domingo, 17 de março de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco mais além.
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Indefinido Francisco
Exalta-se a escolha do nome Francisco pelo então cardeal Bergoglio, no imediato da eleição que o tornou novo Papa. Louvam pela referência e homenagem a Francisco. Não está definido se de Assis ou Xavier. Um, O Santo dos Pobrezinhos; outro, da Ordem fundada por Ignácio de Loyola, nascida nos tempos em que as fogueiras contemporizavam com o barroco para gáudio dos que anunciavam a Fé.

A propósito de O Santo dos Pobrezinhos, como lançado no Brasil “Francesco, Giullare di Dio” (1950), de Roberto Rossellini, com roteiro de Fellini, exaltado pelo Vaticano, que o incluiu na lista de “O Melhor do Cinema Segundo o Vaticano”, em 1994, dentre os 15 filmes da categoria Religião (outras duas há, cada uma também com 15 filmes, Valores e Arte).

A iniciativa foi uma homenagem aos 100 anos do cinema.

Lamentável
Definitivamente configurado que o fenômeno da “governabilidade” no Brasil não passa por critérios que se reconheça como minimamente éticos. Afasta-se ali o político que enfrenta denúncias, acolhe-se aqui quem venha a ser indicado por ele. A governabilidade está refletida não no conjunto de forças que apóiam o governo em razão de seus projetos para a sociedade, mas para a manutenção deste ou daquele que alcançou no curso da “experiência política” um grupo de pressão para atendimento ao feudo individual.

O povo? Às calendas! Ou, como sempre, terá utilidade no instante que vai às urnas.

O mais recente affair entre governo e alguns partidos políticos não nos deixa mentir.

Interpretações
O anunciado salto no IDH, divulgado pelo PNUD, encontrou ressonância na grande imprensa mais pela tônica de que permanecemos no mesmo patamar de 85ª posição entre 187 países avaliados e menos na comparação entre dois períodos, compreendidos da década de 90 à primeira do século XXI, período no qual cresceu 24%.

No entanto, o próprio “Relatório do Desenvolvimento Humano 2013”, com destaque para “A Ascensão do Sul”, no capítulo 3, página 87, não deixa dúvida quando às políticas que representaram maior eficácia para o avanço, o que permite por em evidência os 8 anos de FHC e 6 de Lula (os dados se referem até 2009):

“(…) Em 2003, o Bolsa Escola foi alargado ao programa Bolsa Família por via da fusão de vários outros programas de transferências pecuniárias e não pecuniárias num único sistema de seleção sob uma administração simplificada. Em 2009, o programa Bolsa Família cobria mais de 12 milhões de famílias em todo o país, ou 97,3% da população visada. Estes programas também abriram perspectivas em termos de administração dos programas e de capacitação das mulheres, graças ao desenvolvimento de canais de distribuição inovadores, tais como cartões ATM para mães com baixos rendimentos que não possuíam contas bancárias. Isto traduziu-se numa queda substancial dos índices de pobreza e de pobreza extrema e numa redução da desigualdade (…)”.

Sem proselitismos a este ou aquele período, cabe ressaltar, em números, o que cada um deles materializou em relação à população desassistida: nos 8 anos de FHC 2,9 milhões de família foram contempladas com programas sociais, número que se elevou a 12 milhões entre 2003 e 2009. Este número seria muito melhor se os dados alcançassem 2012, questiona o Governo Federal través do ministro da Educação Aloísio Mercadante, pela razão de os dados que alimentam o PNUD referentes à educação ainda serem aqueles de 2005 e não os atuais.

Cabe ao leitor traduzir, sem demérito para este ou aquele período, quem materializa o grosso do salto de 24% no IDH brasileiro.  

Pirâmides
Essa coisa de pirâmide nem tão nova é. Mas, ainda que incautos se deixem envolver com promessas de riqueza rápida, não bastam as recentes denúncias envolvendo uma delas (TelexFrex) e já nos deparamos com outro ponto de riqueza, que começa por assegurar rendas em apenas dois dias.

Diferentemente da “profecia maia” não teremos o fim do mundo, mas a descoberta de novo mundo que pode assegurar ganhos superiores a 71 mil reais em apenas um mês.

Nada de novo no front II
O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, joga iscas para colher peixes que possam assegurar uma disputa eleitoral onde seja competitivo. Recentemente esteve às margens do Ipiranga em conversas com empresários paulistas.

Não sabemos se pescará peixes ligados à atual política econômica ou aqueles da tradicional família quatrocentona que estiveram ao lado do PSDB/José Serra/Alckmin.

Engrossa, à luz de fatos pretéritos não tão distantes, as atuações de Heloísa Helena (2006) e Marina Silva (2010), como anseiam os que pretendem dividir os votos que sustentariam a reeleição de Dilma Rousseff.

Como registramos: “Não à toa o lugar comum da sucessão de 2014 tende a se repetir, como em 2006 e 2010: embate frontal entre PT (com significativa vantagem) e PSDB sangrando na referência FHC (recolhendo os cacos das três últimas presidenciais) e uma força auxiliar que pode se concentrar em Marina Silva, caso – o que é lógico – Eduardo Campos não assuma a função ansiada (que anuncia, assumirá) por aqueles que pretendem fracionar as forças da situação”.

Futuro governador
ACM Neto consegue construir espaços de visibilidade e de ser um nome de consenso para governador da Bahia. O atual prefeito de Salvador marcou presença administrativa logo nos primeiros dias da administração. Não somente por assumir a sucessão de João Henrique.

Neste particular inúmeros prefeitos Bahia a fora encontraram circunstância semelhante e nem por isso conseguiram aproveitar a situação para consolidar a imagem própria. E não se diga que tal ocorreria pelo fato de administrar Salvador, espaço, sem dúvida, que oferta especial visibilidade. Algumas ações marcaram a presença do novo administrador no imaginário da população que o observava.

O atual périplo de lideranças em busca de ACM Neto consolida uma certeza: será, certamente, futuro governador da Bahia.

Não agora, que tem idade para tornar-se ainda mais a liderança que está faltando à Bahia, em tempos de democracia, que fazem muita gente lembrar do avô, em tempos de ditadura militar e democrática, quando reassumiu o controle de Ondina por mais dezesseis anos.

ACM Neto tem consciência de que uma reeleição para prefeito o tornará imbatível para governador ainda em 2018, se o desejar. Fará o sucessor soteropolitano e se tornará governador prometendo continuar o trabalho pelo município que administrou por seis anos. Como a maior liderança política da Bahia. Bajulado por muitos, como o avô. Sem o chicote na mão, no entanto. E muito menos adjetivado de “malvadeza”.

A idade, as circunstâncias e futuro trabalham em favor de ACM Neto.

Circunstâncias que estiveram a favor do PMDB de Waldir Pires e do PT de Jacques Wagner, o carioca que parece desconhecer o povo baiano. E está fazendo tudo, o que deve e o que não deve, para resgatar os antigos adversários.

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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

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