domingo, 1 de abril de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS - Dia 01 de Abril

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

Os mesmos interesses

Para quem procura enxergar além das entrelinhas do noticiário intitulado “Kony 2012”, entendendo-o controlado por interesses poderosos, estranhou uma mobilização midiática para prender determinado líder ugandense que utiliza crianças para o “seu” exército. Não só depois de desmentido o poder do aludido líder. Que não mais aquele mostrado nas imagens, porque colhidas há anos e não representa nem de longe o risco de antanho. Hoje esvai-se em esconderijos depois que a indústria de armas passou a negar-lhe a reposição bélica de que carecia, além de atingido por condenação do Tribunal Penal Internacional.
Mas o “Prender Kony” parecia se tornar um apelo ao planeta diante do genocídio praticado contra a infância ugandense, onde até ajuda financeira para “salvar” as crianças foi proposta por uma ONG sediada nos EEUU.
Lançou-se o raciocínio, pode-se deduzir: se o governo local não consegue por as mãos sobre o condenado internacionalmente uma solução “milagrosa”, como tantas outras, justificaria uma intervenção no país africano.
Apenas mais uma, por sinal. Por uma causa a ser aplaudida pela humanidade.

Explicação

Lemos no www.tribunadaimprensa.com.br de 21 de março (“O motivo da farsa:...”), o que certamente está por trás de tudo: a recente descoberta de reservas de petróleo em Uganda, que rivalizam com as da Arábia Saudita, com capacidade de extração de 3,5 milhões de barris diários.
Está explicado!

É, Demóstenes!

A revista CartaCapital, em texto assinado por Leandro Fortes, denunciou “Os 30% de Demóstenes” oriundos do jogo ilegal operado por Carlinhos Cachoeira, cujo esquema teria arrecadado 170 milhões de reais nos últimos seis anos.
Há a suspeita de que – até o desbaratamento da quadrilha de Cachoeira, ocorrida em fevereiro, pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – a futura candidatura de Demóstenes ao governo de Goiás, já se encontrava alimentada com cerca de 50 milhões de reais em sede de caixa 2.
Não esqueçamos que “caixa 2” de campanha é sinônimo de “mensalão” para tucanos, demistas/pefelistas, grande mídia etc. quando a turma é do PT.

Ligações perigosas

Não tratamos aqui de “Dangerous Liaisons”, de Stephen Frears, com Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer no elenco. Mas de lembrar certo grampo da ABIN que foi mote para escândalo. Em que pese nunca ter surgido o tal áudio – o que lembra o surrealismo de a denúncia estar amparada em leitura labial de telefone – Gilmar Mendes, então presidente do STF, se disse atingido por terem flagrado telefonema seu com o senador Demóstenes Torres e mesmo ameaçou chamar o Presidente da República “às falas”.
Nunca foi comprovado o grampo. Mas surtiu os efeitos: estouraram a Operação Satiagraha, livraram a cara de Daniel Dantas e ficou tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Pois não é que descobriram que Demóstenes Torres tem entre seus assessores uma enteada de Gilmar Mendes! (Folha de São Paulo).
Por trás da serra do detalhe: Gilmar Mendes será um dos que julgarão Demóstenes no Supremo, que acatou pedido de investigação de Roberto Gurgel, para apurar envolvimento do senador com Carlinhos Cachoeira.
Dá para acreditar que saia algum coelho desta cartola!

Barco furado

demostesO “agente 0014 + 1” (porque era o “1” dos que portavam rádios habilitados em de Miami), o “Pai Demóstenes” (porque conselheiro matrimonial), enquanto vociferava da tribuna do Senado contra a corrupção e o crime organizado via escoar para suas algibeiras uns “quebrados”, que ninguém é de ferro.
Desse jeito, ainda que o DEM esteja a ameaçar expulsar Demóstenes, vai encolher um pouco mais!
E para completar a coisa caiu na boca do povo, com as revelações veiculadas pela mídia.

Para não esquecer

O purista da língua cairia de pau. Mas, simplesmente genial!

chicoInteresses

Que interesses há (ou quem por trás deles) na insistência da Prefeitura em indicar apenas um local para a instalação da UFESBA em Itabuna?
Essa administração não tem primado por exemplos de lisura nas coisas que faz. As denúncias de vantagens indevidas alimentam o noticiário e não encontram resposta ou defesa.
O Prefeito anda rodeado de ratos e não se ensaia gato para, pelo menos miando, afastá-los.
Essa história do campus itabunense da UFESBA localizado na BR-101 está muito mal contada. Até que suficientemente debatido pela sociedade e amparado em informações técnicas.

Transparência necessária

Por exemplo: não se pode discutir o tema do campus e sua repercussão na mobilidade urbana sem compreender o que ocorrerá nos próximos dez/quinze anos com a malha rodoviária regional.
Para tanto, ouvir o engenheiro Saulo Pontes é fundamental. Afinal, seja-o como ex- diretor do DNITT ou Diretor do DERBA, Saulo tem acompanhado nas últimas décadas todos os projetos que discutem e redefinem a malha regional.
Dele particularmente já ouvimos sobre o que ocorrerá para o acesso ao Porto Sul e todas as repercussões nas federais BR-415 e BR-101.

Lua de fel

O http://adylsonmachado.blogspot.com repercutiu o blogue de Roberto Jefferson em sede local. Publicou Roberto a existência de conflito de casal famoso, depois que flagrado o marido dividindo o “amor” com terceira figura. Como desdobramento, por razões de conveniência política, o casal fora recomendado a manter as aparências.
Não será ficção se tal caso existir nos limites de Itabuna. Para que não se materialize um desastre no projeto político do chefe do clã as aparências estão em dia. A coabitação só existe em fotos distribuindo sorrisos em caminhadas e coisas tais, o que dá a impressão que estão em lua de mel.
O detalhe é que a esposa traída vem suportando a situação não de agora. Estoicamente, ainda que “fera ferida”, tem mantido a postura.  Esperando que o nível da campanha não despenque e venha a público a crise conjugal.
Que pode ser a pá de cal no projeto do político.
E tem mais: se a Igreja descobrir, o político nem mesmo poderá comungar!

Frente

Começou a consolidar-se o quadro, nestas últimas semanas, do universo político itabunense, com a construção de caminhos que assegurem retrato na urna eletrônica como candidato a prefeito.
A se for mantida a frente partidária que hoje reúne PCdoB, PSC, PDT, PV, PRB, PPS, que pretende se ver ampliar com o ingresso do PP, mais se afirma a possibilidade de três candidaturas, ainda que Azevedo não encontre óbice da Câmara Municipal.

Passaporte

Certamente Ruy Machado tem carta branca de Geraldo Simões para “conversar” com pares da Casa, visando convencê-los a rejeitar as contas de Azevedo.

Todas as garras à mostra

Louve-se a atuação de Geraldo Simões. Neste momento é a mais mobilizada das lideranças políticas de Itabuna. Em termos da determinação de sua busca. Várias jogadas tem promovido para assegurar o xeque-mate que é fundamental para seu futuro político. Que tem nas eleições municipais o instante crucial. Certamente o que conquistou ate o momento – o domínio da rádio Difusora aparenta ser o maior trunfo – não assegura a vitória da mulher no pleito de outubro.
As evidências são claras: caso estivesse tranquilo não se mobilizaria em tantas vertentes como faz. O que lhe falta é a certeza de que Juçara manteria a difundida vantagem nas pesquisas. Que, assim parece, não oferta segurança.
Do leque de alianças que espera contar, se depender das lideranças locais, não arrebanha grande coisa. Muitos de seus aliados em passado recente caminham com as próprias pernas, a exemplo do PCdoB, do PMDB e mesmo o PDT. Sob esse viés, caso não haja intervenção superior para forçar uma aliança – que repercutirá mais em minutos do horário eleitoral que em votos – o PT caminhará solitário, já dividido internamente, onde mais contará com a militância dos blocos “do eu sozinho”.

Das alternativas...

Por essa razão Geraldo parte para planos vários. Como o melhor discurso de campanha do PT é a desastrosa imagem da administração de Azevedo, dispensá-lo é confessar que Juçara perde para ele. Assim, afastá-lo é uma tentativa de respirar.
Ocorre que no retrovisor está o PCdoB, que tende a disputar com possibilidades de vitória a prefeitura, se tomarmos como grupo o que enfeixa em torno da frente de partidos que tem ampliado uma aliança que merece atenção.
E aí, pode dar Wenceslau. Se a turma não “burrar”.

...a pior

Não fora isso, na hipótese de ser afastado Azevedo da tentativa de reeleição, a situação pode emplacar um candidato que alimente o discurso “contra o PT”, que vem norteando as campanhas de 1996 para cá.
Nesse particular, a antipatia que vai se aprofundando no imaginário do eleitor itabunense contra o PTdoG torna-se o ingrediente básico para viabilizar tal candidatura, que pode representar, de início, um contingente eleitoral superior a 20%, considerando a existência daquele universo que não vota do PT de jeito nenhum e pode ser engrossado com os que muito menos votarão no PTdoG.

Momento

Geraldo Simões, leia-se, o PTdoG, está naquela situação de quem está no mato sem cachorro. Para ele, gato é cão em caçada de onça.

Já perdeu

Geraldo já perdeu a primeira batalha: a de fazer Juçara carismática.
Nesse quesito Azevedo dá de 10x0.

O dilema

Ter ou não ter Azevedo como adversário. Se Juçara tem Azevedo como adversário há o risco de perder a eleição. Se não tem, corre o risco de ver canalizada a aversão ao PTdoG. E perder a eleição!
Mas, o que transparece, Geraldo prefere Azevedo de fora. O que não evita Azevedo na campanha.

Outros tempos

Amigo deste escriba, defendendo a infausta condução do processo eleitoral como o faz Geraldo Simões, trouxe à baila o discurso que será mote dos petistas do PTdoB: Wenceslau repetirá Davidson de 1996. Ou seja, “laranja”.
Refutamos a sua análise, com um argumento elementar: as situações são inteiramente distintas.
O PCdoB sempre foi um partido disciplinado e pragmático, e nesse instante tem um projeto nacional que passa por não ser apenas coadjuvante.
Analistas remetem a reação à gulodice do PT. O PCdoB, onde é forte, não tem encontrado apoio do PT, como no caso de Fortaleza e Porto Alegre, onde pontuam à frente Inácio Arruda e Maria do Rosário sem que o petismo renuncie às suas candidaturas.

Duas unanimidades


No âmbito de comemorações estão aí, neste 2012, os 40 anos de “O Poderoso Chefão” e do “Quinteto Violado”.
O cinema tem na obra de Coppola o que entendemos como a mais perfeita trilogia, onde somente assistindo pelo menos os dois primeiros filmes o espectador domina o texto do livro de Mario Puzzo, estando o terceiro no plano de registrar mazelas mafiosas que envolvem o Vaticano e a especulação em torno da estranha morte de João Paulo I.
Na música brasileira o trabalho do Quinteto Violado é inigualável quando refaz a cultura nordestina ofertando estilo e característica significativamente peculiares, assegurando uma estética interpretativa em arranjos ímpares que marca o grupo.
Para a trilogia, a recomendação ao leitor para que seja (re)vista. Para o “Quinteto Violado”, estas duas páginas, que refletem o comentário acima: “Asa Branca”, com participação do próprio Gonzagão, e Vozes da Seca”.



Cantinho do ABC da Noite

cabocoJaneiro chegado, nova folhinha pendurada. Houve tempo em que o ABC da Noite era presenteado com uma daquelas mais destinadas às borracharias, estampando mulheres seminuas.
Ocorreu que um cliente, empolgado com a sorridente e provocante imagem feminina de uma delas, partiu para a proposta:
– Pôxa, Cabôco, que mulher a desta folhinha! Você quer me vender (a folhinha)?
– Você por acaso virou traça, pra comer papel?  

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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