domingo, 8 de abril de 2012

Da arte à mediocridade

Contraste
Estamos saindo de uma realidade por demais alvissareira, debruçado sobre o que trouxe o II FECIBA durante a semana em Ilhéus. Que expôs o que de vigoroso ocorre no cinema baiano, das novas produções ao resgate de clássicos.

Enquanto nos alegramos com o que se faz de cinema na Bahia, nos vimos chocado com o veiculado no “Radar Online”, informando que Xuxa conseguiu, mais uma vez, sustar a exibição de “Amor, estranho amor” (1982), o que fora solicitado pelo produtor Aníbal Massaini Neto.

De nossa parte (já vimos o filme), só uma razão justifica o pedido de intervenção judicial em favor de Xuxa: a mediocridade da atriz no belo filme de Walter Hugo Khouri, onde a pobreza artística da “rainha dos baixinhos” não encontra limites e se torna negação absoluta do recomendado nas academias.

Só é possível entender sua participação – medíocre, como sempre – em razão da época: modelo iniciante que namorava Pelé, posava nua...

O filme
Imprópria e apelativamente rotulada de drama erótico, a densa trama psicológica, tendo por fundo a realidade da política brasileira, desenvolvida com competência por Khouri, traça um painel metafórico das entranhas do poder, e não pode deixar de ser vista, por causa dos lindos olhos de Xuxa.

Xuxa nele só é reconhecida porque, por ato de caridade cristã, fizeram inserir seu nome no elenco, ao lado de Tarcísio Meira, Vera Fisher, Íris Bruzzi, Mauro Mendonça, Otávio Augusto e, inclusive, Rubens Ewald Filho.

Porque, se houvermos de falar em interpretação...

Nada impede que seja visto
Demais disso, com proibição ou não, está disponível através de publicidades no Google, até por 20 reais. A vingança de Xuxa dá prejuízo ao produtor e à arte na celulose.

Claro que quando falamos em arte longe dela está a loura global.

Enquanto isso
O que nos salva é saber que há gente fazendo arte. Ainda que a mediocridade de uns impere.

Mas, enquanto a mediocridade depende da decisão de um juiz para que prevaleça, a arte cavalga "na garupa leve do vento macio" (Viagem, de Paulo César Pinheiro) quando a poesia se encontra em todos os que a amamos, fixada na celulose e no digital por aqueles que a cultuam.

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