record. Sentindo-se atingido injustamente pelo apresentador exigiu ser entrevistado ao vivo para responder às acusações. Não são passados 10 anos.
No delicado confronto Gerdan foi chamado de “marreteiro” por GS, que deixava ao telespectador a interpretação semântica que melhor lhe aprouvesse para o termo. Gerdan, sentindo-se ofendido, moveu ação judicial contra Geraldo. (Fonte http://adylsonmachado.blogspot.com, de terça 6).

Marretas II

Gerdan, hoje na Difusora de Geraldo Simões, foi o primeiro a entrevistá-lo. Entenderam-se muito bem. A marreta de Gerdan agora se volta contra Azevedo.
Como Geraldo usará de todos os métodos e meios para tornar Juçara prefeita até a marreta de Gerdan Rosário serve.

“Quem sabe combina da gente combiná”

Selecionado para o VII Festival de Música da Bahia de Vitória da Conquista, em setembro de 2009, o recém formado Grupo Chita Fina – aqui com “Chita Fina”, de Roque Ferreira, típico samba chula do Recôncavo – integrado por instrumentistas da escola de música da UFBA e cantoras residentes na Bahia, evoca a mais autêntica tradição recôncava em texto de um de seus cultores.
O verso do refrão é um convite à participação, negro e baianamente brejeiro, malandramente conquistador.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoAs “tiradas” de Cabôco Alencar são precisas. Como a que define o aluno que toma somente uma:
– Camarada, você é torcedor, não entra em campo.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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