segunda-feira, 5 de março de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 4 de março

AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Fernando Sant’Anna

Com pesar tomamos conhecimento da morte do ex-deputado Fernando Sant’Anna, aos 96 anos, nesta sexta 2. Uma das mais emblemáticas figuras da esquerda brasileira. Em 1986, durante a campanha, conversando com Waldir Pires enquanto tomávamos o café da manhã na Cabana da Ponte, onde pernoitara depois de comício em Itororó, refletíamos nossa preocupação com a eleição de Fernando, pelo PCB. Felizmente foi eleito, não conseguindo a reeleição.
Sempre que encontrava com Waldir Pires cuidávamos de perguntar por Fernando Sant’Anna. Poucos sabem que o baiano de Irará é tio de um outro iraraense famoso: Tom Zé.

A Suécia e o chinês

Agenor Gasparetto, não fora escritor e sociólogo, é aprendiz de mandarim. Na “Primeiras & Melhores” nº 4, ago/2011, p. 10, cita do UOL/Financial Times de 8 de julho de 2011: “Jan Björklund, ministro da Educação da Suécia, visando manter a competitividade do país, quer assegurar às futuras gerações o acesso à língua chinesa. O chinês seria acrescentado ao inglês,  francês, espanhol e alemão para todas as escolas do ensino básico e médio.” 
A Suécia se antecede a uma realidade: o chinês como língua universal dentro de algumas décadas.

Como estariam

batmanflashhomem aranha
Os super heróis em quadrinhos encontram-se no imaginário há quase um século (o Super Homem, criação de Joe Shuster e Jerry Siegel, na Action Comics é de 1938) e a primeira animação remonta a1892, com o mulher maravilhapraxynoscópio de Émile Reinaud, atribuindo-se a outro francês, Émile Courtet, o primeiro desenho animado em projetor de filmes moderno, em 1908. Há décadas heróis pontuam impolutos como quando surgiram, atemporais.
O ilustrador italiano Donald Soffrstti utilizou sua criatividade, pelo viés da ironia, e publicou “Superheroes Decadence”, reunindo 40 caricaturas de heróis e vilões para responder a uma pergunta que não lembramos de fazer: “Como estão os super heróis e seus vilões?”
Eis algumas pérolas!

Abuso

Pode ter ocorrido com outras sedes, mas a circunstância de o Brasil deter a Copa de 2014 nos possibilitou conhecer o nível de interferência da FIFA em questões internas.  A Lei Geral da Copa, em discussão no Congresso – fruto de acordo entre o governo brasileiro e a entidade – contém exigências que beiram o absurdo.
Não fora impertinências, como a mais recente, que levou a governo a declarar que não mais tem o secretário Jerome Valcke como interlocutor entre as partes.
Se as interferências afetam a ordem jurídica do Brasil, deu a FIFA de exigir edição de lei proibindo greves no período da Copa, nas cidades escolhidas para abrigar os jogos. (Carlos Chagas, na Tribuna da Imprensa on line, de quarta 29).
De nossa parte, admitindo até mesmo um fracasso da seleção, diante do medíocre estágio de preparação, mais em conta seria dispensar a Copa. Pelo menos em respeito à soberania nacional.

Dados

Uma pesquisa “lança luz sobre a forma e momento” da greve da Polícia Militar baiana. Ainda que o peso da amostragem seja pequeno diante do índice populacional do Estado, a Sócio Estatística realizou em Ubatã, com margem de erro de 5% e em São José da Vitória, com 6%, uma avaliação da repercussão do movimento junto à população. Em Ubatã, 39,4% mostraram-se favoráveis, enquanto 57,7% contrários, ao passo que em São José 18,2% e 77,6%, respectivamente.
Pondera Agenor Gasparetto, que “é possível que esse retrato não valha nessas proporções para centros maiores”. No entanto, “dado o contexto pré-carnaval, pico do turismo, culminando nas gravações divulgadas, a situação ficou desfavorável à polícia militar”. (Detalhes em Política, Pesquisa e Literatura no hatt://agenorgasparetto.zip.net   

Difícil entender

No limiar da década de 80 foi ajuizada ação para discutir a posse das terras na denominada Reserva Paraguaçu, na região de Itaju do Colônia, onde o Estado da Bahia distribuiu títulos de propriedade em área que pertenceria a União e destinada estava a índios. Trinta anos são passados e o Supremo ainda não decidiu.
Neste meio tempo os conflitos se sucedem. Não mais existiriam se o Judiciário houvesse cumprido com seu dever.
É difícil a plebe ignara – como diria Stanislaw Ponte Preta – entender a razão de tanta demora.

Pesquisa necessária

Para descobrir de que etnia brasileira é o cocar de Carlinhos Brown.

Intenções blogueiras

A ABSUL – Associação de Blogueiros do Sul da Bahia – presidida por Ederivaldo “Bené” Benedito, tem ambiciosas propostas para regulamentar a blogosfera regional.

Esqueceram de Milton

Até que haja explicação convincente fica difícil entender a não contratação do radialista Milton Menezes pela rádio Difusora. O polêmico Milton ficou a ver navios depois que assumiu nos microfones apoio a Geraldo Simões.
Foi premiado com a demissão e o ostracismo. Que parece permanecer no horizonte de Milton Menezes.

Maniqueísmo

cura gayTem gente pensando em coisas que se nos aparentam inusitadas. Como a proposta de “cura gay”, da bancada evangélica, através de projeto subscrito pelo deputado João Campos (PSDB-GO). (Folha.com de segunda 27).
O chargista Alpino não perdeu a oportunidade.

Promete!

O escritor Antônio Nahud Júnior anuncia publicação de obra tratando do colunismo social, onde pretende discuti-lo a partir do ethos textual de cada agraciado. Ensaia conteúdo explosivo, porque não dispensará tratar daqueles “colunistas incultos, deslumbrados com o luxo”, contributivos com “sua parcela de culpa na crescente estupidez social”, responsáveis por “maltratarem o vernáculo e a gramática” em glorificação “ao besteirol”. Ainda que, reconhece, militem ao lado dos “bem informados e baluartes da resistência cultural”.
A obra sairá à conta-gotas. Tratando da realidade “com nomes fictícios”, a partir de textos publicados em um de seus blogues, o http://www.cinzasdiamantes.blogspot.com/
Como há gente da área por aqui com a orelha em pé é só acompanhar, ler e traduzir a ficção para a realidade.

Constrangimento

Não deixou de ser constrangedor – pela inoportunidade – a fala do jornalista Paulo Lima na festa de entrega de laureis a personalidades regionais promovida pelo Blog de Val Cabral, no plenário da Câmara Municipal, na terça 28.
Convidado pelo anfitrião para homenagear os agraciados, Paulo Lima transformou a tribuna em palanque político-eleitoral, onde desancou a atual composição da Casa sem fazer ressalvas. Não fez concessões.
A única coisa que não fez foi reverenciar os homenageados.

Dois pesos

A veemência de Paulo Lima – justa, por sinal, em termos de idealismo e conteúdo – não se vê em seu programa de entrevistas na TVI, quando tem diante de si personalidades da política.
Seu ameno conduzir – talvez por elegância, que é do seu natural – evita perguntas que incomodariam.
Mas que o telespectador gostaria de fazer.

Dispensável

Desnecessária a intervenção do vereador Gerson Nascimento, ocorrida no mesmo evento, fazendo defesa em público de fato que está afeto ao sigilo, o que não condisse com a oportunidade.
Até porque coisas veiculadas tendem a se ampliar – ainda que inverídicas – quando são enfrentadas.
Não fora isso – como dizia Tormeza – a verdade tarda, mas não falha.
E – acrescentamos – dispensa ser anunciada.

Apostasia

Mineira de Lavras-MG ingressou com processo canônico para ver reconhecido o seu direito de renunciar à fé cristã (http://www.advivo.com/ de quinta 2).
Poderia utilizar-se de outros métodos, como o de José Serra candidato em 2010, cantando hino evangélico, em igreja tal, apesar de se dizer católico.

Lavagem do Beco I

Engrossamos o cordão dos que veem na Lavagem do Beco do Fuxico – ainda tida como abertura do carnaval antecipado – o verdadeiro e típico momesco itabunense. Tem faltado à administração municipal a percepção do que representa aquilo que começou no “ABC da Noite” para imitar a lavagem do Beco de Maria Paz, em Salvador, como o pretendiam o engenheiro Roberto Carlos Goodgrover, o Malaca, e Abelardo Brandão Moreira, o Bel (p. 33 de O ABC do Cabôco – Via Litterarum).
Ainda que extemporânea a manifestação popular deste ano, tornada quaresmeira pelas circunstâncias, a presença do povo alimenta aquele raciocínio.

Lavagem do Beco II

O grande detalhe está no fato de que fazer carnaval tradicional dispensa o de “produção”. Explicamos: o tradicional, como a Lavagem do Beco do Fuxico, dispensa fortunas. E elimina o lugar comum de que promover o Carnaval depende de “atrações”. A grande atração é o povo, precisamos entender.
E a Prefeitura ter no calendário de suas festas a Lavagem do Beco como o seu carnaval. O resto é apenas divulgação.

De andante a moderato

Se houvermos de compreender o instante político pela velocidade do compasso de uma peça musical, neste período que antecederá as convenções partidárias, podemos tê-lo no andamento posto no título deste rodapé.
Período de arrumações, conquistas, futricas. Tudo pensado em cuidados, com detalhes barrocos.
Em Itabuna, já definidos os atores principais. Alguns poderão declinar da função, em apoio a outro, que melhor possa representar o espetáculo. Outros não admitirão recuos, ainda que possa faltar público para acompanhar a peça.
Tudo a partir da produção.

Produção

Lentamente a produção cuida do espetáculo. São os partidos políticos, com definições e indefinições. PT, DEM e PCdoB já assumiram programação irreversível. E tentam impedir que outros ocupem espaço. Como são muito bonzinhos oferecerão “ombro amigo” aos que comungarem com seu texto.
PMDB, PRB, PSDB e PDT lutam para conseguir pauta no teatro, que ainda oferece espaço. O detalhe está em que não será suficiente para todos. Cuidará a produção de verificar a possibilidade de cada um. Uns, podem emplacar sua peça com o fito de formar público para futuros espetáculos; outros reconhecerão a falta de recursos e entenderão como melhor estratégia acompanhar quem possa dar-lhes visibilidade.

Cavalo paraguaio

Correndo por fora a produção que alimenta o deputado Coronel Santana. Na espreita de Azevedo não dar certo.
Quer tornar-se em 2012 o “Mossoró” do Grande Prêmio Brasil de 1933.

Começou

De uma série, a primeira entrevista de Geraldo Simões na rádio Difusora. Muito natural. Afinal, quando se conta com financiamento amigo não se pode dispensar a oportunidade.

Primeiro problema

A primeira ação judicial poderá acometer a Difusora. Roberto de Souza, que diz ter contrato com a emissora até 2013 para um programa de segunda a sexta, foi delicadamente afastado.
Cobrará os prejuízos materiais. Porque os políticos podem ser irreversíveis. A não ser...

Itororó

A terra da carne de sol pretende editar lei municipal para inviabilizar cargos comissionados a fichas sujas.
Parece-nos dispensável. Para cargos de livre nomeação basta que o gestor faça sua avaliação.

Outros dois instantes


Volta Seca, um dos mais conhecidos cangaceiros de Lampião, nascido em Saco Torto, então povoado de Itabaiana-SE, enveredou pelo universo da composição musical, sendo bastante conhecidas “Acorda Maria Bonita” e “Mulher Rendeira” (também atribuída a Zé do Norte).
Aqui ofertamos dois instantes da poesia cangaceira: “Sabino e Lampião” (acima), uma gozação de Volta Seca com o Rei do Cangaço, que teria fugido do bandido Mata Escura; e “Mulher Rendeira”, com Joan Baez.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoNão perde oportunidade de alfinetar realidades, discuti-las à luz dos eventos do cotidiano. Como quando de anunciada visita do Papa ao Brasil:
- O alimento dos pobres e miseráveis, Cabôco, é papa, pirão e mingau, diz por aí qualquer nutricionista, quando estuda e fala da miséria. – E cutucou:
- O Papa vem aí, Cabôco. Ótima oportunidade para reduzir a fome.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

Matéria postada originalmente no site: O Trombone

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