domingo, 18 de março de 2012

De Rodapés e de Achados - Dia 18 de Março de 2012

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

 

No caldeirão

No cadinho do Oriente Médio a alquimia atual tem objeto e nome: petróleo, o primeiro; Irã, o segundo. Como já ocorreu com o Iraque, de Sadam Russein que ensaiou substituir suas reservas de petrodólar por euro.
O mote desenvolvido na coxia nestes anos diz respeito ao Irã, como artífice de uma guerra nuclear, por desenvolver uma bomba atômica – fato ainda não confirmado. No Iraque – nunca comprovado – eram as armas químicas.

Os donos das bombas

Apenas para avivar a memória: não temos informação da existência da bomba iraniana, mas sabemos que mais de dois milhares de artefatos já foram detonados entre 1945 e 2007, sendo 1032 deles pelos EEUU, 715 pela Rússia, 210 pela França. Na rabeira a Inglaterra e a China, com 45 cada, e o Paquistão, com duas.
Israel tem a(s) sua(s), mas não explode. A não ser quando decidir pela consumação do genocídio palestino. Antes atacando o próprio Irã, ainda que estúpida a iniciativa.

Mesmo filme

Há denúncias de que agentes da CIA e mercenários estrangeiros, especialmente do Golfo Pérsico, alimentam as “forças rebeldes” na Síria. Na mesma vertente da Líbia, o mesmo filme.

É, Demóstenes!

demosA operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apurando as conexões do jogo ilegal no país com o “empresário de jogos” Carlinhos Cachoeira, viabilizou a prisão de muita gente. Para surpresa da plebe ignara (obrigado, Stanislaw!) veio à tona a intimidade existente entre o “empresário” e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Se já havia conversa em demasia (298 telefonemas entre os dois, só de fevereiro a agosto de 2011), a revista Época afirma que o Senador tinha rádio exclusivo para falar com Cachoeira, dos 15 habilitados em Miami, para escapar de grampos telefônicos. A investigação descobriu um grupo contemplado com os rádios denominado de “14 + 1”. Entre os “14” há foragidos e os que foram presos na Operação Monte Carlo. O “1” é o senador Demóstenes Torres, que se recusou a confirmar a posse do rádio, orientado por seu advogado. (Fonte: http://www.advivo.com.br/ de quarta 14).
Coisas deste jaez, se com outros, já teriam feito o senador Demóstenes Torres clamar da tribuna do Senado pela instauração de um processo de cassação por quebra de decoro. Com apoio da mídia!
Por sinal, se não for mal perguntar, por que a mídia não fala dessa promíscua relação?

Aviso aos banhistas

Recomendação do Corpo de Bombeiros: “É perigoso tomar banho de cachoeira”.
Para não passar o que o senador Demóstenes Torres está passando.

Valentia

A rebelião armada pelo PMDB, em busca de mais espaço – saco de usurário não enche nunca – exaltada como grave crise por setores da imprensa que querem ver o circo pagar fogo (para os lados do PT) não se sustentará caso a Presidente Dilma diga que tem um royal straight flush na mão. O PMDB não pagará para ver, aceitará o blefe.
Primeiro, porque a Presidente tem cartas – triste do PMDB se abandonar o governo e buscar engrossar o bloco da oposição, que hoje míngua em sede de DEM/PFL e PSDB – ansiando ocupar espaços. Perde mais.
Imaginemos que metade do PMDB deixe o governo. Será ocupada por partidos da base de apoio: uma festa!
Sem falar nos que se interessariam por engrossar o beija-mão.

Lidando com bichos

A sanha de partidos da base aliada por cargos beira a insanidade, pela forma como posta na mesa. Ameaças deselegantes, como a do senador Mário Blaggi (PR-MT), típica chantagem, aprofundam no homem comum a ideia de que temos no Congresso surrupiadores de recursos públicos travestidos de representantes .

Administrar tal realidade está para domador!

Esperança I

Não estranhamos que políticos experimentados, depois de alcançar funções e mandatos de ponta, desejem a vereança em sua terra. Francelino Pereira, o piauiense que adotou Minas Gerais – governador, deputado, senador, líder da ARENA – nos legou a lição: para sua realização política faltava encerrar sua carreira por onde começara: vereador de sua cidade.
Não vemos desprestígio na proposta de qualquer político que deseje ser vereador. Particularmente, é a única função público-legislativa que está próxima do eleitor e das cobranças de quem o elegeu. (Daí defendermos o distrital puro).
Se o pretendente já assumiu funções e mandatos de ponta, o gesto se faz prenhe de grandeza e desprendimento.

Esperança II

Desta forma vemos o anúncio de Waldir Pires, Haroldo Lima e Edvaldo Brito se candidatarem a vereador em Salvador. (Se lá tivéssemos domicílio votaríamos, orgulhoso, em Waldir Pires). A capital terá a oportunidade de traduzir o humor de seus eleitores diante do quadro político da atualidade quando ocorre o anúncio das candidaturas (“Acham que ainda têm gás”, n’ O TROMBONE de domingo 11).
Contemporânea a uma maior fiscalização pública, onde contribui a atuação da imprensa, a atual leva de políticos enfrenta a rejeição de parcela considerável da população. Ainda que no imaginário do eleitor a corrupção, por exemplo, não seja a baliza absoluta para a renegação ao candidato.
Sob esse prisma, nomes como os de Waldir, Haroldo e Edvaldo testarão o eleitorado soteropolitano, com a participação de políticos com credibilidade, não alcançados pela mácula que atinge a outros.
Caso eleitos fica a indicação do eleitor de que os bons nomes ainda encontram espaço. Caso contrário, podemos entregar a alma ao Criador.

UFESBA I

Joel, primeiro titular da agência do FUNRURAL em Itapetinga, no início dos anos 70, incumbido estava de cuidar da aposentadoria campesina. Sob sua responsabilidade um universo de municípios.
Dele ouvimos uma frase que bem traduz muito do que ocorre nos gabinetes governamentais: “Os burocratas planejam as coisas no Brasil olhando apenas o mapa”. E explicava: considerando as distâncias de muitos municípios para Itapetinga – alguns bem mais próximos de outros centros, como Vitória da Conquista, por exemplo – via-se que o “gênio” que estabelecera cada jurisdição o fizera com uma régua, “traçando linhas no mapa”, a ponto de fazer com que alguém se deslocasse dezenas de quilômetros a mais quando estava a poucos quilômetros do atendimento.
Sintetizando: muita gente planeja o Brasil sem conhecê-lo e à sua realidade.

UFESBA II

As declarações do Ministro Aloísio Mercadante traduzem com precisão as palavras do saudoso “Joel do FUNRURAL” de Itapetinga. Envereda com avaliações históricas que são lugar-comum em livros que nem mesmo podem ser levados a sério (o Brasil a fora imagina que o Monte Pascoal está em Porto Seguro, pois foi aquele o primeiro ponto da terra brasilis avistado pela frota cabralina, tanto que logo encontra o “porto” que o recebe).
Como o Ministro parece conhecer o Sul da Bahia somente pelos livros de História que andou lendo, desconhece a malha viária e a localização de Porto Seguro em relação ao consumidor dos serviços da Reitoria da futura UFESBA.
E desconhece muito mais... (voltaremos ao assunto). No entanto, fica-nos a impressão de que o expressado pelo Ministro Mercadante está pedindo papel higiênico. O seu gabinete deve estar com um cheiro horrível!

Na muda

Como canário na muda, toda a classe política de Itabuna está calada, trocando de pena. Não porque não tenha o que dizer ou fazer. Espreita a Câmara. Não para ver discutido ou apurado o que em torno dela muito se diz. Mas para ver quando efetivamente será incluído na Ordem do Dia o rol de pareceres do TCM que pugnam por rejeição de contas de Geraldo Simões, de Fernando Gomes e – eis o motivo do silêncio de mosteiro – de Azevedo.
A inviabilização da candidatura de Azevedo faria mudar todo o atual quadro de expectativas político-eleitorais.
Afastaria, de imediato, a polarização Azevedo-Juçara. E faria viáveis candidaturas atualmente tendentes a aderir.

Tapetão

A ansiedade com que se deseja por em votação as contas de Azevedo – leia-se, rejeitá-las – denota que o atual prefeito, pretendente à reeleição, é fortíssimo concorrente.
Se contrário fosse só louco dispensaria um adversário fraco.
Assim, imagina a turma, quando não se tem a certeza de vitória, tenha-se o “tapetão” como solução!

O melhor “outro lado”

No momento, para o PT, o melhor discurso de campanha é a administração Azevedo. Se a inviabilização da candidatura de Azevedo interessa ao PT uma dedução se faz imperiosa: Azevedo é forte concorrente e pode derrotar Juçara novamente(!).

Lições I

Uma lição ainda está no retrovisor petista, marcada pela precipitada iniciativa do “gênio” do setor jurídico da campanha de Geraldo Simões em 2004, de inviabilizar o registro da candidatura de Fernando Gomes junto ao TRE.
O fato ficou conhecido como “PT do tapetão” e também ajudou a derrotar Geraldo, quando o então pretendente à reeleição começava a ocupar espaço a caminho da vitória.
O “PT do tapetão” reverteu a tendência de ampliação do crescimento e liquidou o sonho de Geraldo, ainda que à frente de uma gestão proveitosa para Itabuna.

Lições II

Sob outro prisma, o de aproveitar voto alheio, a campanha de Juçara em 2008 trilhava em águas suaves e céu de brigadeiro. Desembestou ladeira abaixo – a ponto de sofrer uma derrota desmoralizante – quando imaginou (não sabemos qual o gênio!) que se apropriaria dos votos do Capitão Fábio se este a apoiasse.
Deu no que deu.

Desdobramentos

Se inviabilizada a candidatura de Azevedo, e materializada a idéia do tapetão, considerando a dimensão do apoio de parcela do eleitor a Azevedo – fato concreto, tanto que querem vê-lo longe da disputa – quem herdará sua votação?
Certamente não será o PT.

Decifra-me ou devoro-te

GS não carece buscar a Esfinge. O atual dilema do PTdoG é construir uma estratégia que não revitalize situações que levem a uma encruzilhada na campanha: ou o “PT do tapetão” ou o “PT da adesão” (dos votos de Azevedo).
Em quaisquer delas registre-se um componente significativo, no que chamaríamos de logística do candidato: Geraldo Simões, em 2004, era prefeito com louvável administração, e sucumbiu ao “PT do tapetão”; em 2008 Juçara afogou-se no apoio do eleitorado de Capitão Fábio.
Juçara não é prefeita tentando a reeleição, tampouco dispõe do carisma de Geraldo e vem de uma derrota humilhante.
Caso sejam congregados os dois fatores terá que ter muita bala na agulha para superar.
No momento tem a (des)administração de Azevedo como discurso.
Que pode perder!

Faca de dois gumes

O anúncio de que Ruy Machado levará ao plenário da Câmara os pareceres do TCM pela rejeição das contas de Azevedo, dentre os muitos desdobramentos, dois se afiguram vinculados à imagem do prefeito: caso Azevedo tenha as contas aprovadas sai fortalecido; caso contrário, tornar-se-á cabo eleitoral qualificado.

O dono da bola

rodapeamos: Caso o imbróglio da Câmara não se altere o dono da bola é o presidente Ruy Machado. Tem como trabalhar como candeeiro de dois bicos, se o quiser.
Oportunidade igual não se repetirá!

Prestígio

JUCARAVisita de Juçara ao São Pedro, último domingo, anunciada com pompa e circunstância e direito a foto. Parece perseguição do fotógrafo. Com tanta gente no evento a fotografia só mostra 14 pessoas. E destas, 8 vinculadas à campanha petista, incluindo as duas lideranças locais, uma delas coordenadora do Núcleo do PT no bairro.
E a rejeição está caindo, apontam as pesquisas!

Destaques da semana no adylsonmachado.blogspot.com

Novos tempos – Enciclopédia Britânica deixa de circular após 244 anos
A caminho – sobre a oferta de 20 mil bolsas de estudo pelos EUA ao “Ciência sem Fronteiras”, do Governo Federal.
Pá de cal – Mackenzie adere ao ENEM
Recomendável – Miralva Moitinho deve deixar a direção do PT
Alvoroço na colmeia – sobre a expectativa da Câmara votar as contas de Azevedo com parecer do TCM pela rejeição.

“Quem sabe combina da gente combiná”



Ainda como título do rodapé o verso do refrão do samba chula “Chita Fina”, de Roque Ferreira, com as meninas do Grupo Chita Fina, disponibilizado na edição anterior. E continuamos retomando a chula, certamente a expressão das mais autênticas do samba baiano, redescoberta no Festival MPB Shell de 1980, com “A Massa”, de Raimundo Sodré e Jorge Portugal. Os cantos finais têm origem nos terreiros do Recôncavo.
Trazemos hoje, deste universo, o próprio Roque Ferreira, com “Luz de Candeeiro” e “Samba de Dois-dois”.
“Quem sabe combina da gente combiná” gostar do que há de melhor na música baiana!

Cantinho do ABC da Noite

cabocoAlguém ensaia as “tiradas” de Cabôco Alencar. Como aquele aluno sabático:
– Não sei pra que muro em cemitério! Quem está dentro não sai e quem está fora não quer entrar.


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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

Matéria postada originalmente no Site O TROMBONE

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