sexta-feira, 16 de maio de 2014

Supositório

Como solução
Em ano de eleições é assim mesmo. Tudo pode ser usado – contra ou a favor – para assegurar uns votinhos. Ponto e contraponto.

A crise no abastecimento de água em São Paulo e nos municípios do entorno, que integram a Região Metropolitana, evidentemente é uma dor de cabeça, em nível de enxaqueca daquelas, para o governador Geraldo Alckmin, que pretende a reeleição. 

A compra de Pasadena, pela Petrobras, torna-se o olho de furacão para o Governo Federal e, naturalmente, para a reeleição de Dilma Roussef, ainda que a mesma Petrobras esteja produzindo recorde no pré-sal (já 470 mil barris/dia, no último 11 de maio). 

Pernambuco estoura os limites da violência e torna-se preocupação para Eduardo Campos, visto que não pode fugir das ações dos policiais grevistas pelo fato de haver deixado a governança para pretender a Presidência da República. 

Aécio vê reações a sua política salarial, ações administrativas e – como se não bastasse – ilações na internet em torno de comportamentos privados incompatíveis com a imagem pública.

Cada um, no entanto, busca reverter o que lhe é contrário e transformar o negativo em positivo. 

O caso de Geraldo Alckmin, em São Paulo, no entanto, beira o surrealismo.

A crise no fornecimento de água – responsabilidade de uma empresa estadual, a SABESP – levada o foi ao racionamento (doce e ternamente chamado de “rodízio”) por absoluta ausência de investimentos no curso das últimas décadas. 

Não tem Alckmin e seu PSDB como transferir responsabilidades para antecessores, porque são eles, tucanos, que se sucedem há décadas (Mário Covas, Alckmin, José Serra, Alckmin) na administração da ‘locomotiva do Brasil’, como se alcunhavam os paulistas diante do restante do país.

Não bastasse – para ser coerente com o neoliberalismo – o capital da SABESP foi aberto à iniciativa privada e leiloado sob loas até na bolsa de Nova York. Hoje, dos cerca de 2 bilhões de reais anuais de lucro, 500 milhões são ‘reservados’ para distribuição  e aplausos à especulação financeira. 

Essa uma das razões da falta de recursos para os investimentos necessários na captação e distribuição de água, que resulta na atual crise. Mantida está uma estrutura concluída há trinta/quarenta anos, para atender à população de então, de 5 a 6 milhões de habitantes, e que se encontra hoje entre 12 e 13 milhões.

Mas, Geraldo Alckmin, no esforço para transferir água para o reservatório da Cantareira anuncia com pompa e circunstância a captação do denominado ‘volume morto’ como forma de amenizar a imagem perante o consumidor, que em mais de 50% o vê como responsável.

No vale tudo da campanha chegamos ao surrealismo de ‘inaugurar’ captação de ‘volume morto’ na falta de inaugurar obras. A imagem produzida pode evitar que Alckmin seja ‘morto’ eleitoralmente. Essa a desesperada saída.

Para o consumidor resta a esperança de que seja inaugurada pelo governador Geraldo Alckmin uma nova campanha: a de ser induzido a substituir a tradicional ingestão de remédios por via oral – que exige água – pela via anal, como ironiza Nani.


Nenhum comentário:

Postar um comentário