domingo, 11 de agosto de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Resistência
O senador José Sarney anda dodói. Bactéria resistente à maioria de medicamentos afeta o cacique maranhense, ou amapaense conforme a conveniência. A turma da charge descobriu a razão da resistência. "Pra aguentar o Sarney tem de ser muito resistente mesmo" (Duke)

A doença I
Continuamos na seara dos que não entendem a postura da classe médica contra a vinda de estrangeiros para atuar no em rincões brasileiros, de periferias aos grandes centros urbanos. A contradição mais se sustenta – assim a vemos – na circunstância de que, faltando médicos, negue-se a oportunidade de tê-los.

O argumento, teimoso como o exagero da teimosia, está centrado na dificuldade que o médico estrangeiro teria para compreender nossa realidade – de patologias à língua – o que não corresponderia à pretensão do Governo Federal, de ver atendida a população que carece do SUS.

A súbita e oportuna defesa dos interesses da população de imediato esbarra na contradição de que a carência de mais de 15 mil médicos não pode ser tributada pura e simplesmente ao Governo Federal. Fatores vários contribuem para a aberração, dentre eles o da apropriação do Sistema Único de Saúde pela denominada ‘medicina de grupo’. Para essa turma, a Saúde Pública se resolve com investimentos – que devem ser repassados para a iniciativa privada através de convênios, como ocorre atualmente numa construção de décadas.

Ainda sob este prisma – o do investimento – faltariam equipamentos nas muitas localidades para onde se destinariam os médicos solicitados. Não se negue tal fato – que, entendemos, será corrigido com o tempo (assim como no curso do tempo a “medicina privada” se apropriou da pública) – cabendo à sociedade fiscalizar melhor os gastos públicos, em muito desviados para encher as burras da corrupção, parte dela alimentada por próceres da medicina de grupo (superfaturamento, exames desnecessários, cesarianas em excesso – apenas para ilustrar).

A doença II
Não fora isso, e como perguntar não ofende, interessante saber-se, por exemplo, se os equipamentos que municiam parte dos hospitais que alimentam a “medicina privada” foram adquiridos pelos profissionais médicos que deles se beneficiam.

Nesse particular aspecto não precisamos sair de Itabuna. Basta que se chegue à Santa Casa de Misericórdia sem dinheiro ou sem um convênio. Ainda que seus equipamentos tenham origem em recursos públicos, sem falar nas contribuições da população em tempos idos.

A doença III
Por fim, a contradição maior reside no fato singular: se o médico estrangeiro é inconveniente (pelo que sinalizam no expressar seria “incompetente”) sobre quem recairá a culpa por tê-lo trazido? Naturalmente sobre o Governo Federal, que teria de assumir o ônus.

Deixem-no assumir o que tenha de assumir. Porque insinuar que a população pode morrer ou não se curar nas mãos de médicos estrangeiros não é pior do como está ela hoje: sem direito a ser assistida por um profissional, dentre estes os que criticam o Mais Médicos.

Falando para o Cosmos
A presidente Dilma Rousseff, inaugurando universidade federal em Varginha-MG, diante dos números recentemente divulgados não perdeu a oportunidade de afirmar que a inflação está controlada.

Independente de estar ou não, dizê-lo em Varginha por ser coisa para ET.

Dados
O sempre combalido futebol brasileiro, olhado sob a ótica da competência dirigente, encontrou uma interessante avaliação, onde se destaca o tempo, em meses, que seria suficiente para pagar as dívidas contraídas utilizando o clube tudo que arrecade para o pagamento.

Considerando os times baianos que integram a relação, a situação do Bahia justifica a intervenção por que passa, carecendo de 21 meses para saldar as obrigações. Já o Vitória precisaria de apenas um mês para quitar sua dívida.

A PEC e o guardião
A denominada PEC 37 caiu no fragor das manifestações de rua. Pretendia limitar a função do Ministério Público no âmbito da investigação, para que não fosse confundida a sua atuação com a das polícias.

Descobre-se que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, teria ciência e controle sobre um “sistema guardião”, destinado ao monitoramento e interceptação telefônica e de dados, que anda sendo utilizado sem autorização judicial. Ou seja, bisbilhotice e escuta ilegal para fins que só Deus sabe quais!

A denúncia foi trazida pelo senador Fernando Collor, da tribuna do Senado na quinta 8 http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/08/09/collor-suspeita-de-arapongagem-de-gurgel/ e abordada ironicamente neste espaço (Gurgel não descansará em paz).

Assim que confirmados os fatos muita gente vai pedir outra PEC 37.

De coadjuvante a expressão eleitoral
Geddel Vieira Lima – registramos na semana passada neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS – considerando os números apontados pela pesquisa da Sócio Estatística, mais estava para coadjuvante na sucessão baiana, no patamar de 15%.

Como pesquisa é o retrato de um instante e considerarmos a possibilidade concreta de PFL/DEM e PSDB não aglutinarem um nome de suas hostes e o fizerem em torno de Geddel não será exagero dizê-lo futuro governador da Bahia.

Nossa dedução parte de dois fatos: o primeiro, se considerarmos que não interessa a ACM Neto candidatar-se agora e que a Paulo Souto melhor fica uma vaga no Senado somente restaria, em nível de oposição, Geddel no primeiro plano e José Ronaldo (DEM) alimentando pretensão; o segundo, a base que apóia Jacques Wagner pode migrar, retornando às origens.

Claro que no caminho está presente a decisão do PT quanto ao nome que pretende indicar. Caso aglutine a base, tudo bem. Porque se depender apenas da imagem de Jacques Wagner pode afundar.

Orçamento impositivo
Intenção antiga, e sonho de todo e qualquer parlamentar autor de emendas a Orçamento, de que tal iniciativa encontre natureza impositiva e não meramente autorizativa como sói acontecer há muito. O conflito entre uma e outra reside na circunstância elementar – sob a ótica do Poder Executivo – de que a execução orçamentária é prerrogativa privativa do Executivo, a quem cabe – diante da realidade da arrecadação – controlar o fluxo de gastos, priorizando o de mais necessidade. Deputados buscam a impositividade, considerando-se desrespeitados em suas indicações financeiras para atender redutos eleitorais.

Mais razão tem o Poder Executivo. Afinal, a aplicação pura e simples da impositividade seria negar a condição do gerir e do administrar, que são da essência da gestão.

Não fora isso, a impositividade está a exigir a plena arrecadação da receita estimada e absoluto equilíbrio fiscal. O que não se pode dizer que esteja a ocorrer neste “país de São saruê” há décadas... séculos.

Por fim, o comportamento da base aliada, por exemplo, sem orçamento impositivo já depõe contrariamente a que o mesmo venha a ser aprovado.

A não ser como golpe branco.

Dia dos pais
Para os que tornaram o consumismo razão de existir, nada melhor que dia das mães, dos pais, dos namorados etc. Sempre há um dia para presentear – ou seja, para gastar.

Como agosto apenas está começando recomendamos “passear” no Jequitibá e descobrir quanto de dinheiro o leitor precisa só para atender aos muitos “dias” do mês. Uma loja, muito criativa, destacou uma dezena deles para justificar compras.

Perdendo o sentido I
Ao que parece estão errados os que viram com olhar de reprovação a atitude de um vereador – espelho de todos, com raríssimas exceções – que alardeou, com direito à exposição midiática, estar devolvendo cargos ao Poder Executivo por haver com este rompido.

A indecorosidade reside nesta relação espúria, que vai se acentuando nas últimas décadas, pelo menos em nível de transparência recente, onde um representante do povo se vê no direito de ratear indicações para cargos comissionados como se fosse a coisa mais ética e natural do mundo.

Natural pode até sê-lo, na ótica dessa gente. Afinal, para isso gastam tanto dinheiro para se eleger. Sob o viés da Ética nunca o será. A não ser que Sócrates, Platão, Aristóteles – entre outros – tenham se convertido à corrupção.

A reação desta coluna diz respeito a quase nehuma análise em torno do fato – sob dimensão crítica – na imprensa regional.

Perdendo o sentido II
Itabuna padece de compreensão sobre os valores que a alimentam. Edificações antigas e históricas vão ao chão como se permanentemente fôssemos atingidos por trombas d’água ou tsunamis. Não bastasse, deram de desconfigurar projetos arquitetônicos, como ocorreu com a pintura recente da Praça Rio Cachoeira.

O projeto da arquiteta Clara Kauark promovia plena integração entre a natureza e a obra física às margens do símbolo maior de Itabuna, onde as cores traduziam aquela plenitude, na leveza com que se integravam à natureza alada que a frequenta.

Transformada está em um grande e insignificado sinal de trânsito.

Definitivamente estamos perdendo o sentido das coisas construídas por nossa gente.

Secos & Molhados
Passados 40 anos. Ouvi-los nos remete ao frenesi que foi o seu surgimento. Dois álbuns lançados bastaram para que fossem inseridos no imaginário da música brasileira. Para nós, particularmente, bastaria o primeiro elepê com suas cabeças expostas em bandejas.


Neste agosto que exige não esquecer a estupidez do lançamento das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki o poema de Vinicius de Moraes (musicado por Gerson Conrad, do próprio grupo) sofrido pelo Secos & Molhados, em “Rosa de Hiroshima”, se impõe. http://www.youtube.com/watch?v=j11OYO0abGo
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* Coluna semanal publicada aos domingos no www.otrombone.com.br 


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