domingo, 22 de abril de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 22 de Abril

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

“Sem foguetes”

As farpas lançadas por Joaquim Barbosa contra César Peluso – em revide as deste, disse-o aquele – são dignas de opera buffa ou de acaloradas discussões em associações de condomínios de pouca expressão.
O detalhe reside em que ambos são Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Como metáfora aquela que institucionalmente é a mais alta Corte do País não anda passando de um “condomínio”.
E com uma nostalgia de casa-grande!

Quando interessa

folhaA desqualificação da CPI recentemente instalada sinaliza grandes interesses em jogo. A primeira página da Folha de São Paulo diz tudo.
A razão está no fato de que um dos tentáculos da CPI tende a desaguar na mídia, a partir dos métodos utilizados pela revista Veja e que não são estranhos a outras publicações.
No fundo, no fundo... defesa prévia.

 

Crimes I

Nada contra a fonte de informações deste ou daquele órgão jornalístico. O que não se tolera, como tem tudo para ser comprovado, que se utilize de serviços sujos e criminosos, pagando por eles, para gerar matérias que não se comprovam muitas vezes, como o famoso “grampo sem áudio” da Veja.
Por tais linhas, se a CPI levar a fundo o que diante dela se disponibilizará, Roberto Civita dificilmente escapará de um processo criminal. O que outros pares da mídia... também receiam.
Dirão, como defesa, partindo para o ataque, que isso é censura.
De nossa parte, gostaríamos de ver uma CPI específica para apurar as criminosas ações da Veja.

Crimes II

Ainda viva na memória dos que não se deixam convencer por certas matérias jornalísticas, que a atuação da Veja em recentes fatos alimenta a certeza –já vislumbrada – de que estava a serviço do crime organizado e da desestruturação do Estado de Direito.
Não sozinha. Políticos e membros do Judiciário acobertavam suas ilações. O estrago causado só o futuro dimensionará. Lembraremos um desdobramento.
O delegado Paulo Lacerda, responsável por transformar a Polícia Federal numa entidade eficiente na luta contra a corrupção e o crime organizado, assumiu a ABIN pretendo dotá-la dos instrumentos mais modernos para contribuir àquele combate.

Crimes III

Quando a Satiagraha estava produzindo seus frutos estouraram com ela e com Lacerda. Quem pelo meio? A Veja, partindo de denúncias sem qualquer elemento de convicção, mas que atendia aos interesses do crime.
Os fatos estão sendo comprovados: Daniel Dantas, Demóstenes Torres, Gilmar Mendes e mesmo Nelson Jobim integram o grupo que precisa explicar por que tudo aconteceu e como aconteceu.
Grampos sem áudio e o falso alarme de que havia escuta ilegal no STF (Gilmar Mendes, então presidente do STF) contribuíram para arquivar temporariamente a luta contra o crime organizado desencadeada por Paulo Lacerda.
Em síntese, a Veja se aliou a esquemas como o do Opportunity (Daniel Dantas) e o de Carlinhos Cachoeira, que se jacta de ter fornecido a ela as matérias.
Apurar isto não é ferir a liberdade de imprensa. É protegê-la de bandidos.

O que se espera

dukeA CPI acabada de instalar, se levar a sério as apurações imediatas e aquela que lhe seguirão a partir de depoimentos a ela prestados, tem tudo para se tornar o instrumento para passar o Brasil a limpo. (Este, por sinal, o perigo de dar em nada, como a do Banestado, a das Empreiteiras etc.).
Poucos escaparão. Certeza mesmo para quem for operador de telemarting. Que dispõe do melhor álibi!

cartaDiz tudo

A capa da revista Carta Capital expressa o desdobramento que se espera ocorrer a partir da CPI de Cachoeira. Cada um dos quadros que a compõe reflete uma categoria para apuração.
Lá estão todos os poderes.

Construindo imagens

O ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, em entrevista ao repórter Gerson Camarotti, do Jornal das 10, jogou indiretamente o PR na lista de suspeitos no esquema de Carlinhos Cachoeira, ao afirmar que Valdemar da Costa Neto se constituía num “verdadeiro agente da Delta”. A empresa está no olho do furacão que vem por aí.
Tais relações espúrias levantam suspeitas lá como cá. Aqui por outros vieses, por não entendermos as razões por que Geraldo Simões anda com tanta força junto a BAMIN, a ponto de determinar, e ser atendido, a demissão do jornalista Ricardo Ribeiro, que para o deputado não se dedica ao seu esporte preferido – “amigos” amarrando os seus cadarços.
Como lá, por cá Geraldo Simões se ensaia futuro “agente” da BAMIN.

Não ficou bem

A suspeita, até agora não desmentida, alimenta uma imagem profundamente negativa de Geraldo Simões. Em passado não tão distante GS marcou pontos em sua vida política porque pautado em atitudes republicanas. O respeito às opiniões adversas faziam-no diferente do coronelesco carlismo Bahia a fora.
Anda acusado de perseguir quem não comungue com seu primado, o de construir uma dinastia. Tais atitudes não coadunam com a imagem que Geraldo desenvolveu no passado.
O detalhe fica por outro aspecto: Juçara vinha apresentando quedas para inquisidora e perseguidora, pedindo cabeças aqui e ali. Mas Geraldo!
O que é isso companheiro!

Fazendo água

Triste ver-se pessoas que matavam e morriam por Geraldo afastarem-se de sua liderança política. Ouvimos, neste sábado, de uma militante petista de primeira hora, que não votará este ano.
Para não votar contra Geraldo e seu PTdoG prefere não ir às urnas.
Um singular voto contra GS dentro do PT.

Reconhecido, mas esquecido

José Oduque Teixeira é lembrado por todos os contemporâneos de sua administração (1973-1977). Façanhas, hoje, como de pagar o que o município devia à Santa Casa – a ponto de fazer com que uma recomendação/indicação da Prefeitura tornasse o paciente destinatário de um tratamento “muito especial” – de não deixar débitos, de não haver se beneficiado da gestão, de nunca ter vendido algo de suas empresas à prefeitura, de haver construído uma sede etc.
Só há boas lembranças e elogios a José Oduque. Mas ninguém lembra ou o recomenda para candidatar-se em tempos de escassez de homens de bem para gestão da coisa pública.
Reconhecido, sim; mas, esquecido. 

Péssima aquisição

Geraldo agrega ao seu arsenal de estratégias políticas a perseguição àqueles que entenda como adversários/inimigos.
E como se apresenta como a “bondade” personalizada, todos os atuais perseguidos são uns ingratos, tornaram-se “gente” através dele.
Quer exclusividade, como ocorre com a Difusora. O profissional para ele não deve ser profissional mas “amarrador de cadarço”.

Excelente

Acessar o sítio http://www.excelencias.org.br/ é um excelente exercício para qualquer cidadão. Veicula informações sobre políticos que vão desde ações a que responde, patrimônio, ganhos no exercício da função, gastos, contribuições para sua campanha ou para a de outros candidatos.

GS no excelências.org

Descobrirá, por exemplo, que a variação patrimonial de Geraldo Simões entre 2006 e 2010, penúltimo mandato, foi de 77.501,35 e que possui um patrimônio declarado de 419.501,35.
Essa a razão material, não fora a legal, de não poder comprar a Difusora: falta de dinheiro. Daí precisar de amigos!

Pão duro

No mesmo espaço descobrirá o tamanho do pãodurismo de Geraldo. Sua valiosa contribuição financeira para a mulher, na campanha de 2008, alcançou a astronômica cifra de 24.995,00 reais.
Talvez essa a razão do entrevero entre mulher e marido no imediato do resultado eleitoral, quando Azevedo alcançou uma dúzia de milhares de votos... de frente sobre Juçara.
Ela atribuiu a ele toda a culpa pelo resultado. (E tinha toda razão. Afinal, tão pequena contribuição financeira e aquele estranho apoio de Capitão Fábio em cima da hora, mais pareceram coisa de inimigo, não de marido).

Leninha

Leninha Alcântara ainda continua no palco. Procurando um personagem. E desfazendo o script.

Pulo do gato

Já saíram os vários que se enfeitavam pré-candidatos pelo PMDB. Caso saia Leninha, confirma-se Renato Costa.
Aquele tertius de que falamos neste espaço. Que tem tudo para ser vice de outrem.

É só aguardar

Grande rede de supermercados aportará em Itabuna. Já comprou terreno para se instalar.

Alerta amarelo

Nesse instante do processo eleitoral, ainda que pareça distante o mês de outubro, qualquer fato, por mais insignificante que seja, pode tornar-se bola de neve.
A possível responsabilidade de Wenceslau Júnior a partir de apurações sobre empréstimos consignados deve acender a luz amarela do cururu.
Vane aguarda futuras pesquisas. E a manutenção do compromisso anteriormente assumido.

Desastrosa

A interferência de Geraldo Simões na gestão da BAMIN, que desaguou na demissão do jornalista Ricardo Ribeiro, expôs as vísceras da promiscuidade nas relações de empresas com políticos. Essa promiscuidade estará na pauta, que ninguém se engane, da CPI recém instalada no Congresso.
Ponderadas as dimensões, em nada diferem das relações de Demóstenes Torres com Cachoeira as de Geraldo com a Bamin. Ambas simplesmente revelam a maléfica atuação do poder político junto à iniciativa privada, encantada esta em poder servi-lo, por constituir-se instrumento de controle e de poder.
As empresas, esperando as benesses e facilidades oriundas do poder; os políticos – e lamentavelmente Geraldo Simões se escancara em demonstrá-lo – em busca de vantagens que, quando não são escusas e indecorosas, asseguram contribuições para campanhas políticas.

Sublimando

Os velhos coronéis jactavam-se de terras e homens a eles submetidos. O poder político na esteira chegado pelo controle exercido sobre um punhado de votos no cabresto, fazendo-os necessários – porque este o processo que alimentava o sistema da época – para sustentar o governo “na Bahia”. Marcionílio de Souza, em Maracás, Horácio de Matos, na Chapada Diamantina, e os Horácios do cacau das terras-do-sem-fim.
Em tempos ditos modernos não mais encontram terras e jagunços como poder. Mas o encontram no controle espúrio entre o poder político angariado através de um mandato e empresas.

Qualquer coisa ajuda

Em tempos de centenário de Jorge Amado anda o ferradense Geraldo Simões querendo revisitar as terras-do-sem-fim de Horácio da Silveira, que se “estendiam de Ferradas até muito longe”, como o escreveu Jorge Amado.
Difícil está viver o sonho de ser coronel da República Velha, ter casa-grande, quando já não basta o cacau regado e adubado a sangue.
Mas para quem não tem “terras-do-sem-fim” uma BAMIN já ajuda.

O bom samba da Bahia

Para os que andamos cansados com o lugar comum que norteia o noticiário e não dispomos de equipe para pesquisar o que nos interesse publicar reconhecemos o atraso na informação que afeta a música brasileira, a partir do samba da Bahia.
Ederaldo gentil morreu no dia 30 de março, aos 68 anos.
Nosso tributo ao grande compositor, que encheu as noites de Adelzon Alves quando tinha programa na rádio Globo, que o cultuava, onde ouvimos pela primeira “O Ouro e a Madeira”.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoUm “aluno”, que há tempos não aparecia, depois de cumprido o ritual, reencontra um parceiro, entabulando diálogo justificador da prolongada ausência, que avança para o expressar:
– É verdade! Ando escasso por aqui!...
A precisa intervenção alencarina refletiu outra realidade:
– Minha preocupação não é a sua “escassez”, Cabôco – investe Alencar – mas o risco de perder o vício. Aí você me quebra e aos concorrentes.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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