domingo, 25 de agosto de 2013

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Acredite!
Oficiais da inteligência de determinado país invadiram a redação de determinado jornal e simplesmente destruíram discos rígidos de computadores que, em princípio, conteriam informações que desagradariam ao governo. O incômodo assunto, a ser divulgado, dizia respeito ao mundo da espionagem e bisbilhotice sobre a vida de cidadãos do mundo inteiro.

Não pense o leitor que estejamos tratando de algum regime totalitário, um desses “comunistas” que tanto incomodam a democracia ocidental. O nome do “determinado país” é Inglaterra e do “determinado jornal”, The Guardian. Para mais detalhes http://www.jornalggn.com.br/blog/oficiais-britanicos-destroem-discos-rigidos-do-%E2%80%9Cguardian%E2%80%9D

Tentativa
Diante das incertezas que norteiam a sucessão presidencial no ninho dos tucanos, o presidenciável José Serra vê possibilidades de vencer prévias (diz o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que não alcançaria 3%), afastando Aécio Neves da disputa.

Para tanto, o sonho de uma noite de verão seria, tornando-se o candidato tucano, capitalizar os votos de Marina Silva, diante da dificuldade da ex-verde emplacar seu partido político a tempo de disputar a majoritária de 2014.

Falam da tentativa de namoro em andamento.

Inclinação
Outra não poderia ser a leitura. O Governo Federal transita por entre propostas da melhoria de vida da população, incrementando políticas sociais que são um sucesso, sem perder o mote de agradar a banca internacional, a especulação por excelência.

Não sabemos se a contradição ocorre em decorrência da “governabilidade” ou de inclinação por um certo guru.

Nosso justiceiro
A retomada da apreciação dos embargos declaratórios na AP 470 pelo Supremo Tribunal Federal se encontrava sob o crivo do suspense, depois que o presidente ministro Joaquim Barbosa encerrou a sessão anterior interrompendo e agredindo quem estava com a palavra.

O que se viu na última quarta beirou o ridículo, em que pese para muitos jornalistas ter sido o ápice da democracia em nosso singular Estado de Direito, com a confirmação do “óbvio ululante” (obrigado Nelson Rodrigues!): ministros pondo panos quentes para esconder a grosseria de Joaquim Barbosa na sessão anterior, afirmando ser o STF uma casa de respeito às idéias e aos debates.

A resposta de Joaquim Barbosa foi precisa e singular: assim que encerrado o beija-mão, e logo depois de apreciação de matéria de menor importância, convocou os pares com um singelo “agora vamos ao trabalho”.

E saiu vitorioso, como bom justiceiro, prestes a usar das armas de que dispõe no momento que entender necessário, como quando o fez na indigitada sessão, ao jogar para a plateia o que não tinha como contrariar.  

Para não falar em xenofobia
A falta de médicos é uma constante no Brasil. Que o digam as localidades que os tem como o “caviar” de Zeca Pagodinho. O Programa Mais Médicos do Governo Federal enfrenta corajosamente o problema, o que implica em tocar na ferida: o “sistema” médico do país e seu desejo de manter a “medicina de grupo” como paradigma de atendimento à população.

Sabido e consabido que o que falta mesmo é médico para trabalhar nas localidades periféricas, rurais ou urbanas, razão por que soa estranho que muitos se levantem contra a vinda de médicos cubanos.

A nós, particularmente, cheira àquele ranço de que sendo Cuba uma sociedade administrada sob o prisma do socialismo, que dão de chamar de comunismo, os cubanos – especialmente os médicos – são comedores de criancinha.

Que não tome o leitor por provocação, mas não custa perguntar: agiriam assim se os médicos fossem dos Estados Unidos?

Assim caminha a humanidade
Não tratamos aqui, apesar do título, do clássico drama dirigido por George Stevens (um dos poucos estrelados por James Dean) em 1956. Mas de um outro drama: o do PSDB e seu centro pensante, São Paulo. Que, apesar dos ingentes esforços da grande mídia, não consegue sair do noticiário.

Ou da charge.

E agora, José?
Dois expoentes da medicina estadunidense reconhecem a existência de Um Modelo Diferente – Atenção Médica em Cuba. São eles Edward W. Campion, M.D. e Stephen Morrissey, Ph.D., em matéria publicada em 24 de janeiro deste 2013, no The New England Journal of Medicine, principal jornal médico dos Estados Unidos

 “Para um visitante dos Estados Unidos, Cuba desorienta. Automóveis norte-americanos estão em todo lugar, mas todos datam dos anos 50. Nossos cartões bancários, cartões de crédito e telefones inteligentes não funcionam. O acesso à internet é praticamente inexistente. E o sistema de saúde também parece irreal. Há médicos demais".

"Todo mundo tem um médico da família. Tudo é de graça, totalmente de graça — e não precisa de aprovação prévia ou de algum tipo de pagamento. Todo o sistema parece de cabeça para baixo. É tudo muito organizado e a prioridade absoluta é a prevenção. Embora Cuba tenha recursos econômicos limitados, seu sistema de saúde resolveu alguns problemas que o nosso [dos Estados Unidos] ainda nem enfrentou”. Acesse, para todos os detalhes em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sistema-de-saude-cubano-e-elogiado-por-medicos-dos-eua

Dentre muitos aspectos revelados, o de que, já em 2008, 37 mil médicos cubanos trabalhavam em 70 países do mundo. Muitos, antes do Programa Mais Médicos, já trabalham no país.

Por aqui alguns pretendem barrar o ingresso de médicos cubanos. 

Que ninguém se engane: o que está em jogo é a manutenção do atual sistema, através do qual o poder público financia a iniciativa privativa para atender mal, na esperança de ver todos com um “plano de saúde”, o sonho de consumo.

A dimensão do problema
Afirma-nos fonte fidedigna de que os 48 mil hectares reservados para os tupinambás apenas aguardam a chancela ministerial. Em outras palavras, a confirmação pelo Governo Federal do que foi engendrado há anos por técnicos que esqueceram de relatar a realidade na região “mapeada” e “estudada”.

Mais nos diz a fonte, que teve acesso aos “estudos” que alimentaram a demarcação: nenhuma informação há sobre os cerca de 3 mil moradores na área ora em conflito – onde inúmeros pequenos produtores rurais e assentamentos –  nem mesmo de que parte dela é uma região urbano secular, a turística estância hidro-mineral de Olivença.

Disse-nos certa vez, no início dos anos 70, um agente do Funrural em Itapetinga, que uma das desgraças deste país é a cúpula decidir “pelo mapa”. Ou seja, dos gabinetes o país planejado sem que seja conhecido em sua realidade.

A situação, inversamente, está presente nos “estudos” e “mapeamento” da área indígena. Levou-se ao ministério um estudo adredemente agendado, para não dizer-se criminosamente elaborado, onde Suas Excelências da cúpula do Governo conhecem apenas uma versão, onde propositadamente desconhecida a de milhares de produtores e familiares, instalados há mais de século na região.

Dois pesos
Nos escaninhos ministeriais repousa a ignomínia perpetrada em defesa de interesses onde os de menor alcance são o de indígenas (e quando citamos o nome indígena o fazemos em relação aos que realmente o sejam originários da região, e índios, porque dentre eles há evidentes picaretas).

De seus gabinetes, organismos nacionais e internacionais em defesa de povos indígenas pressionam, utilizam-se de todos os meios de que dispõem para a defesa de tais demarcações.

Gostaríamos de vê-los atuando, com igual intensidade, nos Estados Unidos, onde a área delimitada para povos indígenas nem de longe se aproxima da usurpada dos “peles vermelhas”. 

O desdobramento do problema
Em jogo uma área superior a 2.400 alqueires, envolvendo os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema. E, mais que isso, seus cerca de 3.000 moradores, sob risco imediato de desalojamento, sem ter para onde ir, tendentes a engrossar as periferias dos centros urbanos para sobreviver com bolsa-família, porque não há emprego para atender a tantos criados e habituados às lides roçarianas.

O preço da farinha de mandioca alcança na região até 8 reais, valor antes inimaginável. O custo está inflado pelos riscos, dentre eles o de produzir e fazer sair escondida a produção para evitar os assaltantes travestidos de índios.

Que se utilizam da agressão como forma de pressão.
Por mais que sejamos contra a violência a solução ora existente é a tomada pela população vítima: reagir contra os que pensam fazer deste Brasil a casa de seus estudos e mapeamentos.

Falta que a eles se unam os moradores de Olivença e seu entorno, que certamente terão seus imóveis tomados para abrigar a antiga aldeia tupinambá.

Estranho
Estranha, muito estranha, que de tantos políticos eleitos na região – com mais ou com menos votos – somente o deputado Geraldo Simões tenha assumido uma posição equilibrada, para evitar o conflito. Pede – como o tem feito da tribuna da Câmara dos Deputados – que seja suspensa a demarcação para que estudos mais amplos e aprofundados possam traduzir a efetiva realidade.

Não queremos crer que os demais estejam simplesmente esperando contar com os votos indígenas, como agradecimento pelo mérito de suas omissões.

“A Coleção Invisível”
O premiado trabalho de Bernard Attal, inspirado em conto homônimo de Stephen Zweig, foi exibido no sábado 24 em praça pública de Itajuípe. De imediato ressalte-se que o filme, primeiro longa metragem de Bernard, valoriza atores e produtores regionais. Como já o fizera no documentário “Os Magníficos”, a sensibilidade do diretor se volta para compreender e registrar a dimensão e profundidade da crise na região cacaueira no imaginário de todos que dela participam direta ou indiretamente.

Bernard Attal vai se tornando o leitor contemporâneo da Bahia, como o foi o conterrâneo fotógrafo e etnólogo Pierre Verger. Seu último trabalho faz leitura entre a literatura de Zweig e a crise da região cacaueira, primando de poesia a realidade pautada num velho produtor de cacau que ainda imagina dispor da coleção que se esvaiu para cobrir a sobrevivência quando os frutos de ouro se tornaram de chumbo para a existência.

Concerto
Assim podemos definir o reencontro de Itabuna com o órgão de tubos da Catedral de São José, no próximo dia 30, 19:00 h. Que esta terra se reencontre também com a história do órgão, que precisa ser contada. Inclusive a de sua revitalização.


Em homenagem ao evento um dos símbolos musicais para a natureza do instrumento, a Tocata e Fuga em Ré Menor, de J. S. Bach. Clique em
http://www.youtube.com/watch?v=_FXoyr_FyFw 

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br 

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