sábado, 31 de maio de 2014

As razões

São outras
Em texto publicado  em O Tempo (O petróleo tem de continuar sendo nosso), Sandra Starling, aborda luta histórica para conquistar o direito de explorar o ouro negro diante "dessa novela chamada CPI da Petrobras'”. 
Sua ponderação inicial é por demais racional: "É difícil imaginar que numa empresa como a Petrobras não possam ocorrer irregularidades, que não haja traços de tráfico de influência em suas rotinas, uma vez que interesses políticos motivam as indicações de seus diretores. Quem não se lembra das dificuldades de FHC em afastar Joel Rennó de sua Presidência por conta das resistências do PFL? Será que já nos esquecemos do ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, reivindicando o direito de apontar o responsável por aquela diretoria 'que fura poço'?"
E expõe o que de imediato a preocupa (como a todo brasileiro que conhece um pouco de sua história): "O que mais me irrita é que toda essa trapalhada dos governos Lula e Dilma em torno da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, sirva para alimentar os interesses dos oligopólios internacionais, como sói acontecer".
Observa o 'gosto' recém descoberto pelos brasileiros por manifestações e passa por breve análise conclusiva sobre a atual política da estatal (partilha, em contraposição à 'concessão' dos tempos de FHC): "Tudo isso posto, creio que as multidões que tomaram gosto por ir às ruas deveriam pautar a defesa de uma Petrobras genuinamente voltada para os interesses de nosso povo. Tenho dúvidas se o acerto entre nossa estatal, os chineses e duas petroleiras ocidentais para a exploração do pré-sal, como vimos no primeiro leilão sob regime de partilha, nos proporcionará os melhores resultados. Mas é melhor do que a concessão pura e simples."
E finaliza: "Enfim: que possa o povo se articular novamente em comitês populares na defesa do petróleo e ir maciçamente às ruas para proteger a Petrobras da cobiça externa e de políticos inescrupulosos. Como foi feito na memorável jornada 'O petróleo é nosso', de que apenas ficou, como registro – lamentável – a perseguição sofrida pelo comitê mineiro, quando à época governava Minas Gerais Juscelino Kubitschek! Que ninguém se esqueça de nossa história."
Em razão dos fatos lembrados por Starling ficamos na busca do real motivo e das circunstâncias que levam ao ataque contra a Petrobras. Isso afirmamos porque o que está em jogo, pura e simples – como querem demonstrar algumas vestais da moralidade política – não é a estatal em si, mas o controle das reservas do pré-sal. Justamente o que deveria motivar mobilização para evitar que se percam como conquista.
No fundo, o mesmo jogo, as mesmas cartas, os mesmos interesses. Como há mais de meio século. Como ontem não faltam hoje os que exercitam a sabujice como política, em favor do colonizador.
Uma diferença, no entanto, entre uma e outra época (a anterior e a presente): tínhamos espírito cívico para compreender o que era interesse nacional. Hoje as 'vestais' e os meios de comunicação (repetindo o mantra daquela época) e toda a malha financeira que as sustenta, impingem no povo a ideia de que os que defendem os interesses nacionais são lepra.
Daí porque tanto discurso de candidatos querendo fazer da CPI da Petrobrás mote de campanha. Porque se estes ganharem a presidência lavrarão, como primeiro ato de gestão (já prometeram isso) a entrega do pré-sal.

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