quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dois destaques no 1º de Maio

Primeiro

Joaquim confirma
Certamente a reação – desequilibrada como sempre – do ministro Joaquim Barbosa em devolver José Genoíno à prisão em regime fechado está vinculada à declaração de Lula em Portugal de que o julgamento do mensalão foi 80% político.

Considerando que o 'doente' Roberto Jefferson permanece cumprindo prisão domiciliar enquanto o 'sadio' Genoíno retorna a Papuda Joaquim confirmou o que disse Lula.

Segundo

Como luva
Muito do que ocorre no Brasil neste ano eleitoral está a reproduzir o que se conhece quando se revira a História, ainda que possa parecer farsa. 

O leitor, observando os textos que reproduzimos abaixo com atenção, verá que as fontes que transitam nos distintos fatos, ainda que em momentos históricos diversos (1954 e 2014), encontram, em um e outro, atores comuns em propósitos, porque se sustentam no mesmo fundamento: o de atingir a soberania e a autonomia do país em defesa de interesses estrangeiros.

O primeiro texto, de Welinton Naveira e Silva, na Tribuna da Imprensa, debulha os fatos que vinculamos ao outro, de Carlos Chagas (também na Tribuna), para ilustrar a Carta Testamento de Getúlio Vargas. Que se ajustam como luva.

Num caso, morreu um presidente democraticamente eleito; no outro, com idêntico método, pretendem a morte do quanto conquistado pelo povo. Que traduzimos no legítimo representante: o trabalhador.

SINAL VERMELHO NA POLÍTICA

Welinton Naveira e Silva
Caso Hitler tivesse todos os poderosos recursos da tecnologia dos meios de comunicação da chamada grande mídia livre de hoje, bem controlada e direcionada pelas elites (à custa de muita grana), somado à sua inabalável determinação de domínio mundial, bem possível que teria deixado na retaguarda a sua poderosa força militar, atrás da linha de frente de uma gigantesca mídia livre nazista. Só precisaria comprar estratégicos elementos das elites dirigentes, em sua maioria, sempre prontos a trair seu povo e sua própria nação por um punhado de dinheiro. O maluco teria ido mais longe.
Aqui no Brasil, semelhante poder de força da grande mídia livre pode ser visto com todas as cores no julgamento-show-mensalão, distorcidamente apresentado como a maior roubalheira da República. Cínica mentira, sem esquecer que lugar de ladrão é na cadeia. Mas na verdade, a roubalheira atribuída ao mensalão foi insignificante se comparada com tantas outras. Isso, sem falar no maior rombo de todos os tempos, as chamadas privatizações FHC/PSDB, cujas perdas causadas ao Brasil, se devidamente contabilizadas e atualizadas a valores de hoje, por certo que totalizaria mais de R$ 10 trilhões. E ninguém fala nada. Silêncio total.
CAOS DO PRIMEIRO MUNDO
Agora, bem às vésperas das eleições prosseguem os esforços objetivando empurrar a economia do Brasil para a vala do caos do primeiro mundo. Estranhos grupos, possivelmente contando com suporte externo, descobrem nova roubalheira. Desta vez, na compra da refinaria de Pasadena nos EUA.
Tragicamente, nas democracias capitalistas, o roubo é coisa comum e conhecida. Para não ser pego, faz-se necessário dividir a roubalheira com outros poderosos. Mas, se dividir com gente errada, poderá ser pego e ou tornar-se alvo de outros grupos, nacionais e internacionais, ficando exposto a pesados bombardeios da grande mídia livre. Assim opera a bela democracia capitalista, sem planejamentos, burra e ineficiente.
Novamente, estão abrindo perigosas brechas para retorno de devastador entreguismo FHC/PSDB. Não escaparia da privatização a Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Eletrobras, Eletronorte, Furnas, Chesf, Eletrosul, Cedae, Embrapa, e inúmeras outras valiosas empresas públicas. Tudo, numa hora de profunda crise mundial devastando o primeiro mundo desde 2007.
Se acontece, o Brasil seria inteiramente desmantelado. Não sobraria pedra sobre pedra. Em poucos meses voltaríamos a ver por todas as cidades milhares de desempregados, falências e portas arriadas. Estaria de volta, milhares de placas “Vende” e “Aluga” vistas nos tempos FHC/PSDB. Claro sinal de desespero e falência generalizada.
Dado a atual insistente crise mundial, toda a América Latina seria arrastada junto. Voltaríamos a importar de tudo como na década de 50. Voltaríamos a exportar, tão somente, alimentos e minerais a preços de bananas, mas importando tudo e a preços de ouro. Em pouco tempo o Brasil seria transformado num imenso favelão com massas de miseráveis e violências de todos os tipos. Ainda está em tempo de interromper semelhante desgraça. Acorda, Brasil!

EM HONRA AO DIA DO TRABALHADOR

Carlos Chagas
Tradicionalmente no primeiro dia de maio, que amanhã se comemora, o presidente Getúlio Vargas comparecia ao estádio de São Januário, no Rio, para confraternizar com a classe operária. Havia sempre mais gente do que nas partidas de futebol do Vasco da Gama. Todos o aplaudiam com entusiasmo quando desfilava em carro aberto pelas laterais do gramado, discursando em seguida da tribuna de honra, sempre com a saudação dirigida aos “trabalhadores do Brasil” .
De 1930 a 1945, quando foi presidente provisório, presidente constitucional e ditador, Getúlio recebia o reconhecimento de naqueles quinze anos haver fixado um salário mínimo digno, estabelecido a jornada de oito horas diárias de trabalho, o pagamento de horas extras, de pensões e aposentadorias, o direito à assistência médica gratuita para o trabalhador e sua família, de férias remuneradas, de indenização por demissões imotivadas e de garantia de estabilidade no emprego após dez anos de permanência na mesma empresa.
Contra ele levantaram-se as forças da reação, foi deposto mas voltou cinco anos depois, eleito pelo voto popular. Outra vez no poder, sacrificou-se com um tiro no peito para não ser novamente humilhado e deposto por um golpe militar. Deixou um documento, o mais importante de nossa História. Vale apresentá-lo na véspera do dia em que o trabalhador brasileiro parece haver perdido a memória:
“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenam-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de domínio e de decênios de espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização da Petrobrás. Mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco.
Quando vos humilharem, sentireis a minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
Ao ódio, respondo com o perdão. Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram o meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”
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SERÁ PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA?

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